IGREJINHA

MORTE DE GÊMEAS: Morte da segunda irmã completa um mês; veja o que já se sabe sobre o caso

Manuela e Antônia Pereira, de 6 anos, morreram em um intervalo de 8 dias, entre os dias 7 e 15 de outubro, em Igrejinha

Publicado em: 15/11/2024 15:18
Última atualização: 15/11/2024 15:19

O caso das gêmeas, de 6 anos, que morreram em um intervalo de oito dias em Igrejinha segue em investigação. A morte da segunda menina completa um mês nesta sexta-feira (15). Ainda há muitas perguntas sem respostas, mas a principal é: o que causou a morte das crianças?


Gêmeas Manuela e Antônia Pereira, de 6 anos Foto: Reprodução/Facebook

No dia 7 de outubro, Manuela Pereira foi levada já sem vida ao Hospital Bom Pastor. No dia 15 de outubro, sua irmã morreu de forma semelhante. Assim, o que parecia uma fatalidade, se transformou em um complexo caso de polícia.

A causa das mortes das gêmeas Manuela e Antônia, ainda é desconhecida, pois depende da divulgação dos laudos do Instituto-Geral de Perícias (IGP). A principal hipótese para a Polícia é que as meninas tenham sido envenenadas pela mãe, que está presa.

No início desta semana, o corpo de manuela passou por exumação. O delegado Ivanir Luiz Moschen Caliari, titular da delegacia de Igrejinha, afirma que após autorização judicial, foi feito o procedimento. O corpo foi exumado com o objetivo de "subsidiar o trabalho da perícia laboratorial".

Também nesta semana, o mandado de prisão temporária contra a mãe foi prorrogado pela Justiça. Assim, ela seguirá presa por mais 30 dias, período necessário para que a investigação prossiga. 

A mãe, presa no dia 15 de outubro, estava na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba. No último dia 21, ela foi levada para o Centro de Custódia Hospitalar de Charqueadas. O motivo da transferência não foi divulgado pela Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). 

O pai das gêmeas, Michel Percival Pereira, de 43 anos, prestou mais de um depoimento na Delegacia de Igrejinha. Ele segue como testemunha e não é investigado. Conforme o delegado, não há indício de que o pai pudesse ter participado do suposto crime, pois não estava em casa no momento de nenhuma das duas mortes.

O que diz a defesa

Em nota enviada à reportagem no fim da tarde de quinta-feira (14), a defesa de Gisele Beatriz Dias afirma que "a hipótese de assassinato não foi confirmada".

O advogado João Paulo Schneider defende que "a liberdade da investigada em nada atrapalharia as investigações, que dependem de análises e laudos técnicos, sobre os quais a investigada não teria qualquer influência". 

Relatos de conduta "perversa" em relação às filhas

Gisele ficou internada na ala psiquiátrica do Hospital Bom Pastor em setembro e recebeu alta cerca de uma semana antes da morte de Manuela, que aconteceu no dia 7 de outubro. Após a morte das gêmeas, a Polícia ouviu servidores da casa de saúde, que relataram que a mulher tinha uma conduta "perversa" em relação às crianças.

"Somente demonstrava emoção e interesse em relação ao filho já falecido, demonstrando indiferença no que diz respeito às filhas, principalmente às meninas que conviviam com ela", disse o delegado em um vídeo divulgado no dia 18 de outubro.

Indícios de que a mãe teve envolvimento com as mortes

Para a Polícia Civil, há indícios de que Gisele tenha cometido os homicídios. Entre eles estão a morte de três gatos que pertenciam às gêmeas. De acordo com a Polícia, três meses antes das mortes, os animais apareceram mortos misteriosamente no interior da casa da família.

A suspeita é de que tenham sido envenenados, pois não saíam para a rua. Para o delegado, o envenenamento dos bichos pode ter sido "um teste para uma posterior intoxicação junto às meninas".


Delegacia de Polícia de Igrejinha Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

A filha mais velha, de 19 anos, disse à Polícia que não tinha boa relação com os pais, mas que Michel era afetuoso com as meninas. Já quanto à Gisele, a jovem disse que acredita que ela possa ter cometido o crime.

A Polícia também ouviu testemunhas que disseram que o casal discutia com frequência. "Por ciúmes da mãe em razão da boa relação do pai com as filhas", diz Caliari.

O pai de Gisele, Manoel Dias, 65 anos, alega que a filha é inocente. "Ela tinha muito amor pelas filhas e dava muito carinho a elas", declarou à reportagem do ABCmais no mês passado. 

Idas e vindas do casal

O casal, entre diversas idas e vindas, tem um relacionamento de mais de 20 anos. Michel é natural de Igrejinha e Gisele, de Taquara. Os dois se mudaram para Santa Maria, cidade onde as gêmeas nasceram. Eles tiveram quatro filhos. O mais velho, Michel Percival Pereira Júnior, foi assassinado dentro de casa com tiros à queima-roupa em novembro de 2022. A única filha viva é a jovem de 19 anos, que ainda mora em Santa Maria.

Nos últimos três anos, as meninas residiram em quatro cidades. Em Santa Maria, Xangri-lá, Taquara e Igrejinha. Elas passaram por atendimento no Conselho Tutelar.

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Em nota, o Conselho Tutelar de Xangri-lá afirma que fez um atendimento em 17 de dezembro de 2021 e entrou em contato com a avó materna, que morava em Taquara. Desta forma, os avós buscaram a adolescente e as gêmeas.

"Deixamos claro que a denúncia da época era somente sobre a irmã mais velha das infantes e não sobre elas", afirma no comunicado. 

O Conselho Tutelar de Taquara confirma que as meninas vieram através de Xangri-lá, devido à denúncia de uma suposta agressão do pai contra a filha adolescente. Na sequência, os pais teriam se separado e a mãe e as filhas foram para Santa Maria.

"Meses depois o CT [Conselho Tutelar] de Santa Maria fez contato conosco para saber se havia familiares aqui em Taquara, pois a mãe havia se envolvido em uma situação na cidade. Logo, os avós maternos acolheram as netas aqui em Taquara." 

Durante o tempo que elas permaneceram com os avós, os conselheiros realizaram visitas e elas estavam bem. Posteriormente, o pai conseguiu a guarda. O período em que os fatos aconteceram não foram informados.

O Conselho de Taquara diz, ainda, que "alguns meses depois a mãe retornou para Taquara e fez uma denúncia de uma suspeita de abuso por parte do pai com as gêmeas na DP de Igrejinha". A Polícia Civil recebeu a denúncia em 2023. A mulher confessou que fez essa denúncia com o intuito de ficar com a guarda das filhas.

Já o Conselho Tutelar de Santa Maria esclarece que o atendimento às crianças Antônia e Manuela foi prestado de forma pontual no ano de 2022. "Após o acolhimento inicial, as crianças foram transferidas judicialmente para o município de Taquara, onde o caso seguiu sob responsabilidade das autoridades locais."

Em Igrejinha, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Comudica) informou no dia 17 de outubro que foi instaurada uma comissão especial para apurar questões relacionadas a morte das gêmeas Manuela e Antônia Pereira, de 6 anos.

Conforme a nota, o comitê pretende acompanhar e analisar a atuação da rede de atendimento da cidade "visando identificar se houve falhas na prestação de serviços e na proteção das infantes nas diversas frentes de atuação".

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