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VIOLÊNCIA EM CAMPO

Goleiro atingido por tiro de borracha disparado por PM deve ficar fora dos campos por meses; saiba mais

Jogador teve queimadura na perna, considerada uma lesão grave

Stefany de Jesus Rocha
Publicado em: 11/07/2024 às 16h:03
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Ramón Souza, o goleiro do Grêmio Anápolis (GEA) que foi atingido por um tiro de borracha disparado por um policial militar, deverá ficar até quatro meses fora dos campos, segundo o médico do time, Diego Bento. O jogador teve uma queimadura na perna, considerada uma lesão grave.

Goleiro do Grêmio Anápolis, Ramón Souza, foi atingido no joelho por tiro de PM | abc+



Goleiro do Grêmio Anápolis, Ramón Souza, foi atingido no joelho por tiro de PM

Foto: Reprodução/Instagram

O caso aconteceu na noite de quarta-feira (10), no Estádio Jonas Duarte, em Goiás, após uma confusão entre o time da vítima e o Centro Oeste. Os times haviam acabado de disputar uma partida pela 12ª rodada da Divisão de Acesso ao Campeonato Goiano. 

A cena foi transmitida ao vivo pela TV do GEA. Veja as imagens abaixo:

Segundo o g1, Ramón teria pedido ao policial que abaixasse a arma, que estava apontada para o rosto de um colega de time. “Foi o momento em que eu vi e pedi para ele abaixar a arma. Ele pegou, falou ‘vai para trás’ e quando eu dei um passo para trás ele efetuou o disparo”, expôs o goleiro. “Nem acreditei. Na hora eu me desesperei um pouco”, relatou.

Sobre a discussão, a vítima ressaltou que foi algo “norma de jogo”, sem agressão física. “Foi mais bate-boca, empurra-empurra. É normal de futebol” disse, afirmando que sentiu muita dor e ficou com o psicológico abalado.

Estado de saúde

Também ao g1, Bento detalhou que a bala de borracha gerou uma lesão no meio do coxa, queimou a pele e atingiu o músculo reto femoral, “que é muito importante para os jogadores no momento do chute”, explicou o médico.

“Mesmo que tenhamos lavado ficou alguns estilhaços de plástico, o que pode infeccionar e evoluir mal. Ele perdeu parte do tecido da pele e um pouco do músculo. Foi uma lesão profunda”, disse, ressaltando que é possível que haja complicações no decorrer da recuperação por conta da gravidade.

O profissional contou que o Ramón ficou com medo de não poder mais jogar, mas que, pela pouca idade e histórico de boa recuperação, ele deve se recuperar bem. “Fiz a sutura e ele está tratando com antibiótico. Ele vai se recuperar, ficar bem e ficará até quatro meses sem jogar”, avaliou.

Repercussão

Além das manifestações do time e da Polícia Militar, o Ministério do Esporte também emitiu uma nota sobre o ocorrido. A pasta repudiou a ação policial, que classificou como “ação desproporcional e violenta” e “inaceitável”.

“É inadmissível que profissionais do esporte, que dedicam suas vidas à prática e promoção do futebol, sejam expostos a situações de tamanha agressividade. Este episódio reforça a necessidade urgente de uma revisão nos procedimentos, garantindo que a atuação policial seja sempre pautada pelo respeito aos direitos humanos e pela proteção dos indivíduos”, diz parte do texto.

Abaixo, confira as notas na íntegra:

Nota do Ministério do Esporte

“É com grande consternação que o Ministério do Esporte tomou conhecimento dos lamentáveis acontecimentos ocorridos durante a partida de futebol entre Grêmio Anápolis e Centro Oeste, pela 12ª rodada da Divisão de Acesso do Campeonato Goiano. A ação desproporcional e violenta por parte da Polícia Militar, que culminou no disparo de uma bala de borracha contra o goleiro Ramón Souza, é inaceitável e deve ser veementemente repudiada. Este tipo de conduta vai contra os princípios básicos de segurança e integridade física que devem ser garantidos a todos os envolvidos no esporte.

Nos solidarizamos com o jogador, vítima desta ação desmedida, e com toda a equipe do Grêmio Anápolis, que presenciou e sofreu os impactos deste ato de violência. É inadmissível que profissionais do esporte, que dedicam suas vidas à prática e promoção do futebol, sejam expostos a situações de tamanha agressividade. Este episódio reforça a necessidade urgente de uma revisão nos procedimentos, garantindo que a atuação policial seja sempre pautada pelo respeito aos direitos humanos e pela proteção dos indivíduos.

Reiteramos nossa confiança na capacidade das autoridades competentes em conduzir uma investigação rigorosa e transparente, que leve à responsabilização dos envolvidos e à implementação de medidas que impeçam a repetição de tais fatos. É imperativo que se restabeleça a confiança na atuação policial, assegurando que episódios de violência não se tornem uma constante nos campos de futebol.

Por fim, destacamos nosso compromisso com a promoção de um ambiente seguro e justo para todos os profissionais e amantes do esporte. Continuaremos lutando por um futebol onde o respeito, a segurança e a integridade física e moral de todos sejam prioridades absolutas, reafirmando nossa posição contra qualquer forma de violência e abuso.”

Nota da Polícia Militar

“A Polícia Militar informa que, diante do ocorrido no final da partida entre Grêmio Anápolis e Centro-Oeste, foi determinada, de imediato, a abertura de um Inquérito Policial Militar (IPM) pela Corregedoria para apurar os fatos com o devido rigor.

Ressaltamos que o disparo efetuado foi feito com munição de elastômero, conhecida como “bala de borracha”, armamento menos letal.

A Polícia Militar de Goiás reafirma seu compromisso com o cumprimento da lei e reitera que não compactua com qualquer desvio de conduta praticado por seus membros.”

Nota do Grêmio Anápolis

“O Grêmio Anápolis vem a público repudiar o lamentável, ridículo e revoltante acontecimento, no Estádio Jonas Duarte, na noite desta quarta-feira (10), pela décima segunda rodada da Divisão de Acesso.

Após o final da partida contra a equipe do Centro Oeste, nosso goleiro Ramon Souza foi atingido de forma covarde por um tiro de bala de borracha, efetuado por um policial da Companhia de Policiamento Especializado (CPE).

Um ato horrível, inacreditável e criminoso de alguém que deveria prezar pela segurança e integridade das pessoas, que ali estavam no Estádio Jonas Duarte.

O dia 10 de julho fica marcado por um ato violento, sujo e horrível contra um de nossos jogadores, o que jamais será esquecido.

O GEA informa que entrará com medidas cabíveis, para que o responsável seja punido e que a justiça seja feita, para que este ato CRIMINOSO, não fique impune.

Nosso goleiro foi atendido em campo pelo médico do GEA, Dr. Diego Bento, que dentro da UTI móvel realizou os primeiros socorros.

Atualização: Após receber o atendimento, o goleiro Ramon Souza não corre risco de vida ou de perder a perna atingida.”

Ramón também veio à público, por meio de vídeo publicado no perfil oficial do Grêmio Anápolis no Instagram, falar sobre o episódio. Assista:

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