MAIS UMA MORTE
Líder de facção baleado não foi primeira morte violenta na Penitenciária de Canoas; crime bárbaro chocou o RS em 2020
Há quatro anos a vítima foi Lucas Iago Rodrigues Fogaça, 26 anos, de Novo Hamburgo
Última atualização: 24/11/2024 15:06
O assassinato a tiros de um homem, na tarde deste sábado (23), na Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan), surpreendeu por ser cometido entre os muros da casa de detenção.
Os disparos teriam sido feitos através da portinhola de uma cela durante a triagem dos detentos. Os autores foram identificados e isolados após a vítima, Jackson Peixoto Rodrigues, o Nego Jackson, 41 ser atingida.
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O que muitos não lembram é que, anos antes, um crime considerado bárbaro já havia sido cometido no presídio. Foi em 2020, quando o hamburguense Lucas Iago Rodrigues Fogaça, então com 26 anos, acabou esquartejado por colegas de cela.
O crime foi confessado por um preso responsável por, pelo menos, oito homicídios. O corpo desmembrado do jovem acabou em sacolas plásticas penduradas nas grades.
Embora cometido em setembro de 2020, período complexo devido à pandemia e o isolamento imposto pela Covid-19, o crime causou impacto em diversos setores ligados à segurança pública.
Mesmo que já tivesse sido o quarto homicídio cometido na Pecan até a data, os crimes registrados anteriormente se davam por meio de sufocamento. Nunca nada tão violento tinha sido visto.
Na época, a Secretaria da Administração Penitenciária (Seapen) lamentou, por meio de nota, não apenas o homicídio, mas também o vazamento de imagens nas redes sociais.
Morte de Nego Jackson quatro anos depois
Quatro anos depois, Jackson Peixoto Rodrigues, o Nego Jackson, 41 anos, acabou assassinado a tiros.
A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) aponta que a galeria onde aconteceu o crime passou por revista geral do Grupo de Ações Especiais, a Tropa de Elite da Polícia Penal.
A suspeita inicial é que um drone tenha deixado a arma de fogo na penitenciária. Isso porque, segundo uma fonte ligada à casa prisional, na véspera do assassinato, pelo menos, dois teriam sido abatidos pela Polícia Penal sobrevoando a área.
Jackson durante anos esteve à frente da facção conhecida como Anti-Bala. Acabou preso no Paraguai em 2017, ao passar um documento falso para a polícia na fronteira.
Na época, o criminoso era um dos foragidos mais procurados do Rio Grande do Sul, suspeito de cometer onze assassinatos relacionados ao tráfico de drogas e entorpecentes.
Segundo o delegado Rafael Naves, que responde interinamente pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Canoas, os dois suspeitos de participarem do assassinato foram identificados.
“Durante a madrugada concluímos o flagrante dos suspeitos e foi pedimos à Justiça para reforçar a prisão preventiva de ambos”, explica.
O Complexo Prisional de Canoas foi inaugurado em 2016. Segundo os números do governo do Estado, 2,43 mil pessoas estão presas na unidade, criada para ser um modelo de instituição penal no Brasil, algo hoje bastante controverso.