Vídeos com dancinhas e coreografias de cunho sexual que mostram uma adolescente de 14 anos geraram revolta nas redes sociais. As cenas polêmicas começaram a repercutir na véspera de Natal e envolvem uma moradora de Novo Hamburgo de 33 anos. As imagens foram parar na Polícia Civil e a mãe da adolescente passou a ser investigada. A suspeita é que ela explorava a imagem da filha em troca de dinheiro.
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A reportagem apurou que a menina aparece em algumas gravações com roupa íntima e também convida os seguidores a participarem de um suposto “grupo vip”. As produções em vídeo eram gravadas em vários cômodos da casa onde a mãe e a filha moram na cidade do Vale do Sinos.
Em um dos vídeos, a menina agradece aos participantes e uma voz de mulher complementa: “Estamos pegando o comprovante de muitas pessoas que pagaram para estar aqui no grupo. A gente tem que confirmar o Pix, tem que confirmar o horário, então peço a colaboração de todos, com muita calma, paciência, que logo a [nome da adolescente] já começa a colocar conteúdo do dia a dia dela, das danças”, comunicou a voz enquanto a adolescente confirmava com a cabeça.
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Não se sabe ainda, contudo, se a voz feminina pertence à mãe da menina. A conta do X (antigo Twitter) onde o vídeo foi compartilhado estava excluído nesta quinta-feira (26). Entretanto, em outras plataformas de vídeo havia pelo menos quatro perfis com o nome da menina, um deles com mais de 107 mil seguidores. Em outro, ela informa ter 18 anos na biografia. (abaixo)
O caso é investigado pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Conforme o delegado João Vitor Herédia, os telefones foram apreendidos e estão em análise. “A mãe foi ouvida, negou qualquer tipo de comercialização”, diz o delegado.
Segundo Herédia, será feita a instalação de um software para identificar se algum arquivo que indique a venda do conteúdo foi apagado. “Os vídeos eram publicados em uma conta nas redes sociais que toda vez que eram postados vídeos desse conteúdo aumentava muito o número de seguidores, então a gente não sabe se era feito por conta pela menina ou se a mãe incentivava ela a fazer de qualquer forma.”
Por enquanto, não há confirmação de que os conteúdos foram vendidos pelas redes sociais. A Polícia não confirma há quanto tempo apura o caso, mas afirma que a investigação deve avançar no começo de janeiro. Se confirmada a venda, a mulher deve responder criminalmente. A identidade da mãe não é revelada para não expor a vítima.
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Postagem no X e a indignação dos usuários
O caso tomou proporção na terça (24), a partir de uma postagem no X. Um usuário revelou o caso aos seguidores e complementou que denunciou a página da menina na plataforma. “Denunciei e não vou compartilhar por motivos óbvios.”
Até o fim da manhã desta quinta, a publicação totalizava mais de 4 mil compartilhamentos, 42 mil curtidas e 6,4 milhões de visualizações na plataforma. Diversos órgãos oficiais, como a própria Polícia Civil, foram marcados no post e, entre os mais de 700 comentários, havia a suposta localização da residência da família.
O delegado reitera que o caso é investigado pela Polícia e que é de responsabilidade do Estado. “Particulares que passarem desse limite também serão responsabilizados na medida da sua culpa, então, se houver dano à propriedade, lesão corporal, enfim, os particulares envolvidos serão responsabilizados também, a responsabilização criminal é exclusiva do Estado”, salienta.
O Conselho Tutelar se manifestou por meio de nota e informou que “recebeu a denúncia e todas as medidas de proteção foram aplicadas pelo órgão vistas a proteção da adolescente e seus irmãos”. O Conselho disse ainda “buscou família extensa para responsabilização e caso está com Policia e Ministério Público a qual compete investigação”.
O Ministério Público do Estado informou que recebeu uma denúncia por e-mail e encaminhou à Polícia Civil. “O fato é do conhecimento do Ministério Público, medidas foram adotadas no âmbito da proteção à adolescente e já existe investigação criminal em andamento. A adolescente vem sendo acompanhada pelo Conselho Tutelar de Novo Hamburgo e o perfil na rede social não se encontra mais ativo. O Ministério Público, neste momento, solicitou informações sobre a atual condição da adolescente, a fim de verificar o cabimento de eventuais medidas de proteção, bem como aguarda a conclusão da investigação criminal”, diz o órgão.
Pornografia infantil é crime, denuncie
Confira os canais de contato com as autoridades:
– Nacional: Disque 100
– SSP/RS: 181
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– Plantão Gabinete de Inteligência e Assuntos Estratégicos (GIE): (51) 98445-9486
– Divisão Especial da Criança e do Adolescente (Deca) Urgente: 0800-6426-400