Em Canoas

GOLPE NOS MANOS: Polícia Civil leva 22 à cadeia durante ação contra esquema de agiotagem

Pessoas endividadas após a pandemia recorriam, a maioria sem saber, a traficantes de drogas para conseguir dinheiro

Publicado em: 09/04/2024 16:28
Última atualização: 09/04/2024 16:29

Foi no início do ano passado que o incêndio de uma barbearia em Canoas levou a polícia a descobrir um esquema de agiotagem montado por criminosos em Canoas visando lucrar fácil com empréstimos vinculados a cobranças e ameaças de morte. A apuração conduzida pela 1ª Delegacia de Polícia (DP) de Canoas resultou na batizada Operação Extorsor.

Foram centenas de policiais reunidos no auditório da Ulbra desde as primeiras horas Foto: POLÍCIA CIVIL/DIVULGAÇÃO

Na manhã desta terça-feira (9), a Polícia Civil voltou a mirar criminosos ligados a facção dos Manos na batizada Operação Paranhos, que visou desarticular um grupo associado ao tráfico de drogas e entorpecentes que atuava no bairro Rio Branco.

Ao todo, foram cumpridas 102 ordens judiciais, sendo 28 prisões preventivas, 44 mandados de busca e apreensão e 30 bloqueios de ativos financeiros contra membros da associação criminosa. Foram 22 presos durante a ação.

Segundo o Delegado Marco Guns, a investigação da Operação Extorsor levou à descoberta da participação da facção do Vale dos Sinos atuando como fornecedora de pessoal (criminosos com antecedentes, para a prática da violência), logística e dinheiro, tudo oriundo da traficância.

Em um dos mandados de busca e apreensão, cumpridos na segunda fase da operação Extorsor, a equipe apreendeu celulares em apartamento de luxo na cidade de Novo Hamburgo, mais pontualmente um duplex com piscina, adquirido havia poucas semanas por valor acima de 1 milhão de reais.

Investigação

Conforme o delegado, o grupo investigado movimentou, entre março até julho de 2023, aproximadamente 3 milhões de reais, com a aquisição e venda de mais de 100 quilos das drogas cocaína e crack, comercializadas em sua maioria no bairro Rio Branco de Canoas.

Entre as provas produzidas pela investigação, há comprovação de que membros do grupo criminoso apoiavam financeiramente agiotas atuantes na cidade de Canoas, confirmando que pessoas endividadas - após a pandemia, principalmente - recorriam, a maioria sem saber, indiretamente a traficantes de drogas para crédito, motivo pelos quais os atrasos eram cobrados violentamente.

Os mandados de prisão e de busca e apreensão foram executados nos municípios de Canoas, Portão, São Sepé, Estância Velha, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Viamão, envolvendo 250 policiais civis. A ação contou com o apoio da Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) para cumprimentos de mandados em três casas prisionais, de onde também partiam ordens do crime.

Diretor da Delegacia Regional de Canoas, o delegado Cristiano Reschke, chama a atenção para um aspecto importante no cenário criminoso apurado:

“Além da violência habitual e juros exorbitantes, com formação de dívidas impagáveis, um método que assola as vítimas de forma constante: a violência psicológica extrema, levada a efeito por pessoas ligadas ao tráfico, que prestam serviço de cobrança das dívidas, com emprego de armamento pesado e crueldade, na prática de ameaças”, disse Reschke.

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