PORTO ALEGRE

Homem negro vítima de agressão acaba levado preso à DP; Corregedoria da BM vai apurar se houve racismo

Ocorrência foi na tarde deste sábado no bairro Rio Branco, em Porto Alegre, e ganhou repercussão nacional; governador determina apuração "com a mais absoluta celeridade"

Publicado em: 17/02/2024 23:03
Última atualização: 17/02/2024 23:38

A Brigada Militar (BM) anunciou abertura de sindicância para apurar suposto caso de racismo por parte de policiais no atendimento a uma ocorrência de agressão na tarde deste sábado (17) no bairro Rio Branco, em Porto Alegre. O governador Eduardo Leite (PSDB) determinou que apuração ocorra "com a mais absoluta celeridade".


Vítima de facada, homem negro é contido e levado preso em ocorrência no bairro Rio Branco, em Porto Alegre Foto: Reprodução

Amplamente registrado em fotos e vídeos, o atendimento à ocorrência ganhou repercussão nacional na noite deste sábado. As imagens mostram policiais militares chegando ao local onde estavam vítima e acusado de agressão a faca e indo logo em direção ao homem negro, que era vítima. O autor da facada se afasta sem qualquer restrição.

O homem negro estava agitado, informando que era vítima do caso, e mesmo assim foi empurrado até uma parede para ser revistado. Em seguida foi cercado por mais policiais e algemado.

Testemunhas se aproximam dizendo que ele havia levado uma facada na perna e, portanto, era vítima no caso e não deveria ser preso. Os policiais alegam desacato e o levam para dentro da viatura. Neste momento o homem grisalho, de pele branca, que deu a facada já não estava mais no local.

Os policiais envolvidos são do 9º Batalhão de Polícia Militar (9º BPM). Em meio ao tumulto que se formou no local, eles levaram na condição de detidos tanto a vítima quanto o agressor, que mora perto dali e já estava em casa. A faca usada para agredir o homem negro na perna não foi apreendida.

Levados para a 2ª Delegacia de Pronto Atendimento (2ª DPPA) da capital, autor do crime e vítima foram ouvidos e liberados. O homem negro é Everton Henrique da Silva, 40 anos, que trabalha como motoboy. À imprensa da capital ele disse a confusão começou quando o agressor reclamou da presença de motoboys na rua, onde estavam aguardando chamados.

"Ele me esfaqueou, tentou me matar. Chamamos a Brigada e o policial foi ignorante", resumiu Silva em entrevista. O autor da facada não deu entrevista. No depoimento à Polícia Civil ele disse que teria levado um chute do motoboy. A identidade do homem não foi divulgada.

Uma ocorrência foi registrada como "vias de fato", que é quando acontece uma briga. Os policiais militares dizem que, além disso, trata-se de um caso de desacato. Já o motoboy classifica como racismo e tentativa de homicídio. A ocorrência será apurada tanto pela Polícia Civil quanto pela Corregedoria da Brigada Militar.

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