O mototaxista de 46 anos baleado em assalto na noite da última quinta-feira (1º) no bairro Jardim Panorâmico, em Ivoti, ficou com um projétil alojado no abdômen. E com medo de voltar ao trabalho. Há 25 anos na atividade, o morador de Novo Hamburgo desabafa: “Esse foi o terceiro assalto. Já perdi uma moto e duas foram recuperadas. Já ajudei muitas pessoas durante a noite, levando até de graça. Devido à escalada da violência, estou pensando em parar com essa profissão”.
Os gritos por socorro ecoaram nas imediações da Rua Riachuelo. Enquanto era levado ao hospital pela Brigada Militar, o ladrão fugia com a moto. Outra equipe da corporação prendeu o criminoso na BR-116, no limite entre Estância Velha e Novo Hamburgo, com a moto roubada. O assaltante, que tem 31 anos, portava uma garrucha calibre 32. O nome e antecedentes criminais não foram informados.
Abalado, com limitações físicas e necessidade de acompanhamento médico para uma futura cirurgia, o mototaxista conta como foi o ataque. Pede para não ser identificado.
Como o assaltante pediu a corrida?
Vítima – Estava na estação do trem no terminal NH (a última, quase em frente ao shopping) , como de costume, quando surgiu esse indivíduo que eu nunca tinha visto na minha vida. Pediu uma corrida para Estância Velha, perto do estádio Flor da Rosa. Falou que tinha saído do trabalho e o ônibus iria demorar. Então ele pagou adiantado e segui no ofício do meu trabalho. Passando pelo estádio, continuei até o último bairro. Quando falou que era mais adiante, eu disse que iria ser mais caro, porque estávamos chegando a Ivoti. Respondeu tranquilamente que não tinha problema. Um pouco adiante, ele disse para dobrar à esquerda, rumo ao bairro (Jardim) Panorâmico.
Como foi o assalto?
Vítima – Seguimos até a última rua, onde me deu o valor de diferença de destino e ficou parado na frente de duas residências, dizendo que a irmã ou mãe não estavam em casa. Pediu pra voltar um pouco porque iria tomar cerveja num bar. Dei o capacete de novo e subiu na minha carona. Andei duas quadras, voltando pelo mesmo caminho, e pediu para parar numa esquina. Desceu quieto, sacou a arma e, quando eu fui me virar para pegar o capacete, escutei o estouro. Soltei a moto, que caiu no chão, olhei para ele e vi que estava apontando uma arma para mim ainda e vi ele puxando o gatilho novamente, mas não deu estouro. Aí resolvi sair correndo para pedir socorro antes de perder muito sangue e cair sem conseguir ajuda.
Para onde você foi?
Vítima – Corri uns 200 metros, gritando por socorro. Ninguém aparecia para ver o que tinha acontecido. Daí numa das últimas casas gritei fui no portão e vi que estava aberto, então eu entrei e bati desesperadamente na porta, mas não tinha ninguém. Fui até a cerca que dividia os terrenos, ainda gritando por socorro, pois eu não sabia quanto já tinha perdido de sangue, quando o vizinho do lado veio na janela ver o que estava acontecendo e viu que eu estava dentro do pátio. Eu falei que trabalhava de mototaxi em Novo Hamburgo e tinha sofrido um assalto naquela rua. Que estava baleado. Ele ficou apreensivo. Então mostrei para ele o sangue na minha roupa e ele chamou socorro. Logo chegou a Brigada Militar que, vendo a situação, me levou de imediato para o hospital. Agradeço esse vizinho e os militares que foram muito rápido. Muito obrigado a eles e a Deus por estar vivo.
Como você se sente?
Vítima – Muito apavorante tomar um tiro. Passam mil coisas na cabeça. Fiquei pensando na minha família, assustado, com dor, sangrando bastante, mas graças a Deus consegui manter a calma e achar uma nobre pessoa que me socorreu.
E seu estado de saúde?
Vítima – No hospital fizeram raio x e tomografia, onde foi constatado que o projétil ficou alojado na parede do abdômen sem penetrar e atingir algum órgão, o que poderia ser fatal, mas tenho muita fé em Cristo e na salvação eterna
Como está a recuperação?
Vítima – Dolorosa. Os médicos falaram que com o tempo o organismo vai expelindo ele (projétil) para fora e que, quando estiver mais superficial, fica sem perigo e mais fácil pra tirar via cirurgia sem muito risco.
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