IGREJINHA
MORTE DE GÊMEAS: Novos detalhes sobre o caso são revelados; mãe pesquisou veneno no Google
Gisele Beatriz Dias está presa preventivamente desde a morte da segunda filha, que aconteceu em 15 de outubro do ano passado
Última atualização: 16/01/2025 10:08
Novos detalhes sobre a investigação das mortes das gêmeas Manuela e Antônia Pereira, de 6 anos, em Igrejinha, foram revelados pela Polícia Civil. As meninas morreram em um intervalo de oito dias, entre 7 e 15 de outubro do ano passado. Acredita-se que elas tenham sido envenenadas pela mãe, Gisele Beatriz Dias, mas os resultados das análises do Instituto-Geral de Perícias (IGP) ainda não foram conclusivos sobre a causa dos óbitos. O inquérito policial, que indiciou a mãe pelos crimes, foi concluído em dezembro.
ENTRE NA COMUNIDADE DO ABCMAIS NO WHATSAPP
Foi revelado nesta semana que a mãe das gêmeas foi indiciada por feminicídio. Isso porque, segundo a Polícia, a mãe não demonstrava afeto quanto às filhas, apenas pelo filho mais velho, que morreu em 2022. Gisele ainda tinha ciúmes do pai em relação às meninas. Desta forma, o delegado entendeu que o crime tinha motivação e se enquadrava em femicídio.
LEIA TAMBÉM: BOLHA DE CALOR: Com termômetros nas alturas, aumenta o risco de tempestades com vento e granizo no RS
O inquérito da Polícia tem quase 2 mil páginas e foi enviado à Justiça no dia 10 de dezembro de 2024. Agora, o documento é analisado pelo Ministério Público do Estado, que ainda não aceitou a denúncia contra a mulher. Caso a denúncia seja aceita pela Justiça, Gisele se tornará ré em um processo.
Gisele está presa preventivamente desde outubro na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba.
Pesquisa sobre veneno
Conforme apuração da Polícia, Gisele fez pesquisas no Google sobre venenos que pudessem matar humanos meses antes das mortes. "Foi extraído do histórico de pesquisas dela junto ao Google", diz o delegado Ivanir Luiz Moschen Caliari. O veneno pesquisado teria sido de ratos.
O que diz a defesa
A defesa de Gisele, representada pelo advogado José Paulo Schneider, diz que não há "provas materiais do envenenamento".
Quanto às pesquisas feitas no Google, Schneider alega que não provam o envolvimento de Gisele no crime. "Primeiro, porque não há a comprovação técnica de que as meninas foram envenenadas. Então, estamos buscando pesquisas, sem sequer saber se houve de fato o envenenamento. Se ficar provado que não houve, estas pesquisas passam a ser irrelevantes. Segundo, porque a autoridade policial não demonstrou quem efetivamente as realizou. Lembra-se que, à época, Gisele estava em tratamento psiquiátrico e, por passar boa parte do dia medicada, o seu então companheiro tinha acesso irrestrito ao seu celular", afirma.
O que já se sabe sobre o caso das gêmeas
No dia 7 de outubro, Manuela Pereira foi levada já sem vida ao Hospital Bom Pastor. No dia 15 de outubro, sua irmã morreu de forma semelhante. Assim, o que parecia uma fatalidade, se transformou em um complexo caso de polícia. A mãe foi presa da data da morte da segunda menina.
O pai das gêmeas, Michel Percival Pereira, de 43 anos, prestou mais de um depoimento na Delegacia de Igrejinha. Ele segue não é investigado. Conforme a Polícia, não há indício de que o pai pudesse ter participado do crime, pois não estava em casa no momento de nenhuma das duas mortes.
Relatos de conduta "perversa" em relação às filhas
Gisele ficou internada na ala psiquiátrica do Hospital Bom Pastor em setembro e recebeu alta cerca de uma semana antes da morte de Manuela. Após as mortes das gêmeas, a Polícia ouviu servidores da casa de saúde, que relataram que a mulher tinha uma conduta "perversa" em relação às crianças.
"Somente demonstrava emoção e interesse em relação ao filho já falecido, demonstrando indiferença no que diz respeito às filhas, principalmente às meninas que conviviam com ela", disse o delegado em um vídeo divulgado no dia 18 de outubro.
Indícios de que a mãe teve envolvimento com as mortes
Para a Polícia Civil, há indícios de que Gisele tenha matado as filhas. Entre eles estão a morte de três gatos que pertenciam às gêmeas. De acordo com a Polícia, três meses antes das mortes, os animais apareceram mortos misteriosamente no interior da casa da família. A suspeita é de que tenham sido envenenados, pois não saíam para a rua. Para o delegado, o envenenamento dos bichos pode ter sido "um teste para uma posterior intoxicação junto às meninas".
A filha mais velha do casal disse à Polícia que não tinha boa relação com os pais, mas que Michel era afetuoso com as meninas. A Polícia também ouviu testemunhas que disseram que o casal discutia com frequência por ciúmes da mãe em razão da boa relação do pai com as filhas.
O pai de Gisele, Manoel Dias, 65 anos, alega que a filha é inocente. "Ela tinha muito amor pelas filhas e dava muito carinho a elas", declarou à reportagem do ABCmais em outubro do ano passado.
Idas e vindas do casal
O casal, entre diversas idas e vindas, tinha um relacionamento de mais de 20 anos. Michel é natural de Igrejinha e Gisele, de Taquara. Os dois se mudaram para Santa Maria, cidade onde as gêmeas nasceram. Eles tiveram quatro filhos. O mais velho, Michel Percival Pereira Júnior, foi assassinado dentro de casa com tiros à queima-roupa em novembro de 2022. A única filha viva é a jovem que ainda mora na região central do Estado.