ALERTA
Golpistas voltam a tocar o terror em comerciantes no Vale do Sinos; ouça o áudio
Pelo celular, com dados das vítimas, criminosos fazem ameaças de morte e exigem dinheiro
Última atualização: 12/12/2023 19:09
Após uma parada de quase dois anos, o golpe da ameaça de morte volta a atormentar o Vale do Sinos. Costuma ser aplicado por presidiários, que enviam mensagens por WhatsApp e até telefonam para as vítimas, a maioria comerciantes. Se dizem chefes de facção que tiveram o tráfico prejudicado por denúncia delas e exigem dinheiro para não haver represália. Apesar da enxurrada recente de casos, há poucas ocorrências registradas, pois é raro as pessoas lesadas irem à Polícia.
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O ataque psicológico sofrido no início do mês por um lojista de Novo Hamburgo expõe o roteiro do golpe. Chamado pelo nome, o empreendedor recebeu áudio aterrorizador. “Primeiramente uma boa tarde, (nome da vítima). Aqui quem fala é o Serginho, uma das primeiras vozes dos bala na cara. Nós somos os leões do sul.”
Ao mesmo tempo em que avisa sobre um plano para matar o hamburguense, o vigarista se coloca como mediador. “Os 'guri' não param de nos trazer informações que você vem trabalhando com a Brigada Militar, denunciando e atrasando nosso tráfico de drogas na localidade e em toda a região. E eu, como sou a primeira voz aqui no estado (trecho inaudível), estou aqui pra (trecho inaudível) fatos antes de tomar qualquer medida. Espero que você seja transparente e verdadeiro com a nossa facção para evitar derramamento de sangue, ok?”
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Depois, por texto, diz que um grupo armado está pronto para executar o comerciante e manda ele ligar com urgência para negociar uma trégua (imagem acima). Assustado, o lojista não fez boletim de ocorrência e não quer falar a respeito. Não diz se pagou. Mesmo sabendo que ele e nenhum funcionário fez qualquer denúncia contra o tráfico, teve o nome, dados e endereço mencionados de forma ameaçadora pelo criminoso.
Sotaque do vigarista entrega a farsa
O comerciante hamburguense e outras vítimas do Vale do Sinos estão recebendo os contatos de telefone com DDD 51, mas a pronúncia do vigarista entrega a farsa. O sotaque nordestino indica que o homem não é de facção gaúcha. No primeiro semestre do ano passado, houve uma leva do mesmo golpe com celular de DDD 81, de Pernambuco, conforme revelado pela reportagem.
Na época, um casal fechou às pressas uma tele-entrega de bebidas em Novo Hamburgo e só reabriu no dia seguinte, ao se dar conta que era golpe. “Foi aterrorizante. Imagina do nada você receber essas ameaças, de alguém com linguagem de facção, citando seu nome, endereço e outros dados pessoais, dizendo que estava mandando matadores à loja”, recorda a proprietária.
É mais um caso que oficialmente não existiu, porque a comerciante preferiu não fazer boletim de ocorrência. “Serviu como aprendizado para cuidar das informações que colocamos sobre nós e a empresa na Internet, pois está cheio de gente mal intencionada no mundo”, comenta a hamburguense, que garante não ter pago o golpista.
Extorsão de verdade não tem fim na região
Os golpistas tentam se aproveitar de uma situação real, que aflige o Vale do Sinos há pelo menos sete anos e só piora, conforme publicado pela reportagem no mês passado. Homens armados, que dizem estar a serviço de facção, vão ao comércio e cobram o chamado “pedágio” para não assaltar ou matar.
Ou seja, não se trata de blefe virtual. É uma imposição presencial. Chegam a oferecer proteção pelo pagamento forçado, no formato mais fiel de milícia. E avisam no balcão: “Se não pagar, vai ser pior”.