PAROBÉ

MP apura conduta de brigadianos em abordagem que terminou em morte de jovem em surto de esquizofrenia

Arildo da Silva, de 22 anos, foi atingido no peito em casa e morreu no hospital em dezembro do ano passado

Publicado em: 04/03/2024 18:37
Última atualização: 04/03/2024 18:37

O caso do jovem de 22 anos morto durante abordagem da Brigada Militar em Parobé segue em investigação, dessa vez pelo Ministério Público. A Polícia Civil concluiu o inquérito no fim de janeiro. O caso aconteceu no dia 16 de dezembro do ano passado, após o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e BM serem acionados porque Arildo da Silva estava em surto – ele era diagnosticado com esquizofrenia e bipolaridade, segundo familiares.


Arildo da Silva, de 22 anos, foi atingido no tórax e morreu no hospital Foto: Arquivo pessoal

Após tentativas de abordagens, inclusive com uso de arma de choque (modelo spark), que não teria surtido efeito em Arildo, um dos policiais efetuou dois disparos de arma de fogo. Uma bala atravessou a porta da residência e ficou alojada no sofá da sala da casa onde o jovem residia com os pais no bairro Vila Jardim. A outra atingiu o tórax da vítima que foi levada para o Hospital São Francisco de Assis, onde morreu.

“Não houve o indiciamento do suspeito, eis que houve elementos suficientes para caracterização da legítima defesa”, afirma o delegado Francisco Leitão, titular da Delegacia de Polícia de Parobé.

O MP confirma que recebeu o inquérito policial sem indiciamento no dia 31 de janeiro. Na última sexta-feira (1º), o órgão afirmou que o caso está para análise e que a promotoria pedirá mais diligências, investigações, documentos e ouvirá mais pessoas para decidir se oferece denúncia à Justiça ou não.

De acordo com o MP, não há prazo definido para conclusão da apuração, mas a estimativa é de pelo menos 15 dias. Na época do fato, a Brigada Militar informou que instaurou um Inquérito Policial Militar para apurar a conduta dos brigadianos durante a ocorrência. A reportagem entrou em contato com a BM para saber a conclusão da investigação, porém até a atualização mais recente dessa matéria não teve retorno.

Versões do fato

A família do jovem pede por justiça e por esclarecimentos sobre a conduta dos policiais. De acordo com eles, a BM e o Samu já haviam auxiliado em outras ocasiões em Arildo teve surtos e precisou ser internado. Inclusive, um dos policiais que estava na ação já teria ido à residência da família em pelo menos outras duas vezes em que a vítima estava em surto.

No entanto, diferente das vezes passadas o jovem não estava aceitando ser internado. Ele segurava um facão e não permitia que ninguém chegasse perto. Porém, de acordo com os familiares após ser atingido pelo disparo de choque, Arildo teria recuado e corrido do portão para dentro da casa.

Um mês após, bala do primeiro disparo que atravessou porta segue alojada no sofá da famíliaUbiratan Júnior/GES-Especial

Conforme o relato da família, todos estavam do lado de fora do pátio, incluindo os socorristas e os brigadianos. Sendo assim, o jovem em surto não poderia ferir ninguém com a arma branca. Porém, um dos policiais entrou no pátio e efetuou os disparos a poucos metros de Arildo. Para os parentes da vítima, faltou preparo dos policiais e tentativa de diálogo.

Na época, em nota, a BM disse que foi acionada para atender uma ocorrência de violência doméstica entre pai e filho e que Arildo estaria “armado com um facão ameaçando seu genitor”. O documento ainda diz que a vítima teria desobedecido a ordem dos policiais para largar o objeto cortante e por isso os brigadianos usaram a arma de choque. A própria BM confirma que essa ação não surtiu efeito em Arildo. Sem detalhar na nota, a polícia afirma que, na sequência, o policial fez uso de arma de fogo.

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