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Homicídio no trânsito

Médico é solto um dia após atropelamento com morte de idosa na RS-239

Na audiência de custódia, agora à noite, juiz determinou uso de tornozeleira eletrônica

Publicado em: 25/09/2024 às 23h:04
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O médico Saulo Moisés Lopes Martins, 59 anos, preso na manhã desta terça-feira (24) após atropelamento com morte e fuga na RS-239, em Sapiranga, foi solto na audiência de custódia, na noite desta quarta (26). A decisão saiu poucas horas após o enterro da vítima, a aposentada Anna Gonchoroski, 66.

Mitsubishi ficou com vestígios do atropelamento | abc+



Mitsubishi ficou com vestígios do atropelamento

Foto: Polícia Civil

O clínico geral nem precisou de advogado para conseguir a soltura, no Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (Nugesp), em Porto Alegre. A liberdade foi pedida pelo Ministério Público e acolhida pelo juiz Marcos La Porta da Silva. “Inexistência dos requisitos legais previstos para a manutenção da prisão” foi o principal argumento da Promotoria.

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“Por força do disposto na lei processual penal, em se tratando, em tese, de crime culposo e custodiado primário, não se mostra possível a manutenção da prisão, apesar da consequência extremamente negativa do fato delitivo e da reprovabilidade do fato e de todas as circunstâncias constantes no presente feito”, decidiu o magistrado.

O juiz observou ainda que foi feito o teste do etilômetro, que apontou resultado negativo para a presença de álcool, e que também não foram coletados indícios de que dirigia em velocidade incompatível. “Elementos que, caso estivessem presentes, poderiam conduzir à conclusão da presença de figura dolosa na modalidade eventual e, então, autorizar a aplicação da medida prisional.”

Medidas cautelares

Por outro lado, o juiz homologou a prisão em flagrante pelos crimes de homicídio culposo na direção do veículo automotor, fuga do local do acidente e omissão de socorro. Também determinou medidas cautelares, “uma vez que o investigado, ao que se observa dos elementos apresentados até o momento, deixou de prestar socorro à vítima ou, então, de permanecer no local para facilitar sua identificação”.

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As medidas são comparecimento mensal em juízo para justificar as atividades; suspensão da CNH ou proibição de obtê-la pelo prazo de um ano a contar da data da audiência e monitoramento eletrônico com recolhimento domiciliar noturno das 21 às 6 horas. 

Acusado disse que não parou porque viu que a vítima já estava morta

Doutor Saulo, como é conhecido, atropelou Anna por volta das 7 horas de terça, não parou para prestar socorro e foi trabalhar. Deixou o carro, um Mitsubishi ASX, todo amassado na parte dianteira na frente de um posto de saúde no bairro Jardim, em Parobé. Pegou carona com um colega até outra unidade de atendimento, no bairro Vila Nova, onde foi preso em flagrante dentro do consultório, por volta das 11 horas.

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“Após primeiramente negar, ele confessou que havia atropelado uma mulher na RS-239 e evadido do local. Alegou que não parou porque viu que a vítima já estava morta”, declarou o delegado Rafael Sauthier, que indiciou o médico pelos três delitos homologados pelo juiz. Saulo tinha cometido crime parecido na noite de 1 de janeiro de 2017 na BR-116, em Esteio, quando atropelou um morador de rua, que também morreu no local, e não parou para socorrer.

Doutor Saulo | abc+



Doutor Saulo

Foto: reprodução

Natural de Porto Alegre e atualmente morador de Canoas, o médico fez carreira política na cidade de Butiá, na região carbonífera. Foi candidato a prefeito pelo PSDB em 2012 e a vereador pelo PP em 2020. O nome na urna: Doutor Saulo. Nunca foi eleito, mas sempre participou ativamente da política, por diferentes partidos, agora também na região metropolitana e vales do Paranhana e Sinos. A defesa não foi localizada pela reportagem.

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