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NEGLIGÊNCIA

MP denuncia médico por homicídio em caso de mulher que teve gaze esquecida no corpo durante o parto no hospital de Parobé

Mariane Rosa da Silva Aita, de 39 anos, passou por uma cesárea e começou a sentir dores após receber alta

Kassiane Michel
Publicado em: 24/07/2024 às 18h:13 Última atualização: 25/07/2024 às 06h:46
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A morte de uma mulher no hospital de Parobé levou o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) a denunciar um médico que atuava na casa de saúde.

Joaquim Dellamora Mello, que era obstetra no Hospital Francisco de Assis, foi o responsável pela cesária de Mariane Rosa da Silva Aita, de 39 anos. A mulher deu à luz uma menina no dia 12 de junho de 2023. Após a alta hospitalar, ela começou a sentir dores no abdômen.

Cesárea ocorreu no Hospital São Francisco de Assis | abc+



Cesárea ocorreu no Hospital São Francisco de Assis

Foto: Kassiane Michel/GES-Especial

De acordo com a família de Mariane, no dia 14 de agosto de 2023, a mulher, que havia se mudado para Novo Hamburgo, foi levada a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade, no bairro Canudos. Parentes afirmam que um exame de ultrassom constatou um corpo estranho apontado como gaze na parte de baixo esquerda do abdômen dela.

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Ela foi transferida para o hospital de Parobé, onde passou por duas cirurgias e chegou a ser encaminhada para a unidade de terapia intensiva (UTI), mas morreu no dia 23 de agosto. O caso causou grande comoção na região.

Ela deixou o marido, a bebê – atualmente com 1 ano – e outros cinco filhos.

Investigação

Em novembro, a Polícia Civil indiciou o médico por homicídio culposo e enviou a denúncia ao MP no dia 1º daquele mês. O corpo da vítima chegou a passar por necropsia e, durante a investigação, a Polícia encontrou indícios de negligência na conduta do médico.

Nesta quarta-feira (24), o MP denunciou o obstetra por homicídio culposo. A partir de agora, o caso irá para a Justiça. Caso o judiciário aceite a denúncia, ele se tornará réu.

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Conforme a denúncia da promotora de Justiça Sabrina Cabrera Batista Botelho, a denúncia de homicídio é por considerar um “comportamento extremamente reprovável, incompatível com o propósito da medicina e danoso à coletividade”. Ela requereu medida cautelar de suspensão do exercício da atividade cirúrgica pelo denunciado. Além disso, em caso de deferimento, que sejam comunicados o Conselho Regional de Medicina (Cremers) e o hospital de Parobé.

A promotora também denunciou o obstetra por falsidade ideológica: “no exercício da medicina, omitiu, em documento público, declaração que dele devia constar, com o fim de alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante”.

Segundo ela, este fato ocorreu no dia 15 de agosto, após o profissional omitir no prontuário médico da paciente, em nova cirurgia, a localização e a retirada da gaze do corpo de Mariane. A causa da morte foi sepse abdominal, causada por infecção, e insuficiência renal aguda. Sabrina Botelho ainda destaca que, em favor dos sucessores da vítima, seja fixado valor para reparação de danos.

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A reportagem não conseguiu contato com a defesa do médico. O espaço segue aberto para manifestação.

Médico foi afastado do hospital

No dia 25 de agosto, dois dias após o óbito, o hospital afastou o médico. Nesta quarta-feira, a Associação Beneficente de Parobé confirmou à reportagem que o obstetra não faz mais parte do quadro de funcionários desde o ano passado.

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