O domingo (22) era só mais um dia de plantão para o comissário da Polícia Civil Renê Guimarães Junior, de 52 anos. Por volta das 9h15, como de costume, ele tomava café na manhã na conveniência de um posto de combustível que fica na Avenida das Hortênsias, no bairro Avenida Central. Guimarães só não imaginava que presenciaria uma grande tragédia: a queda de um avião que matou 10 pessoas. Todas da mesma família.
“Recém tinha terminado de comer. Estava sentado dentro da conveniência e perto do vidro. Então vi um clarão e uma explosão muito forte. Uma explosão forte mesmo”, relata. “Comecei a ver destroços vindo em direção ao posto e o pessoal correndo, e acertando as pessoas. Alguns sangrando na cabeça e fugindo”, completa.
Leia mais: QUEDA DE AVIÃO EM GRAMADO: Entenda porquê aeronave não tinha caixa-preta
Na sequência, o comissário conta que os vidros da conveniência começaram a estourar. “Estava aqui dentro e explodiu os vidros tudo”, lembra. Renê foi para rua, mas ele e as outras pessoas ainda não sabiam o que de fato tinha acontecido. “Pessoal comentou que poderia ser um raio que teria caído no posto ou na pousada que tem do lado”, diz ele sobre os primeiros momentos, sem saber que um avião bimotor havia caído no local.
Chovia e tinha muita neblina no momento do fato. Guimarães relata que viu muita gente machucada e assustada, inclusive crianças. Também havia muitos destroços, que inicialmente não tinha como identificar do que eram. O instinto do comissário foi ajudar as pessoas e orientá-las, tendo em vista que “havia um forte cheiro de querosene”.
Uma das cenas mais impactantes para ele foi uma mulher com roupas em chamas. “Estava indo em direção a essa senhora, então o pessoal também foi e começou a apagar o fogo dessa senhora, da roupa dela”, conta. A mulher foi socorrida pelo Samu que chegou em seguida.
Guimarães foi de carro até a Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA) de Gramado e buscou um colega que também estava de plantão para ajudar a isolar o local e a orientar as pessoas até a chegada da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros. “Tinham pessoas que queriam entrar na pousada novamente e a gente pedia para sair”, lembra.
Veja também: Aviões se chocam no ar em Gramado: relembre o acidente que matou nove pessoas em 1995
“O medo era grande, a gente não sabia o que estava acontecendo”, afirma. Só depois que os Bombeiros começaram a conter as chamas que chegaram informações sobre a queda do avião. “Comecei a verificar no posto de gasolina e realmente aqueles destroços que tinham voado e acertado pessoas do posto, e que a explosão que quebrou os vidros, eram os destroços do avião”, relata.
Completando 30 anos na Polícia Civil e há cerca de cinco meses de se aposentar, Guimarães descreve o cenário como “de guerra” e salienta que nunca presenciou algo parecido antes. “Passar por esse susto, sinceramente, nessa minha carreira, já passei por momentos e mais momentos, mas desse fato presencial nunca tinha visto”, destaca.
LEIA TAMBÉM