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Emboscada ao cliente

"Família cristã": Veja o que alega garota de programa acusada de tortura e assalto a empresário em hotel de Novo Hamburgo

A mulher e três supostos comparsas estão recorrendo da condenação pelo ataque ao idoso

Publicado em: 08/12/2024 às 20h:02 Última atualização: 08/12/2024 às 20h:03
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Acusada de armar assalto contra um empresário de 73 anos em apartamento luxuoso de hotel no bairro Hamburgo Velho, em Novo Hamburgo, uma garota de programa de 34 anos nega envolvimento. A tese de defesa é extensa. Quase um ano após o crime, que teve sessão de tortura e agressões, Emanuele Marques e três supostos comparsas recorrem das condenações à prisão.

Setença saiu em setembro no Fórum de Novo Hamburgo | abc+



Setença saiu em setembro no Fórum de Novo Hamburgo

Foto: Arquivo/GES

A ré alega que, assim como a vítima, também foi surpreendida pelos assaltantes. No início do interrogatório, frisou que nunca havia tido passagem pela polícia. Salientou ser filha de policial militar e de “família cristã”. Relatou que o empresário foi apresentado por um amigo e era cliente dela há três anos. Disse ainda que o idoso a chamava com frequência para acompanhá-lo e que já havia pernoitado no apartamento por uma semana sem ter pego ou mexido em nada de valor do cliente.

A versão da condenada

Emanuele contou que, naquela noite de 12 de dezembro, pediu ao cliente para chegar pela garagem porque não queria “mostrar a cara” na recepção. Antes do portão ser aberto pelo hotel a mando do morador, segundo ela, três homens se aproximaram e subiram junto pelo elevador. Eram 21 horas.

Quando chegou ao apartamento, conforme disse, foi empurrada para o quarto, puxada pelos cabelos pelo ladrão de “olho furado”, amarrada e chamada de “vagabunda”. Detalhou que depois viu o empresário de joelhos, com a bermuda e cuecas abaixadas e os olhos vendados com uma camisa. Afirmou que, assim como o trio exigia Pix do morador, queria dela também.

Vítima acusa a acompanhante

O empresário declarou que a garota de programa está envolvida. Ou seja, que a pretexto de prestar serviços sexuais, ela armou uma emboscada. Segundo o idoso, enquanto era torturado por dois invasores, Emanuele revirava o quarto com o terceiro bandido. Os criminosos mandavam o morador fazer Pix, de 10 e 5 mil reais, que não dava certo por causa das chaves informadas, e ele ia sendo agredido com estocadas de faca, coronhadas de um revólver carregado, chutes e socos.

Os ladrões estavam irritados por não haver dinheiro no cofre. Para se livrar da tortura, que já durava 45 minutos, sugeriu que os ladrões levassem a carteira com pequena quantia em dinheiro e o cartão de crédito. Até passou a senha. O grupo pegou ainda o celular, controles da garagem e as chaves do carro da vítima, usado na fuga. Ao reafirmar que Emanuele estava com os assaltantes, disse que depois ficou sabendo que um deles era marido dela.

Idoso socorrido e grupo preso na saída

O empresário lembra que, quando não ouviu mais barulho, ainda amarrado, pediu socorro. Um funcionário do Hotel Swan Tower foi acudi-lo. O idoso foi levado para atendimento médico e precisou levar pontos na cabeça, que sangrava. A Brigada Militar, que já tinha sido avisada pela recepção do hotel sobre movimentação suspeita em um flat, surpreendeu os assaltantes na saída.

Os quatro foram presos quando saíam no carro da vítima pelo portão da garagem, na Rua Borges do Canto. Segundo a BM, foi necessário uso de armas de choque porque reagiram. Um deles estava com um revólver calibre 38 na cintura. Além dos objetos da vítima apreendidos, também foi recolhida para perícia a faca usada nas agressões, que havia ficado no apartamento, ensanguentada. Tinha sido tirada pelos bandidos do gaveteiro da cozinha do idoso.

Em nota, na época, o hotel da Avenida Maurício Cardoso informou que o morador deu acesso a uma visitante e foi surpreendido por outros três suspeitos. Destacou o treinamento dos funcionários e a agilidade com que chamaram a BM ao desconfiarem da movimentação atípica. “Os colaboradores da operadora são treinados a respeito de medidas de segurança e aplicaram todos os protocolos preconizados internacionalmente.”

Única em liberdade, a ré pegou a maior pena

No dia 25 de março deste ano, o então juiz da 2ª Vara Criminal de Novo Hamburgo, Guilherme Machado da Silva, expediu alvará de soltura para Emanuele com a condição de que não se aproximasse do empresário. Em 9 de setembro, foi condenada a nove anos e dois meses em regime fechado. Ela recorre em liberdade.

Na condenação, o juiz Ricardo Carneiro Duarte apontou contradições da ré. “Como se depreende das filmagens da chegada dos acusados ao local, em momento algum Emanuele aparenta estar agindo sob coação, mas sim de forma orquestrada, em conluio com os corréus. Além disso, sua declaração em juízo de que conhecia o corréu Nicolas do bairro onde moravam vai de encontro àquilo que dissera na fase inquisitorial, quando afirmou que nunca tinha visto os demais acusados”, despachou.

Dois confessaram e um ficou em silêncio

Nicolas Silva Assmann, 19, é o que estava com o revólver na cintura. Ele confessou o assalto. Alegou que estava precisando de dinheiro, mas disse que não gostaria de falar sobre detalhes do roubo. Pegou sete anos e seis meses em regime semiaberto. Tenta uma carta de emprego para só precisar pernoitar no presídio.

Alexandro dos Santos Silva, 24, também confessou sob alegação da necessidade de conseguir dinheiro e não quis detalhar o ataque. Recebeu oito anos e quatro meses em regime fechado. É a mesma pena de Ruan Anderson Figueiredo, 19, que ficou em silêncio no interrogatório.

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