A família do nordestino Eules da Silva Santos convive há 2 meses a angústia do desaparecimento do jovem de 22 anos. Em 20 de fevereiro, ele falou com a mãe, por telefone, e foi a última vez que ela teve notícias do filho.
De acordo com relatos de parentes, Santos trabalhava na área da construção civil e há cerca de cinco anos viajava por diferentes estados. Nesse período, ele não voltou para Piauí, sua terra natal, mas seguia o contato por ligações ou chamada de vídeo.
Recentemente, ele era contratado por uma construtora com sede em Santa Catarina. Mas conforme os familiares, desde janeiro Eules estaria trabalhando em Campo Bom, no Vale do Sinos, como montador de obras. Ele morava em uma residência com outros três colegas de empresa.
O desaparecimento foi registrado pela família dele no dia 27 de fevereiro na Polícia Civil de Luzilândia, no Piauí. Cidade vizinha de Joaquim Pires, onde Santos morava com a família. No entanto, a Polícia Civil gaúcha só teve conhecimento do caso em março, quando deu início a investigação.
Último contato com a família
No fim da tarde do dia 20 de fevereiro, ele falou com a mãe por telefone e depois não se comunicou mais com ninguém e seu paradeiro passou a ser um mistério. A família procurou por colegas do trabalho, que se limitaram a dizer que ele teria viajado para São Paulo. O delegado já ouviu algumas pessoas e destaca que Santos teria dito a um colega sobre a viagem.
Para a família, há contradições sobre o sumiço de Eules. Entre o desligamento da empresa e o desaparecimento, segundo os parentes, ele teria ficado na casa de um amigo do trabalho. O homem teria afirmado à irmã da vítima que o nordestino viajou para o estado paulista.
A família procurou por outras pessoas ligadas ao emprego dele, entre elas um supervisor de Santos. “O encarregado dele lá [empresa] falou que deixou ele na rodoviária e aí outro rapaz colega dele falou ele tinha ido sozinho para a rodoviária, então sei”, relata Antônio da Silva Filho, tio do desaparecido.
Furto e ameaças
Na busca por pistas do misterioso sumiço, a polícia gaúcha descobriu que o rapaz havia se envolvido em um caso de suposto furto de um colega. “Inicialmente nós apuramos que ele se envolveu em um furto de telefone celular no local em que estava trabalhando”, revela o delegado Rodrigo Camara, titular da Delegacia de Polícia de Campo Bom.
“Depois disso, ele teria pago um valor para a vítima, reconhecendo que subtraiu o aparelho mas que não estava mais com ele”, complementa o delegado.
De acordo com o tio da vítima, a família recebeu áudios com ameaças à vida do sobrinho. “Os caras ameaçaram ele de morte, falando que matariam ele aí [em Campo Bom]. Desde ninguém mais teve notícias dele. Ninguém sabe se está vivo ou morto, ou o que aconteceu”, conta o parente.
O delegado confirma que as ameaças aconteceram, mas não revelou detalhes. Porém, a reportagem teve acesso ao áudio. “A cabeça dele já foi pedida aqui. Tá ligado? Em bagulho pelo certo, independente da onde o cara ‘tá’, mas eu tenho que correr pelo certo. Ele sabe que nós não é criança não, pô”, diz trecho da gravação de um homem enviado a ex-companheira de Eules e compartilhada para a mãe dele.
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“A minha irmã [mãe da vítima] está arrasada sem saber notícia dele. Ela está sofrendo bastante, quer saber se mataram o filho dela ou o que aconteceu”, desabafa Antônio.
Camara afirma que a investigação está apurando todos os passos do jovem. “Não descartamos nenhuma hipótese”, pontua o delegado.
Desaparecimento e dúvidas
Conforme com a investigação, após o episódio do suposto furto no local de trabalho, Eules teria sido dispensado da construtora e, na sequência, teria viajado para São Paulo. A reportagem entrou em contato com a empresa, mas não teve retorno. O espaço está aberto para manifestação.
O tio de Santos confirma que além do valor de R$ 350 para ajudar na passagem para o estado paulista, a mãe do jovem também teria enviado dinheiro para ele pagar pelo celular furtado. O valor não foi divulgado.
A Polícia enfatiza que trabalha para apurar as informações.