INVESTIGAÇÃO

Encontro de ossada feminina no Vale do Sinos é cercado de mistério

Família da advogada Alessandra Dellatorre, desaparecida há quase dois anos, foi avisada pela Polícia e aguarda resultado da perícia

Publicado em: 10/06/2024 21:38
Última atualização: 10/06/2024 21:39

O encontro de uma ossada feminina no Vale do Sinos é cercado de intrigante sigilo. A Polícia Civil, que mantém mistério até sobre o local, confirmou a localização do cadáver na sexta-feira (7) em São Leopoldo, mas informações surgidas nesta segunda-feira (10) indicam que teria sido em Sapucaia do Sul.


Caso é investigado pela Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) de São Leopoldo Foto: Diego da Rosa/GES-Arquivo

Em meio à investigação sigilosa, a família da advogada Alessandra Dellatorre, desaparecida há quase dois anos, foi avisada sobre a perícia que será feita nos restos mortais.

Na sexta-feira à noite, a delegada de Homicídios e Proteção à Pessoa de São Leopoldo, Mariana Studart, confirmou à reportagem que uma ossada havia sido encontrada durante o dia na cidade. Observou, porém, que não tinha outras informações, inclusive as básicas, como o endereço. “Não tenho em mãos a ocorrência no momento”, disse ela. E complementou: “somente na segunda-feira”.

Questionada então na tarde desta segunda, ela disse que não era possível falar a respeito: “O caso está sob sigilo por enquanto”. Perguntada se foi em São Leopoldo ou Sapucaia, reiterou o “sigilo”. O cadáver, que estava só em ossos, é considerado de mulher por causa de características como as da bacia. Foi levado ao Instituto Médico-Legal, em Porto Alegre, para exame de DNA.

Advogado acredita em resultado nos próximos dias

“Acredito que nesta semana saia o resultado”, comenta o advogado da família de Alessandra, Matheus Trindade, sobre a identificação da ossada. Ele foi avisado na sexta-feira à tarde sobre a localização dos restos mortais. “Pelo que lembro, a informação que recebemos é que foi em Sapucaia, mas não sei precisar onde. Foi uma conversa muito rápida.”


Alessandra Dellatorre não é vista desde julho de 2022 Foto: Arquivo pessoal

Trindade frisa que não é o primeiro exame de DNA para confrontar o material genético de Alessandra. “Apareceu ossada feminina, entro em contato com a Polícia para confirmar ou descartar.” Ele exemplifica o caso do corpo de uma mulher encontrado em uma mala em Caxias do Sul, em agosto do ano passado. “Nos enviaram mensagens de que era a Alessandra, que tinha sido desovada lá.” O DNA apontou que se tratava de outra mulher, de 33 anos, executada por facção do tráfico de drogas.

Alessandra saiu para uma caminhada e não voltou

Alessandra sumiu quando saiu de casa, no bairro Cristo Rei, em São Leopoldo, na tarde de 16 de julho de 2022, para fazer uma caminhada . A diferença, naquele sábado, foi o trajeto escolhido pela advogada. Normalmente, segundo a família, a jovem ficava apenas na Avenida Unisinos. No dia do desaparecimento, de acordo com testemunhas, ela teria sido vista entrando em área de mata na Estrada do Horto, que liga São Leopoldo a Sapucaia do Sul.


Alessandra saiu para caminhar na tarde de 16 de julho Foto: Reprodução

Com esperança de encontrar Alessandra viva, a mãe, Ivete publicou nas redes sociais, no último dia 4, uma recompensa de R$ 15 mil por informações que levem ao paradeiro da filha. “Ajude-nos a encontrá-la. Sua informação pode ser determinante para trazê-la de volta para nossa casa.” A mãe também lamentou, no dia 10 de maio, que Alessandra não estava em casa para comemorar o aniversário de 31 anos.

Exame deve ser feito também para Jéssica

Outra identidade que deve ser checada por material genético é da moradora de Sapucaia do Sul Jéssica de Oliveira, 30. Ela saiu para fazer um programa em Novo Hamburgo, no início da tarde de 1 de fevereiro deste ano, e desapareceu.


Moradora de Sapucaia do Sul, Jéssica de Oliveira desapareceu em Novo Hamburgo Foto: Reprodução

O último contato foi por uma chamada de vídeo, às 14h41, com o filho de 5 anos e uma irmã adolescente, quando estava no bairro Lomba Grande. Estava no carro dela, um Polo branco. No banco do carona, havia um homem de braço tatuado.

Por volta das 21h30 do dia seguinte, o Polo foi encontrado incendiado em mata de difícil acesso à margem da Rua Presidente Lucena, bairro Primavera, sem vestígios de vítima. A mãe está aflita. “A quem fez mal para ela, imploro para que tragam minha filha”, declara a cozinheira Rita Cássia de Oliveira, moradora de São Leopoldo.

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