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AMEAÇA POR WHATSAPP

Golpe do motel: Falsos detetives usavam "dossiê da traição" para tirar dinheiro de vítimas que frequentavam motéis caros

Pelo menos 20 pessoas ameaçadas por criminosos através de mensagens por WhatsApp, entenda como funcionava a prática de extorsão descoberta pela Polícia Civil

Publicado em: 11/11/2024 às 12h:30
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A Polícia Civil desarticulou um lucrativo esquema organizado por uma facção do Vale dos Sinos, na manhã desta segunda-feira (11), quando a batizada Operação Closer foi lançada.

Foram dois presos logo no início da manhã desta segunda-feira (11) no Vale dos Sinos



Foram dois presos logo no início da manhã desta segunda-feira (11) no Vale dos Sinos

Foto: POLÍCIA CIVIL/DIVULGAÇÃO

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A ação foi desencadeada após oito meses de investigação, mirando um grupo de criminosos que extorquia clientes de motéis em Porto Alegre, Canoas e na Serra gaúcha. Foram identificadas, pelo menos, 20 vítimas.

Coordenada pela 3ª Delegacia de Polícia (DP) de Canoas, a operação garantiu mandados de prisão contra suspeitos em São Leopoldo e Novo Hamburgo. Eles seriam agentes diretamente ligados ao batizado “golpe do motel”.

Segundo a delegada Luciane Bertoletti, titular da 3ª DP de Canoas, a investigação começou quando um homem procurou a polícia para contar que estava sendo ameaçado por criminosos.

“Eles teriam informações sobre um possível caso extraconjugal com uma garota de programa”, explica. “Os criminosos mostravam que sabiam detalhes da vida da vítima e também de sua rotina”.

Por meio de mensagens por WhatsApp, esclarece a delegada, encaminharam fotos e vídeos da vítima saindo, acompanhado, de um motel, em Canoas. Exigiam R$ 8 mil para não entregar as fotos e vídeos para a esposa.

“Começamos a investigar e descobrimos que ele não era a única vítima”, aponta. “Ficou claro que os criminosos escolhiam, principalmente, o horário da tarde, motéis caros e carros de luxo. A partir daí faziam campanas em frente ao estabelecimento e registravam com fotos e vídeos o momento da entrada ou da saída da vítima do local”.

Detetive

Na posse dessas informações, os suspeitos aplicavam técnicas de engenharia social para encontrar o telefone da vítima e começar a extorsão, buscando o máximo de informações possíveis sobre os alvos.

“Eles chegaram a se passar por detetives particulares, alegando que os parceiros os haviam contratado para descobrir eventuais traições. As idas aos motéis poderiam ser escondidas dos companheiros caso a vítima se submetesse a pagar valores aos bandidos”, conta.

Na avaliação da delegada, o caso não está ligado a moralidade. O que há, efetivamente, é a prática de crimes gravíssimos que podem destruir a vida de uma pessoa, inclusive levando-a ao suicídio.

“Imaginamos que houve mais casos, então é preciso que a pessoa procure a polícia e denuncie, porque os criminosos se valem do silêncio e constrangimento da vítima para continuar extorquindo”, adverte.

Orientação

O delegado Cristiano Reschke, diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana [DPRM], destaca que a prática de extorsões traz um tormento psicológico imenso às vítimas, que temem que sua vida privada seja devassada e exposta a familiares, amigos e sociedade.

Reschke reforça que esses casos são tratados com prioridade na delegacia para cessarem o mais rápido possível as ameaças e haja a responsabilização dos criminosos, que se valem justamente da vida privada e intimidade das vítimas para criar um sistema estruturado de ameaças e extorsões.

“O melhor é que não sejam feitos os pagamentos exigidos, pois isso inauguraria ciclos infinitos de ameaças. Os casos devem ser trazidos imediatamente a registro, sendo garantido o sigilo”, orienta Reschke.

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