A mãe da menina de 6 anos sequestrada pelo próprio pai no bairro Primavera, em Novo Hamburgo, acredita que o ex-marido cometeu o crime por vingança. “Ele nunca aceitou o fim do relacionamento. Logo que nos separamos, há um ano, comecei a trabalhar para seguir a vida. Comprei um carro e ele botou fogo no meu carro”, declara a auxiliar de produção de 30 anos.
O motorista de aplicativo de 42 anos foi preso na tarde desta segunda-feira na cidade de Paulo Lopes, no litoral de Santa Catarina, uma semana após mandar dois homens, sob ameaça, arrancar a filha dos braços da avó. A criança foi resgatada.
“Quem ama não faz isso. Sempre teve direito de ver a filha.” A auxiliar de produção conta que, no início do relacionamento, o homem não era agressivo. “Quando começou a me agredir, tive que pedir medida protetiva”, acrescenta a mãe.
O homem já tinha fugido com a filha no fim de março. Com autorização para ficar com ela na Páscoa, não a devolveu à mãe e foi flagrado dois meses depois também em Paulo Lopes, durante barreira policial. Estava trabalhando, com dois passageiros no carro, e a criança junto. A Polícia suspeitou e descobriu que havia mandado de busca da menina.
O arrebatamento
O pai não foi preso na ocasião, mas perdeu o direito de ver a filha. “Com medo de que fizesse de novo, contratei uber para levar e buscar a (nome da criança) à escola, sempre com minha mãe junto, todos os dias. Mas não imaginava que fosse agir com essa violência contra a própria filha.” Após sete anos com o motorista de app, ela decidiu se separar em junho do ano passado.
Por volta das 17 horas do último dia 10, dois homens trancaram a frente do transporte de aplicativo quando chegava à casa da família, no bairro Primavera, e arrancaram a menina dos braços da avó. Um fez menção de estar armado. “Pegou minha filha pela cabeça, puxou pelos braços e jogou no carro. Ela gritava que não queria ir. Fui avisada no trabalho. Fiquei desesperada”, relata a mãe. Os sequestradores estavam em um Sandero branco, conduzido por um terceiro envolvido.
Delegado destaca a prioridade da captura
Agentes da 1ª Delegacia de Polícia de Novo Hamburgo prenderam o homem por volta das 12h30 em Paulo Lopes, a 50 quilômetros de Florianópolis. Ele foi surpreendido na rua, quando ia ao mercado, e algemado. Na casa onde estava morando de favor, nas proximidades, os policiais resgataram a menina, na companhia de uma mulher.
Em carros separados, pai e filha chegaram no início da noite a Novo Hamburgo. Ele foi para o presídio. A criança, que se mostrava alegre e falante durante a viagem, retornou aos braços da mãe.
“A prisão preventiva dele foi decretada e ficamos vários dias apurando o paradeiro. Era a prioridade da nossa equipe. Não se trata apenas de um crime de rapto, mas também de danos psíquicos a uma criança, que acaba sendo exposta a um trauma por quem deveria lhe dar segurança e proteção”, declara o delegado da 1ª DP, Tarcísio Kaltbach.
Ele frisa que, no trabalho de monitoramento do procurado, a delegacia de Novo Hamburgo contou com a parceria da Unidade de Inteligência Policial do Deinter 8, da cidade paulista de Presidente Prudente. O nome do preso não é publicado para preservar a identidade da criança.
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