A Polícia Civil de Novo Hamburgo remeteu ao Poder Judiciário o primeiro procedimento instaurado para investigar uma mulher de 31 anos contratada pela Prefeitura como médica veterinária para atuar em um abrigo de animais resgatados durante a enchente de maio. A acusada trabalhou por cerca de um mês se passando por médica veterinária, chegando a ocupar a função de chefe da equipe de profissionais que atuava no abrigo montado junto ao antigo Hotel da Fenac.
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Além de se identificar como veterinária, a mulher assumiu a responsabilidade pela gestão das doações em dinheiro feitas pela comunidade para atender às necessidades dos cães e gatos abrigados no local. A falta de prestação de contas sobre os valores arrecadados gerou desconfiança entre os voluntários, que denunciaram a suspeita. Ela chegou a ser detida pela Brigada Militar e encaminhada à Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Novo Hamburgo.
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Após a verificação dos fatos, a delegada Marina Goltz, da 2ª Delegacia de Polícia de Novo Hamburgo, concluiu que a mulher praticava o exercício ilegal da profissão, confirmando que ela não é médica veterinária, como alegava aos voluntários e à imprensa. A ausência de registro profissional, apontada inicialmente pelos próprios voluntários, foi confirmada pela investigação policial. O registro profissional junto ao Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná (CRMV/PR) apresentado por ela à Prefeitura no ato da efetivação é falso.
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Com a conclusão dessa fase, a Polícia Civil encaminhou o termo circunstanciado à Justiça em agosto. O procedimento tramita no Fórum de Novo Hamburgo desde então. No mês passado, uma primeira audiência sobre o caso foi realizada pelo Juizado Especial Criminal (Jecrim), que é vinculada à 2ª Vara Criminal da Comarca de Novo Hamburgo.
Mulher é investigada por outros dois crimes
Além de estar sendo processada por atuar como veterinária sem qualificação técnica, a mulher também é alvo de outra investigação. Conforme a delegada, a Polícia apura se houve apropriação dos valores das doações feitas pela população. “Neste inquérito, estamos verificando o possível desvio ou utilização para fins pessoais de valores recebidos como doação para animais resgatados da enchente”, detalha.
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Conforme a delegada que conduz o inquérito, essa é uma investigação mais demorada e que demanda provas mais robustas e técnicas. Uma dessas provas será alcançada com a quebra de sigilo bancário da acusada, que já foi autorizada pela Justiça. “Solicitamos a quebra de sigilo bancário, foi deferida, e estamos aguardando os dados solicitados ao banco”, afirma a chefe da 2ª DP de Novo Hamburgo.
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Caso a apuração confirme desvios, a mulher poderá ser indiciada por apropriação indébita e estelionato, ampliando as possíveis responsabilizações criminais no caso. O ABCmais fez contato com a defesa da falsa veterinária, que não se manifestou até o momento da publicação desta matéria. O espaço segue aberto para posicionamento.
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