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CRIME ORGANIZADO

DEFENSORA DA MORTE: Advogada de Canoas é presa pelo fuzilamento de cliente no Vale do Caí

A criminalista de 44 anos e outros 15 investigados foram capturados na manhã desta terça-feira em operação contra homicídios

Publicado em: 12/03/2024 às 21h:34 Última atualização: 12/03/2024 às 21h:35
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Uma advogada trabalhou pela soltura de um cliente para ele ser morto e ainda participou diretamente do homicídio. O insólito plano, executado no início do ano no Vale do Caí, resultou na prisão de uma criminalista de 44 anos na manhã desta terça-feira (12). Ela mora e tem escritório em Canoas. Outros 15 investigados foram capturados na Operação 5º Mandamento, que apura onda de assassinatos na Serra motivada por uma guerra do tráfico. 

Corpo ficou no carro da criminalista, estacionado na frente de um restaurante na RS-122 | abc+



Corpo ficou no carro da criminalista, estacionado na frente de um restaurante na RS-122

Foto: Brigada Militar

A advogada foi surpreendida às 7 horas em casa, no bairro Estância Velha, com um mandado de prisão preventiva. Segundo o delegado de Bom Princípio, Marcos Pepe, a criminalista foi pivô da morte do cliente Bruno Minozzo da Silva, 33, apontado como um dos líderes do tráfico na Serra.

Na manhã de 6 de janeiro, ela foi buscar o apenado no Presídio Regional de Caxias do Sul. Havia conseguido a progressão do cliente para o regime semiaberto. Com uma tornozeleira eletrônica recém-instalada, Minozzo entrou no carro da defensora, um Gol preto, que o levaria a Porto Alegre.

Emboscada na hora do almoço

Os dois pararam para almoçar em um restaurante à margem da RS-122, em Bom Princípio. Foi só o carro estacionar e a advogada descer, que três homens armados desceram de uma caminhonete SUV dourada. O apenado levou mais de dez tiros de fuzil no banco do carona.

A advogada não se feriu. “Ela forneceu informações privilegiadas e acompanhou a soltura do preso para possibilitar a execução dele”, declara o delegado.

Minozzo tinha extenso histórico criminal. Além de tráfico, respondia por homicídios, porte ilegal de arma, roubo, ameaça e lesão corporal. Pepe revela que bens e contas bancárias da advogada foram bloqueados. Um telefone celular foi apreendido para a sequência das investigações. O nome da indiciada não é informado por conta da Lei de Abuso de Autoridade.

Mulher estaria ligada a líder preso no Rio de Janeiro

Três dias após a execução em Bom Princípio, um dos principais traficantes da Serra gaúcha foi capturado na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Osni da Conceição, o Dudu, 42, vivia em um apartamento perto do mar com nome falso desde que saiu do presídio de Caxias do Sul e rompeu a tornozeleira eletrônica, em fevereiro de 2020.

A advogada investigada teria relação com o foragido, já condenado por homicídios e denunciado por pelo menos outros dois. Ele também possui indiciamentos por tráfico, corrupção de menores e outros crimes. Segundo a Polícia, durante o período em Copacabana, Dudu seguiu coordenando o tráfico de drogas e determinando a execução de rivais.

Pelos elos que deixou no esconderijo, mandados de busca e apreensão foram cumpridos nesta terça no Rio de Janeiro pela Operação 5º Mandamento, da Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) de Caxias do Sul e DP de Bom Princípio.

Droga, dinheiro e armas de grosso calibre

Durante as 16 prisões, a maioria em Caxias do Sul, foram apreendidos dinheiro, crack, cocaína, dez automóveis, duas motos e armas de grosso calibre, como um fuzil calibre 556 e duas espingardas. Um dos grupos envolvidos na guerra do tráfico tem ligação com a facção do Vale do Sinos que comanda o tráfico em presídios na maior parte do Estado.

Material foi apreendido na manhã desta terça-feira | abc+



Material foi apreendido na manhã desta terça-feira

Foto: Polícia Civil

Os investigados responderão pela prática dos crimes de homicídio, tráfico de drogas, associação para o tráfico, organização criminosa e lavagem de dinheiro, com penas previstas que podem ultrapassar 50 anos de reclusão.

Mais de 60 policiais civis foram mobilizados. Também foram executadas 24 ordens de bloqueio de contas bancárias e sequestro de bens, avaliados em mais de meio milhão de reais. O nome da operação diz respeito ao mandamento bíblico “não matarás”.

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