Nove meses depois de torturar, arrancar os olhos e divulgar imagens do morto, o tribunal do crime organizado volta a praticar uma barbárie no bairro Rio Branco, em Rolante, no Vale do Paranhana. Na madrugada deste domingo (1º), encapuzados vestidos de policiais federais executaram quatro homens na frente de um condomínio na Avenida Bento Gonçalves.
As vítimas da chacina moravam em Rolante. Foram identificadas como Elias Vargas da Rosa, 22 anos, Everton Danei Hadlich da Fonseca, 40, Michel Rodrigo Emmerich, 35, e Pablo Rafael Machado de Oliveira, 23. Eles foram levados em quatro carros ao residencial, por volta das 4h15. Dois estavam com as mãos amarradas para trás.
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Em torno de oito encapuzados, com armas de grosso calibre, retiraram as vítimas dos veículos e as perfilaram na calçada, ao lado da entrada do estacionamento do condomínio. Elias, Everton, Michael e Pablo foram fuzilados junto à cerca. A bateria de tiros acordou os moradores.
Ambiente de pânico
“Uma cena de terror, chocante”, define uma testemunha, que foi ver o que era e se deparou com os corpos. Um vídeo feito por um morador mostra o ambiente devastado pela violência. Uma menina passa em frente, olha para os cadáveres, e vai embora. Ela chora. Outras pessoas vão ver se reconhecem as vítimas, enquanto o local não é isolado para perícia. Do lado interno, atrás da cerca, moradores atônitos observam a movimentação. Há cápsulas de fuzis, espingardas e pistolas espalhadas no entorno.
Investigação aponta para facção do Vale do Sinos
Os matadores teriam fugido em uma EcoSport branca, um Fiat Toro e um HB20. O quarto veículo, de modelo não identificado, estava equipado com um giroflash para simular uma viatura policial. Informações iniciais da investigação apontam para um grupo de extermínio responsável por várias execuções nos últimos anos. Seria um braço da facção do Vale do Sinos que domina o tráfico na maior parte do Estado.
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A Polícia Civil está atrás de imagens de câmeras para definir a rota dos pistoleiros, desde o arrebatamento das vítimas. As execuções na frente do condomínio seria um recado que a investigação tenta decifrar.
Os corpos foram encaminhados para perícia em Porto Alegre. Os órgãos de segurança pública preparam vigilância para os velórios e enterros.
Outra atrocidade foi gravada e divulgada
Uma sessão de tortura, mutilações e morte foi gravada e divulgada nas redes sociais no fim do ano passado, quando o vídeo chocante de um homem com os olhos arrancados passou a circular. As imagens não mostravam o rosto dos matadores. Apenas um deles cortando o pescoço da vítima com uma faca. Não havia marcas de tiros. A morte foi lenta, à base de agressões e facadas.
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O corpo era de Emerson Michael da Silva, 29, encontrado em um matagal ao lado de um campo de futebol do bairro Rio Branco, na manhã de 1 de dezembro. Duas semanas depois, a Polícia Civil prendeu um suspeito no Centro de Rolante e afirmou que o mandante estava no presídio.
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