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Contra o crime

"Nós vamos reduzir os crimes no Guajuviras", avisa o novo comandante da BM em Canoas

Tenente-coronel Clovis Ivan Alves assumiu o 15º Batalhão da Polícia Militar (BPM) com a missão de reduzir os homicídios na cidade

Publicado em: 24/01/2024 às 12h:25 Última atualização: 24/01/2024 às 12h:27
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Canoas vive em 2024 uma extensão da violência observada ao longo de 2023. Os ataques a tiros e assassinatos têm se somado desde o início do ano. O saldo é de, pelo menos, um crime hediondo a cada três dias.

Tenente-coronel Clovis Ivan Alves assumiu a Brigada Militar (BM) em Canoas



Tenente-coronel Clovis Ivan Alves assumiu a Brigada Militar (BM) em Canoas

Foto: LEANDRO DOMINGOS/GES-ESPECIAL

Oriundo do 24º Batalhão da Polícia Militar (BPM) de Alvorada, o tenente-coronel Clovis Ivan Alves assumiu a Brigada Militar (BM) em Canoas com a missão de reduzir os indicadores criminais na cidade.

O oficial de 48 anos almeja garantir na cidade uma redução dos Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) que conseguiu alcançar durante o período no comando da BM em Alvorada.

Em entrevista, ele explica a estratégia operacional adotada com trabalho centrado nos bairros Guajuviras e Mathias Velho, que respondem pela maior incidência de casos de homicídio desde o ano passado. Confira:

DC – O Sr. chega a Canoas em um momento sensível para a segurança pública. Já esperava encontrar esse cenário?

Coronel Clovis – Canoas tem quase 350 mil habitantes. É a terceira economia do Estado. Tem os problemas comuns a qualquer grande cidade. Canoas teve um 2023 muito difícil. Foram muitos crimes. Acompanhei o trabalho do coronel Stein [André Luiz, ex-comandante da BM em Canoas]. Foi árduo e consistente. Conseguiu reduzir indicadores. Queremos reduzir mais o índice de CVLI [Crimes Violentos Letais Intencionais] e roubos.

DC – O Sr. conseguiu reduzir os indicadores criminais em Alvorada. Pretende usar a mesma metodologia de trabalho em Canoas?

Coronel Clovis – Nós temos hoje sistemas de análise criminal para trabalhar indicadores. Diariamente, fazemos uma análise dos crimes que estão acontecendo, onde estão acontecendo e a forma que estão acontecendo. Mapeamos e traçamos perímetros com ações específicas para atuar. Desenvolvemos ações planejadas. Então temos operações pontuais para dar mais visibilidade e ostensividade, garantindo mais sensação de segurança para a comunidade. Haverá mais barreiras e operação, com certeza.

DC – Imagino que o foco agora são os homicídios, certo?

Coronel Clovis – Sim, com certeza. Consegui uma redução significativa dos crimes em Alvorada justamente identificando lideranças e criminosos; agindo onde o crime acontece; criando o entendimento do próprio pessoal da importância de cada uma das ações executadas; além da parceria com a Polícia Civil em operações específicas. Já tivemos conversas com o delegado da DHPP [Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa] e começamos a planejar ações mirando a identificação e a prisão de criminosos.

DC – Por ter um perfil operacional, dá para imaginar que a população vai observar a Brigada Militar bastante presente nas comunidades?

Coronel Clovis – Sim, até o nosso pessoal do administrativo está na rua trabalhando. E o saldo tem sido muito positivo. Só no mês de janeiro a Brigada Militar de Canoas conseguiu apreender 20 armas, incluindo dois fuzis 556. Um deles foi apreendido no bairro Guajuviras e outro no Mathias Velho. Isso serve para ilustrar a capacidade ofensiva com que os criminosos estão armados hoje.

DC – Por falar em Guajuviras, imagino que o bairro esteja no centro do planejamento para reduzir os crimes, certo?

Coronel Clovis – Temos concentração tanto no bairro Guajuviras quanto no bairro Mathias Velho, mas há uma operação específica no Guajuviras. Na noite de segunda-feira, estávamos com 50 PMs concentrados no bairro. Traçamos um perímetro em torno do bairro para atuação das nossas forças. Trancamos ruas. Reunimos o Batalhão de Choque, o pessoal do Canil, os batalhões do 33º e 34º de Sapucaia do Sul e Esteio. Nosso pessoal estava dentro da Comtel, no Beco do Cris e no Setor 6. Em cima dos locais onde os crimes acontecem de modo a evitar novas mortes.

DC – Na semana passada, durante um ataque a tiros, uma menina de 6 anos acabou baleada na coxa. Preocupa que disparos sejam executados a esmo e sem se preocupar com inocentes, comandante?

Coronel Clovis – Qualquer crime contra uma criança traz grande tristeza não apenas à população, mas também para a Brigada Militar. Infelizmente aconteceu. O crime tinha como alvo alguém vinculado a uma organização criminosa e com vários antecedentes. Atingiram o indivíduo e a criança. O que existe hoje é uma total ausência do valor à vida. Tanto a vida de um policial quanto a de um trabalhador ou uma criança dá no mesmo para os criminosos. Só que a Brigada Militar está nas ruas, preparada para esse combate.

DC – A luta pelo poder entre facções criminosas está no centro da violência vista hoje e ontem em Canoas. Como resolver o problema?

Coronel Clovis – Canoas sofre com o mesmo problema que acontece em Porto Alegre, que é o racha das facções e disputas que acabam sendo cobradas entre elas. Há separação e o consequente conflito entre as organizações. O bairro Guajuviras hoje tem quatro facções criminosas lutando pelo poder. Isso é um problema, sim. Nossa missão hoje é devolver a sensação de segurança para a comunidade. Nós vamos reduzir os crimes no bairro Guajuviras. E precisa ficar claro que, na visão da Brigada, não existe essa coisa de facção. O que existem são bandidos. Enxergamos como um bloco de bandidos que estão minando a comunidade. Nossas ações não são pensadas pensando em facção X ou Y. Miramos os bandidos que estão naquela comunidade. É claro que precisamos entender o cenário para agir, então vamos identificar e prender criminosos. Não importa quem sejam.

DC – Os roubos e furtos de veículos também cresceram no ano passado. O Sr. tem uma estratégia contra os crimes?

Coronel Clovis – A gente análise das ocorrências e observa que há indivíduos que estão vindo de cidades como Porto Alegre e Alvorada para roubar em Canoas. Temos um trabalhado focados em locais onde se concentram o maior número de crimes. Fazendo a prevenção em um primeiro momento, para posteriormente fazer a identificação e a prisão de quem está roubando. O furto de veículos é um pouco mais complicado, porque é um crime que acontece no silêncio. A gente toma conhecimento horas após o crime. Acontece muito em torno do novo shopping, que é um local de grande concentração. Então a atuação via permanecer concentrada nos principais locais de incidência. Tudo com o apoio do setor de inteligência, que mapeia e garante dados precisos que podem levar à redução dos crimes.

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