A estudante de direito Samanta Goulart Ludwig, 23 anos, que foi baleada em um assalto na RS-239, em Novo Hamburgo, logo após sair da Universidade Feevale na noite da última segunda-feira (2), segue hospitalizada no Hospital Municipal, sem previsão de receber alta.
Apesar de o caso ainda inspirar cuidados, Samanta já saiu da unidade de terapia intensiva (UTI) e, por isso, aceitou conceder a primeira entrevista à imprensa. Com exclusividade, a jovem conversou com o ABCmais na tarde deste sábado (7), por meio de uma videochamada. Durante a entrevista, a estudante deu detalhes do assalto e contou como está o processo de recuperação. Ela também falou sobre os planos para o futuro. (Assista ao vídeo no fim da matéria).
Puxão na mochila, arma apontada e fuga na contramão antes do tiro
Logo após sair da Feevale, a estudante seguiu o roteiro de todos os dias: saiu pela RS-239, fez o retorno no viaduto do bairro São Jorge, e ia em direção à BR-116, para seguir rumo à sua casa, no bairro Liberdade, em Novo Hamburgo.
Entretanto, logo após passar pela frente da Feevale, Samanta foi abordada pelos dois assaltantes em uma moto Hornet escura. Ela conta que percebeu a aproximação da moto e chegou a abrir caminho, indo para a pista da direita, para que a moto que vinha logo atrás, em alta velocidade, passasse pela faixa da esquerda. O que ela não esperava era que os homens queriam mesmo era alcançá-la.
“Foi questão de alguns segundos, quando percebi alguma coisa me puxando. Quando olho para o lado, era o caroneiro puxando a gola da minha mochila e apontando a arma para mim, dizendo para parar a moto”, revela. Samanta afirma que sua reação foi frear e tentar fugir. “Infelizmente tive a reação de fugir. Podia ter parado e entregado a moto”, pontua.
Durante a fuga, a universitária conseguiu ingressar na pista do sentido contrário para escapar pela contramão. Assim que Samanta realizou a manobra com o intuito de impedir o assalto, o caroneiro realizou o disparo. “No que consegui entrar no retorno [e seguir na contramão], ouvi o barulho do tiro. Parecia que tinha pegado no tanque da moto, porque a explosão foi muito alta. Mas, logo em seguida, comecei a sentir uma queimação, uma dor absurda. Eu botava a mão na minha barriga e parecia que sentia o vento passando de um buraco para o outro”, detalha.
Temendo a morte, Samanta ligou para a mãe para se despedir
Mesmo ferida, a jovem seguiu a fuga até sucumbir às margens da 239. “Segui até que não sentia mais minhas pernas e me joguei na vala”, frisa. Assim que caiu, Samanta conta que um casal em um veículo parou para lhe ajudar, mas foi advertido pelos assaltantes. “Um deles [dos assaltantes] falou para o motorista voltar para o carro que isso era uma assalto”, relembra.
A estudante afirma que foram momentos de apreensão e angústia. Segundo ela, a única coisa que pensou naquele momento foi ligar para a mãe, Nadir Leite Goulart. “A primeira reação que tive foi ligar para minha mãe para me despedir dela, falar o que tinha acontecido, e dizer que a amava muito. A sensação que estava sentindo era de que eu ia ficar ali. Tinha certeza que ia morrer”, revela.
Foco na recuperação e em concluir projetos: “Sonho ser promotora de Justiça ou delegada”
Passado o período crítico de recuperação, Samanta Ludwig afirma que está otimista na recuperação plena, apesar de ainda não conseguir se manter de pé e caminhar. Ela já iniciou as sessões de fisioterapia dentro do próprio hospital e percebe leves, mas importantes sinais de recuperação dos movimentos das pernas. “O pensamento, no momento, é melhorar e voltar para casa. Semana que vem é meu aniversário e gostaria muito de passar em casa”, projeta.
A universitária espera que o episódio não lhe impeça de concluir o curso de direito, cuja formatura está prevista para acontecer em janeiro de 2025. Depois da formatura, Samanta afirma que começará a se preparar para concursos. “Tenho o sonho de ser promotora de Justiça ou delegada. Entrei na faculdade com esse intuito, quando sair daqui e conseguir me formar, vou me focar em concursos para isso”, garante.
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