LEITE COMPENSADO
Indústria que adicionava soda cáustica no leite tinha contratos com duas prefeituras da região; saiba quais
Químico industrial conhecido como "alquimista" está entre os presos na operação desta quarta-feira
Última atualização: 11/12/2024 15:42
Na manhã desta quarta-feira (11), após a realização de mais uma fase da Operação Leite Compen$ado, promotores de justiça detalharam a investigação que resultou na prisão de cinco pessoas, sendo quatro por prisão preventiva e uma em flagrante por obstrução às investigações.
CONFIRA AINDA: O que mudou na produção de leite no RS após Operação Leite Compensado descobrir fraudes no setor
Entre os presos estão o químico industrial conhecido como “alquimista” e gestores da Dielat Indústria e Comércio de Laticínios, situada em Taquara, no Vale do Paranhana.
Durante a coletiva de imprensa, o promotor de justiça Mauro Rockenbach revelou que a empresa de laticínios mantinha ou já manteve contratos para o fornecimento de produtos lácteos a diversas prefeituras no Rio Grande do Sul e de São Paulo. Entre os municípios que estão nesta lista estão Ivoti, no Vale do Sinos, e Taquara, no Paranhana. O Ministério Público (MP-RS) também identificou contratos com outras quatro prefeituras do RS e uma do estado de São Paulo.
Esquema para participar de licitações
Conforme Rockenbach, a Dielat criou uma associação, chamada de Agrovita - Associação de Apoio e Comércio Agrícola, para burlar a legislação e poder participar de licitações públicas para fornecer os produtos a órgãos públicos, como prefeituras. A legislação exige que os produtos lácteos que fazem parte da merenda escolar sejam provenientes de assentamentos.
Então, conforme o MP-RS, para fraudar as licitações, o grupo criou a associação para receber leite de assentamentos do Estado, e era esse leite (da Dielat) que era ou é destinado para os órgãos públicos através dessas licitações.
Por conta disso, o juiz que autorizou a prisão dos envolvidos no esquema pede ao MP-RS que oficie os municípios da lista para que estejam cientes da situação e revisem os contratos, caso ainda estejam em vigor. “O juiz pede para que vejam a legalidade desses contratos e também se há viabilidade de continuação ou não, porque estão recebendo um produto de péssima qualidade, com suspeita de fraude”, pontua Rockenbach.
VEJA TAMBÉM: Defesa da mãe presa pela morte das filhas gêmeas alega que foi "surpreendida" por pedido da Polícia
Durante a fase de investigação, ainda conforme o promotor, foi identificado um e-mail enviado por uma prefeitura do estado de São Paulo reclamando sobre a qualidade do leite em pó que foi enviado às escolas por meio do contrato firmado com a Dielat. “Interceptamos esse e-mail em que reclamavam que o produto estava impróprio para consumo. O leite em pó bolotado e com sujidades, de coloração estranha”, detalha.
Contraponto das prefeituras
A prefeitura de Ivoti confirma que firmou contrato com a Agrovita, mas garante que a referida empresa forneceu produtos apenas durante um semestre. “Em 2019, foi feito um chamamento público em que essa associação nos forneceu esse leite. Depois, foi feita licitação e, desde então, não tem mais esse leite”, diz a prefeitura, via assessoria.
A prefeitura de Taquara também confirma que manteve contrato com a associação vinculada à Dielat, que se encerrou em 2021, não sendo mais renovado. Atualmente, as empresas fornecedoras de leite, tanto em pó quanto líquido, são de fora da região.