GOIÂNIA

'Não adianta chorar em cima do sangue dele': Ameaças, mentira e mais; entenda o caso do envenenamento de mãe e filho em Goiás

Advogada suspeita pelo crime foi presa na noite de quarta-feira

Publicado em: 21/12/2023 13:27
Última atualização: 21/12/2023 13:27

Foi presa na noite de quarta-feira (20) a advogada Amanda Partata Mortoza, de 31 anos, suspeita de envenenar e assassinar Leonardo Pereira Alves, 58, e a mãe dele, Luzia Tereza Alves, de 86 – que o pai e a avó do seu ex-namorado. O crime aconteceu no café da manhã de domingo (17), em Goiânia, quando a suspeita também teria consumido os alimentos e passado mal.

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Advogada é suspeita de matar pai e avó do ex Foto: Reprodução/Instagram

Mãe e filho foram internados com dores abdominais, vômitos e diarreia, e morreram ainda no mesmo dia. Ainda não há exame laboratorial ou perícia que indique a presença de veneno na comida ou nos organismos dos três. As informações são do Estadão

A Polícia descartou que fosse intoxicação alimentar causada por produtos de uma doceria de Goiânia, onde a advogada comprou os alimentos. O delegado responsável pela investigação, Carlos Alfama, diz que o crime pode ter sido motivado por um “sentimento de rejeição” pelo fim do relacionamento com Leonardo Filho. A relação entre o casal durou cerca de 45 dias, e acabou em 10 de agosto. Uma semana depois do término, Amanda informou à família do ex sobre uma gestação, mas, segundo o delegado, a advogada não estava grávida. 

Ameaçava por perfil falso

Leonardo Filho tem recebido ameaças diárias por perfis falsos em redes sociais, ligações telefônicas e mensagens desde o dia 27 de julho. De acordo com Alfama, essas ameaças já eram investigadas pela Polícia, que concluiu que elas partiram de perfis falsos criados por Amanda.

Uma tecnologia era usada para mascarar o número original do celular que ligava e mandava mensagens. Este número de celular original está registrado no nome do irmão da Amanda e o número para recuperação de senha era o de Amanda, afirma o delegado. Leonardo Filho chegou a bloquear 100 números de telefone.

Além de Leonardo, a família era ameaçada. “Uma das ameaças dizia: depois não adianta chorar em cima do sangue dele”, relata Alfama. Segundo ele, a boa relação com a família era falsa. Amanda se negou a passar a senha do celular, que será periciado. 

Amanda, que estava hospedada em um hotel em Goiânia, foi a uma padaria comprar os alimentos que levou para o café, voltado ao hotel, e depois foi à casa da família do ex, por volta das 10 horas de domingo, onde ficou até as 13 horas.

Estavam à mesa Amanda, Leonardo Alves, a mãe dele, Luzia Tereza Alves, e o pai dele, que a polícia identificou como João. O idoso ainda não deu depoimento, mas a polícia foi informada que ele não consumiu nada no café. Antes mesmo de Amanda ir embora, o ex-sogro começou a passar mal.

Amanda voltou para Itumbiara, cidade onda mora, logo que saiu da casa do antigo namorado e, no caminho, recebeu mensagem do ex-sogro, na qual ele a orientava a buscar atendimento médico porque ele suspeitava que a comida estava estragada. A primeira suspeita da família foi intoxicação alimentar. Amanda só foi ao hospital à
meia-noite, após saber da morte do ex-sogro.

A polícia logo descartou essa possibilidade porque, diz o delegado, a intoxicação ou infecção alimentar ocorre de forma diferente em cada pessoa e o ex-sogro e a idosa tiveram a mesma evolução. Além disso, o período entre o consumo do alimento e a morte seria mais longo.

Leonardo começou a passar mal por volta das 13h e morreu à noite. Já mãe dele chegou a ser internada na UTI, e morreu de madrugada. Os exames para comprovar a presença de veneno nos produtos consumidos no café e a necropsia dos corpos ainda estão em andamento.

Amanda foi presa em uma clínica psiquiátrica em Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da capital. Segundo o delegado, ela teria sido internada pela família por volta do meio-dia dessa quarta, depois de ter tentado se matar com medicamento e acetona.

O delegado investiga supostos outros crimes praticados por Amanda em Itumbiara e nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco. Agora ela é investigada por duplo homicídio qualificado.

Suspeita nega crime

Ao ser presa, a advogada, que se apresenta nas redes sociais como psicóloga e terapeuta cognitiva, afirmou não ter “feito isso” e que “amava a família”. Segundo a polícia, ela chegou a mostrar exames de gravidez à família do ex-namorado, mas no momento ela não espera um filho.

Ainda na noite de quarta, o advogado da suspeita, Carlos Marcio Macedo negou, em entrevista à imprensa, participação da cliente nas mortes. Ele disse ainda que Amanda estava internada em um hospital na hora da prisão.

Procurada novamente pelo Estadão, a defesa de Amanda disse que só vai se manifestar após a audiência de custódia, prevista para a tarde desta quinta.

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