VIOLÊNCIA

Matadores de professora saíram de Porto Alegre para roubar carros no Vale do Sinos

Três homens e uma mulher rodaram por outras cidades até encontrar a vítima mais vulnerável, em Portão

Publicado em: 14/03/2024 06:00
Última atualização: 14/03/2024 07:09

Três homens e uma mulher saíram de Porto Alegre na tarde desta segunda-feira (11) para roubar carros no Vale do Sinos. Rodaram por São Leopoldo e Estância Velha, entre outras cidades, até encontrar em Portão o que procuravam. Um alvo vulnerável. Duas mulheres em um automóvel estacionado. A motorista se assustou, gritou por socorro e morreu com dois tiros no peito. Estava com uma filha, que entrou em choque. O latrocínio da professora aposentada Diná Hadres, 53 anos, comoveu a região.

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Diná Hadres Foto: Reprodução/Redes Sociais

O acusado dos tiros é Luís Mesquita Amaro, conhecido como Tuberculoso, 19. Não tinha antecedentes criminais. Ele foi preso em casa, nos fundos de uma igreja evangélica na Vila Tamanca, bairro Lomba do Pinheiro, zona leste da capital, por volta das 18h30 desta terça-feira (12). Estava com o comparsa Brayan Wagner Araújo, o Orelha, 24, apontado como condutor do Sandero preto usado no assalto à professora. Araújo tem indiciamento por estupro.

Frieza

Informalmente, aos brigadianos que os prenderam, os amigos admitiram o crime. Na delegacia, ficaram em silêncio. Amaro surpreendeu os policiais pela frieza. Os três celulares apreendidos no casebre serão analisados. Foram ainda recolhidas uma camiseta do clube Barcelona e uma vermelha, que eles teriam usado no ataque. Não seria a primeira vez que Amaro e Araújo assaltam no Vale do Sinos, acirrando a concorrência entre criminosos na região que é base da maior facção do Estado. Também já teriam agido no Vale do Caí.

Carro foi a principal pista para identificar a quadrilha

O Sandero empregado no assalto à professora foi a principal pista da Brigada Militar e Polícia Civil para chegar aos quatro autores. Por meio de câmeras, os agentes conseguiram identificar a placa na saída de Portão, às 18h20, durante a fuga. O carro não estava em ocorrência de furto ou roubo.


Sandero foi pego em revenda de forma ainda não esclarecida Foto: Brigada Militar

Na terça, os policiais foram até o dono, em Canoas, que informou ter deixado o Sandero em uma revenda de veículos da cidade. O proprietário da loja passou os dados do homem de 29 anos que havia retirado o automóvel, sob condições ainda não esclarecidas. Ele foi encontrado no bairro Mathias Velho, com o Sandero.

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Alegou que estava trabalhando como motorista de aplicativo, o que a Polícia apurou ser uma mentira. Era, na verdade, um dos assaltantes que desceu com o atirador para assaltar Diná. Inclusive tem antecedentes por roubo. A companheira dele, de 26 anos, investigada por tráfico de drogas, foi presa logo depois em Nova Santa Rita. A mulher também estava no Sandero durante o ataque à professora.

Depois do casal, agentes encontraram o revólver

O casal acabou confessando a participação, apesar de o homem continuar insistindo que era o motorista do Sandero. Na tarde de terça, os agentes encontraram, em local ermo de Portão, o revólver calibre 38 usado no latrocínio. A arma enferrujada, de cano longo, havia sido jogada pela janela do veículo durante a fuga. A procedência é apurada.


Arma foi jogada fora na fuga ainda em Portão Foto: Brigada Militar

A prisão do casal levou os agentes aos dois moradores da capital. A Polícia considera resolvida a investigação em relação à autoria, com reconhecimento de testemunhas. Falta apurar a forma como o Sandero e outros carros são disponibilizados para assaltos. Contratos de locação teriam sido forjados.

Todos foram autuados pelo crime de latrocínio

Os quatro foram autuados por latrocínio (roubo com morte). Mesmo que só um tenha atirado, o entendimento é que os outros três participaram para o resultado. A situação de flagrante não se desfez, segundo a Polícia, porque as buscas não cessaram até as prisões.

E, apesar de nada ter sido roubado da professora, o enquadramento se dá por uma questão jurídica. “É entendimento do Supremo Tribunal Federal. Se a morte se consuma, ainda que o patrimônio não seja subtraído, o crime será de latrocínio consumado”, explica o diretor da Polícia Civil no Vale do Sinos, delegado Eduardo Hartz. Ou seja, legalmente não existe tentativa de latrocínio.

Entenda o caso

Diná estava em um Chevrolet Spin estacionado na Rua 1 de Maio, no bairro Estação Portão, com uma das três filhas, de 31 anos, no banco do carona. A professora aguardava a chegada do marido.

Quando avistou o companheiro descendo do ônibus, Diná saiu do carro e foi ao encontro dele, momento em que dois desconhecidos desceram de um Sandero e disseram que era um assalto. Queriam roubar a Spin.

A professora se assustou e gritou para o marido. Um pedido de socorro. Imediatamente, um assaltante deu dois tiros no peito dela. Os ladrões correram para o Sandero, onde eram aguardados pelo motorista e uma mulher, e fugiram sem roubar nada.

Desesperados, o companheiro e a filha imploraram por socorro. A professora foi levada em estado gravíssimo pelo Corpo de Bombeiros ao Hospital de Portão, onde morreu logo ao dar entrada.

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CategoriasPolíciaPortão
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