Desde a quarta-feira da semana anterior (17), Gisele Beatriz Dias, de 42 anos, estava na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba. No entanto, a mulher, presa por suspeita de envolvimento na morte das filhas gêmeas, Manuela e Antônia Pereira, 6, que faleceram em um intervalo de oito dias, foi levada para o Centro de Custódia Hospitalar de Charqueadas na segunda-feira (21), precisamente uma semana após a confirmação do óbito da segunda menina.
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O motivo, no entanto, não é revelado pela Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).
Nesta terça (22), a reportagem do ABCmais noticiou que o pai das crianças, Michel Persival Pereira, 43, contratou um advogado. O homem não é investigado no caso até o momento, apontado inclusive como testemunha e ouvido na sexta (18).
Em nota, o advogado Fábio Fischer, que representa Pereira, disse em nota que “a família aguarda a finalização das investigações e o aporte das provas periciais” e que “o pai pontua que não questiona nesse momento a atuação dos órgãos públicos, pedindo por respeito e consideração para com os familiares nesse trágico momento”.
O caso
As irmãs morreram com um intervalo de oito dias em Igrejinha. Gisele está presa desde o último dia 15, data da morte de Antônia. O juiz da 1ª Vara Judicial de Igrejinha, Diogo Bononi Freitas, decretou a prisão temporária da investigada. A prisão tem validade de 30 dias, ou seja, até a metade de novembro, quando poderá ser prorrogada por mais um mês.
A Defensoria Pública atuou na audiência de custódia. Caso ela não constitua advogado particular, a Defensoria Pública seguirá atuando no caso, mas irá se manifestar apenas nos autos do processo, que encontra-se em sigilo.
Além da prisão de Gisele, a Justiça determinou que o Hospital Bom Pastor forneça à Polícia todos os documentos médicos relativos à mãe das meninas. A mulher esteve internada na ala psiquiátrica da casa de saúde em setembro. Ela ficou cerca de 15 dias. Após a morte das gêmeas, a investigação policial ouviu funcionários da instituição, que relataram que a suspeita falava que iria machucar as filhas.
Suspeita de envenenamento
Há suspeita de que a causa da morte das gêmeas tenha sido envenenamento, segundo a Polícia Civil. “A hipótese principal é intoxicação externa, que pode ser medicamentos ou até veneno”, declara o delegado Cleber Lima, delegado porta-voz da investigação.
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O pai das meninas foi ouvido na delegacia e liberado. De acordo com o delegado, não há indício de que ele pudesse ter participado do suposto crime. “É descartado, pois [o pai] não estava em casa”, diz Lima sobre o momento das mortes. O homem teria chegado em casa e já encontrado a filha desacordada na última terça-feira. Assim como na morte da primeira menina.
O delegado destaca que já colheu depoimento de familiares e médicos, que dão conta de que a mãe “estava em surto”.
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A confirmação da causa das mortes das gêmeas depende de perícia. Os corpos das duas meninas foram encaminhados para necropsia. A Polícia aguarda laudos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) que confirmará a causa das mortes. Procurado pela reportagem, o IGP afirmou que ainda não há previsão de liberação e que trabalha para finalizar todas as análises solicitadas.
O Ministério Público (MPRS) também afirma que o caso ainda é apurado e que “acompanha atentamente as investigações, aguardando os laudos periciais e demais atos e apurações para poder se manifestar”.
Meninas enterradas em Igrejinha
O corpo de Antônia foi velado e enterrado na manhã desta quinta-feira (17) em Igrejinha. A morte da criança, que aconteceu dias depois do falecimento da irmã gêmea, ainda é investigada pela Polícia Civil.
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Antônia morreu na manhã de terça, após apresentar, segundo o Corpo de Bombeiros, sintomas parecidos com os que a irmã, Manuela, teve antes de morrer, no dia 7 de outubro. Ambas teriam tido parada cardiorrespiratória.
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O corpo da menina foi liberado pelo IGP por volta das 16 horas da última quarta (16). Manuela foi sepultada no mesmo local na semana anterior.
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*Com informações de Kassiane Michel