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LEVANTAMENTO

Média é de uma criança abusada por dia nos primeiros 6 meses de 2024 em Canoas

Apontamento da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) serve de alerta; 100% dos crimes surgiram em seio familiar

Publicado em: 18/07/2024 às 13h:33 Última atualização: 18/07/2024 às 16h:24
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O abuso sexual de crianças e adolescentes é geralmente cometido por uma pessoa ligada ao seio familiar da vítima, como um parente ou mesmo um amigo, aponta a Polícia Civil em um novo alerta contra os crimes.

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O delegado Maurício Barison responde pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Canoas



O delegado Maurício Barison responde pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Canoas

Foto: Paulo Pires/GES

O apontamento partiu de um levantamento da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Canoas, indicando que todas as denúncias de abusos que surgiram em 2024 são de crimes que aconteceram na casa das vítimas.

Canoas registrou a média de 30 denúncias de abuso sexual contra criança e adolescente por mês no primeiro semestre do ano. Há, pelo menos, um crime por dia cometido contra vulneráveis, segundo o levantamento.

Na avaliação do delegado Maurício Barison, que acaba de completar um ano à frente da DPCA, os tristes números respondem somente por aqueles casos que chegam ao conhecimento da Polícia Civil. A estimativa é que o total de vítimas seja maior.

“Uma criança de 3 anos que está sendo abusada em casa não consegue formalizar uma denúncia”, frisa. “E caso a mãe seja omissa, ela vai crescer achando que o comportamento abusivo é normal e vai levar muito tempo até denunciar.”

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Como iniciativa para aumentar o número de denúncias, a especializada está administrando palestras em instituições de ensino. O projeto já vem dando resultado, segundo o delegado.

“Fomos passar informações para crianças em escolas e já recebemos um retorno significativo”, esclarece. “Dois dias após uma palestra, a diretora da primeira escola ligou e disse que uma aluna procurou a direção para denunciar. É o que precisamos para cessar com o ciclo de violência.”

Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Canoas agora atende na Rua João Nicolau 225, no bairro Fátima



Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Canoas agora atende na Rua João Nicolau 225, no bairro Fátima

Foto: Paulo Pires/GES

São quatro presos por mês

Agora atendendo em novo endereço, na Rua João Nicolau 225, no bairro Fátima, a DPCA recebeu adição de policiais, viaturas e recursos para garantir uma cruzada contra os abusadores.

A ordem, de acordo com o diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana (DPRM), o delegado Cristiano Reschke, é dar atenção total às denúncias e levar com o máximo de urgência os suspeitos à cadeia. “Canoas é uma cidade que tem uma demanda enorme nos crimes contra crianças e adolescentes, e nossa gestão fez questão de reforçar a DPCA e garantir os recursos materiais e humanos no combate aos crimes.”

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O resultado já aparece, segundo o delegado Barison, já que a média de prisões pulou de um para quatro suspeitos por mês no último ano. Foram 36 levados à prisão nos últimos doze meses.

Para o delegado, a celeridade necessária ao processo que culmina em prisão acaba esbarrando não somente na complexidade da apuração, mas também na obtenção de laudos que precisam ser encaminhados para o Instituto-Geral de Perícias (IGP).

“Diferente do homicídio, quando há um cadáver, as investigações em torno de menores são complexas. Falta materialidade, sendo necessário reunir muitas provas que apontem os crimes. Isso acaba sendo demorado. O IGP, por exemplo, leva muito tempo dependendo do exame.”

Omissão é crime

Todos os 180 crimes denunciados em Canoas ao longo dos seis primeiros meses do ano cometidos contra crianças e adolescentes foram abusos que partiram de homens, aponta a Polícia Civil. A mulher, contudo, acaba muitas vezes sendo implicada pela omissão.

“Não há mulheres abusando de crianças. No entanto, a omissão é muito grave. Há casos de mães que disseram que ‘o parceiro é assim mesmo e que não dava para evitar’ ao interrogarmos sobre os abusos”, lamenta Barison.

O delegado confirma que a Justiça tem sido cuidadosa em alguns casos de omissão para que a mãe não retome a guarda da criança, já que acaba influenciando o menor a não depor contra o abusador perante o juiz.

“Já houve casos de mães omissas que conseguiram convencer a criança a mentir que não acontecia nada porque a mulher não queria perder o parceiro”, relata. “Isso prejudica muito a situação da vítima.”

Para denunciar

Denúncias anônimas ou não sobre violência contra crianças e adolescentes podem ser passadas para a DPCA Canoas por linha direta para o telefone (51)3425-9056. Quem preferir, pode entrar no site www.pc.rs.gov.br.

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