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CRIME EM IGREJINHA

Gatos mortos e remédio na comida do pai: os 6 pontos da investigação que levaram mãe de gêmeas à prisão

Delegado responsável pela investigação aponta as circunstâncias para suspeitar que a mãe envenenou as filhas de 6 anos

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Publicado em: 18/10/2024 às 15h:37 Última atualização: 18/10/2024 às 15h:54
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Na primeira fala pública sobre o caso, o delegado Ivanir Caliari, responsável por investigar a morte das gêmeas Manuela e Antônia Pereira, de 6 anos, elenca seis pontos que levaram à prisão temporária da mãe das meninas, Gisele Beatriz Dias, de 42 anos. Na fala, o delegado traz à tona circunstâncias que fortalecem as suspeitas de que a genitora envenenou as filhas

Gisele ao lado das filhas Manuela e Antônia em uma das raras aparições dela com as crianças nas redes sociais | abc+



Gisele ao lado das filhas Manuela e Antônia em uma das raras aparições dela com as crianças nas redes sociais

Foto: Redes sociais

Além dos seis fatores, Caliari descreve “coincidências” que chamam a atenção no caso, como o curto espaço de tempo entre as mortes – as crianças morreram em um intervalo de apenas 8 dias (entre 7 e 15 de outubro) –, o fato de a mãe estar sempre sozinha com as meninas no momento dos óbitos e a “aparente causa idêntica entre as duas mortes”.

Os 6 pontos da investigação:

1 – “Discussão por ciúmes da mãe em razão da boa relação do pai com as filhas: a mãe reclamava que o marido sempre ficava no lado das filhas quando havia conflito entre elas; após a primeira morte de MANOELA, a mãe não concordava em transferir a casa para a filha ANTONIA, conforme o pai passou a manifestar essa intenção.”

2 – “Relato junto aos profissionais da saúde no atendimento à mãe: tinha afeto somente em relação ao filho já falecido; não demonstrava emoção ou afeto, ou preocupação com as filhas (negava contato com elas quando oferecida ligação por chamada de vídeo); foi verificado que a mãe possuía perfil de conduta perversa.”

3 – “Relato de profissionais da Educação: o pai era presente, atencioso, amoroso e preocupado com o desempenho das filhas, enquanto a mãe era distante, aparentando indiferença.”

4 – “Denúncia caluniosa de estupro em 2023: outro fato relevante se dá em relação à denúncia feita pela mãe de abuso de que o pai abusava das crianças, no ano de 2023, ocasião em que o casal estava separado e que as gêmeas estavam sob a guarda do pai. Ao final das investigações, ficou constatado pela perícia do IGP [Instituto-Geral de Perícias] que as meninas não sofreram o abuso e que foram induzidas a falar o fato. Em seu depoimento na delegacia, por ocasião da morte das filhas, ao ser indagada, a mãe confessou que denunciou o marido pelo abuso para poder ficar com a guarda das crianças.”

5 – “Mistura de remédio na comida do pai: ainda em relação à conduta da investigada, a filha mais velha foi ouvida na delegacia e confirmou em depoimento não duvidar de que a mãe possa ter dado alguma substância para suas irmãs sem admitir essa conduta, na medida em que testemunhou por diversas vezes quando vivia junto com eles que ela misturava remédio na comida do pai, para que ele dormisse e não incomodasse.”

6 – “GATOS: outro fato constatado durante as investigações foi no sentido de que, há cerca de três meses, os três gatos pertencentes às gêmeas apareceram mortos no interior da casa sem qualquer explicação, ressaltando-se que os gatos eram domésticos e não saíam de dentro de casa.”

O delegado ainda revela os próximos passos da investigação, que seguirá com a “tomada de depoimentos, a remessa dos aparelhos telefônicos dos pais das vítimas ao gabinete de inteligência da PC [Polícia Civil] para extração e análises de vínculo, sendo importante destacar a importância da conclusão dos laudos periciais a serem emitidos pelo DML [Departamento Médico-Legal] e Laboratório do IGP”.

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O caso

As irmãs morreram com um intervalo de oito dias em Igrejinha. Gisele está presa desde a terça-feira (15), data da morte de Antônia. O juiz da 1ª Vara Judicial de Igrejinha, Diogo Bononi Freitas, decretou a prisão temporária da investigada. A prisão tem validade de 30 dias, ou seja, até a metade de novembro, quando poderá ser prorrogada por mais um mês.

Segundo a Superintendência dos Serviços Penitenciário (Susepe), na tarde de quinta-feira (17), ela foi encaminhada para a Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba.

A Defensoria Pública atuou na audiência de custódia. Caso ela não constitua advogado particular, a Defensoria Pública seguirá atuando no caso, mas irá se manifestar apenas nos autos do processo, que encontra-se em sigilo.

Além da prisão de Gisele, a Justiça determinou que o Hospital Bom Pastor forneça à Polícia todos os documentos médicos relativos à mãe das meninas. A mulher esteve internada na ala psiquiátrica da casa de saúde no mês de setembro. Ela ficou cerca de 15 dias.

Após a morte das gêmeas, a investigação policial ouviu funcionários da instituição, que relataram que a suspeita falava que iria machucar as filhas.

Suspeita de envenenamento

Há suspeita de que a causa da morte das gêmeas tenha sido envenenamento, segundo a Polícia Civil. “A hipótese principal é intoxicação externa, que pode ser medicamentos ou até veneno”, declara o delegado Cleber Lima, delegado porta-voz da investigação.

O pai das meninas foi ouvido na delegacia e liberado. De acordo com o delegado, não há indício de que ele pudesse ter participado do suposto crime. “É descartado pois [o pai] não estava em casa”, diz Lima sobre o momento das mortes. O homem teria chegado em casa e já encontrado a filha desacordada, nesta terça-feira. Assim como na morte da primeira menina.

O delegado destaca que já colheu depoimento de familiares e médicos, que dão conta de que a mãe “estava em surto”.

A confirmação da causa das mortes das gêmeas depende de perícia. Os corpos das duas meninas foram encaminhados para necropsia. A Polícia aguarda laudos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) que confirmará a causa das mortes. Procurado pela reportagem, o IGP afirmou que ainda não há previsão de liberação e que trabalha para finalizar todas as análises solicitadas.

O Ministério Público (MPRS) também afirma que o caso ainda é apurado e que “acompanha atentamente as investigações, aguardando os laudos periciais e demais atos e apurações para poder se manifestar”.

Meninas enterradas em Igrejinha

O corpo de Antônia foi velado e enterrado na manhã desta quinta-feira (17) em Igrejinha. A morte da criança, que aconteceu dias depois do falecimento da irmã gêmea, ainda é investigada pela Polícia Civil.

Antônia morreu na manhã de terça, após apresentar, segundo o Corpo de Bombeiros, sintomas parecidos com os que a irmã, Manuela, teve antes de morrer, no dia 7 de outubro. Ambas teriam tido parada cardiorrespiratória.

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O corpo da menina foi liberado pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) por volta das 16 horas desta quarta-feira (16). A Polícia aguarda os laudos para confirmar a causa das mortes. Manuela foi sepultada no mesmo local na semana anterior.

Colaborou: Kassiane Michel

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