JÚRI POPULAR

Dois são condenados por tentar matar as companheiras em Novo Hamburgo

Os acusados, conforme os processos, estavam sob efeito de cocaína e agiram pelo "sentimento de posse" sobre as mulheres

Publicado em: 15/07/2024 17:23
Última atualização: 15/07/2024 17:24

Um homem de 51 e outro de 41 anos foram condenados, em júris no intervalo de cinco dias, por tentar matar as companheiras em Novo Hamburgo. Nos dois casos, conforme o processo, os réus estavam sob efeito de cocaína e agiram pelo “sentimento de posse” sobre as mulheres. Os crimes aconteceram no bairro Canudos. Os nomes não são publicados para preservar a identidade das vítimas.


Dois são condenados por tentar matar as companheiras em Novo Hamburgo Foto: Susi Mello/GES-Especial

O réu mais velho pegou oito anos e quatro meses de reclusão em regime fechado, no último dia 9, mas pode recorrer em liberdade. Na noite de 11 de janeiro de 2017, ele espancou a mulher, com quem estava junto há dez anos, por não aceitar o fim do relacionamento. A vítima foi surpreendida ao abrir a porta da casa, na Rua João Neves da Fontoura, por volta das 22h30, e puxada pelos cabelos para a calçada, onde passou a ser agredida com socos e chutes.

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A vítima e testemunhas acreditam que o espancamento não terminou em morte porque um vizinho, alertado pelos gritos de “socorro”, interveio. O agressor estaria com um galão de gasolina para atear fogo nela. A deixou na rua, com o rosto desfigurado, e fugiu. A mulher ficou 12 dias hospitalizada, com fraturas no rosto. Conforme ela e familiares, o homem era usuário de cocaína.

O retorno pacífico

Na época, a vítima disse ter medo de ter outro relacionamento por causa do réu. Declarou que “se sentia impedida de viver”. Cerca de três anos depois, em razão de um acidente de trânsito que deixou um filho do casal cadeirante, o agressor retornou. A própria vítima autorizou, porque o jovem pediu para voltar a ter contato com o pai. O homem passou a frequentar a residência para dar banho no filho.

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A reaproximação e a convivência pacífica, expostos no júri, foram os principais argumentos para o juiz Flavio Curvello de Souza conceder o direito de recorrer em liberdade, pois denotariam que o acusado não oferece mais riscos.

“Hoje em plenário, a vítima e a filha manifestaram desejar que o processo se encerrasse, não demonstrando interesse na condenação do réu ou receio de alguma eventual conduta por parte dele, tanto que hoje depuseram na presença do acusado, não sentindo qualquer constrangimento. Frise-se que a vítima afirmou que atualmente possuem bom relacionamento”, considerou o magistrado.

Réu arrombou apartamento e espancou a mulher

No júri do último dia 4, o réu foi condenado a nove anos e dois meses, reduzidos para sete anos e três meses, pelo tempo já preso. Ele se entregou aos policiais na madrugada do crime, há quase dois anos, após arrombar a porta do apartamento e espancar a companheira. O regime é o semiaberto. O juiz Flavio Curvello de Souza não permitiu que recorra em liberdade.

“Além de ter respondido todo o processo preso, materialidade se faz presente e indícios suficientes da autoria se fortalecem com a condenação na data de hoje. Outrossim, o próprio acusado usou, em sua tese pessoal, que o fato decorreu de sua dependência química, de sorte que o mesmo informou que atualmente não está fazendo tratamento médico. Além disso, a vítima também sustentou, em plenário, que teme pela sua integridade física e pela sua vida, caso o acusado fosse colocado em liberdade”, fundamentou.

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A tentativa de feminicídio aconteceu por volta das 3 horas de 22 de agosto de 2022. O acusado passou pelo porteiro do condomínio, na Rua Sapiranga, e violou a porta da residência, pois não tinha a chave. A mulher acordou com ele no quarto e passou a levar socos na cabeça. Enquanto batia, o homem dizia que queria “saber a verdade”. A vizinhança acordou com os gritos. A Brigada Militar foi chamada.

Segundo a mulher, quando o companheiro pegou uma tesoura, pensou que seria morta e conseguiu fugir pelas escadas. Ensanguentada, foi acudida por um tio que mora no prédio. O agressor ficou no sofá do apartamento. Quando os policiais chegaram, se entregou. Alegou que bateu na companheira porque pensou que ela queria interná-lo em clínica de reabilitação para dependentes químicos. Disse que não queria matá-la. A vítima foi hospitalizada e se recuperou sem sequelas.

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