abc+

SEGURANÇA

Deam completa 4 anos em São Leopoldo com mais de 10 mil ocorrências registradas

Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher, inaugurada no dia 9 de dezembro de 2019, fica na Rua São Paulo, no Centro

Renata Strapazzon
Publicado em: 19/12/2023 às 07h:23 Última atualização: 19/12/2023 às 07h:24
Publicidade

O número de ocorrências registradas, e que ultrapassa os 10 mil de dezembro de 2019 até agora, demonstra a importância de um equipamento de segurança pública que foi esperado por mais de duas décadas em São Leopoldo. A Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) completou, no último dia 9 de dezembro, quatro anos em funcionamento na cidade.

De lá para cá, além dos 10.135 registros de ocorrência de violência doméstica, foram ainda 6.652 inquéritos policiais instaurados e 223 agressores presos.

Deam completou quatro anos de atividades no último dia 9



Deam completou quatro anos de atividades no último dia 9

Foto: Renata Strapazzon/GES-Especial

As estatísticas, apesar de altas, ainda não refletem com exatidão o cenário deste tipo de violência na cidade e que atinge mulheres das mais variadas idades e de todas as classes sociais. Titular da Deam, a delegada Michele Arigony acredita que o total de vítimas que procuram a delegacia seja apenas 10% de todas aquelas que sofrem algum tipo de violência dentro de casa. “Por isso, o nosso maior desafio continua sendo, até hoje, buscar por estas mulheres que não vêm até a delegacia”, diz.

Para a delegada, entre os motivos que afastam as mulheres na busca por ajuda está, entre outros, a desinformação. “Muitas não sabem o que é crime, acreditam que violência seja apenas aquela que deixa marcas, o que não é verdade. Há a violência psicológica, a humilhação, aquilo que elas não percebem como uma violência e que acabam naturalizando”, conta.

“Quando esta mulher se percebe como vítima, ela deve procurar ajuda. Nós não estamos aqui para julgar. Só esta mulher sabe o que ela está passando. E nós atendemos todos os casos com urgência, para dar celeridade à demanda desta vítima”, frisa Michele.

Conforme ela, dentre os casos que chegam até a especializada, a maioria são relatos de ameaças, vias de fato, lesão corporal, violência psicológica e injúria, além de descumprimento de medida protetiva. Para prevenir novos casos e levar conhecimento às vítimas, a delegada aposta na divulgação da informação, realizando palestras em escolas e empresas e panfletagem em diferentes pontos da cidade. “Temos uma equipe dedicada, formada por pessoas com perfil para trabalhar nesta matéria e comprometida para melhor atender a estas mulheres”, destaca a delegada.

Atendimento

A Deam de São Leopoldo fica na Rua São Paulo, 970, no Centro, e funciona de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 11h30 e das 13h30 às 17h30. No local, são feitos atendimentos e registros de ocorrências que envolvam violência de gênero que ocorra no ambiente doméstico ou familiar e crimes sexuais em que a vítima seja mulher.

.



.

Foto: Reprodução

Na Deam, os atendimentos são feitos, preferencialmente, por policiais femininas. Ao todo, seis mulheres e três homens formam a equipe de policiais que trabalham na especializada. Fora do horário de atendimento da Deam e nos fins de semana, as ocorrências são registradas na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), na Sala das Margaridas, um espaço reservado para o acolhimento às vítimas de violência doméstica.

Desinformação afeta registro de ocorrências

Para a delegada Michele, a desinformação ainda é um dos principais fatores que afetam o registro de ocorrências, especialmente de determinados tipos de crimes, como os sexuais. “Muitas mulheres acreditam que têm o dever de satisfazer sexualmente seus maridos. Elas precisam saber que não havendo consentimento, mesmo sendo marido e mulher, é violência sexual. E este crime acontece dentro de casa”, ensina.

Ex-companheiros e filhos entre os agressores

Dos casos que chegam até a delegacia, grande maioria são crimes praticados por ex-companheiros das vítimas. “Principalmente os que não aceitam o fim do relacionamento ou que veem a ex-companheira em uma nova relação. Casos relacionados com possessividade”, esclarece a delegada.

No entanto, segundo ela, há também crimes praticados por filhos contra as próprias mães. “Temos muitos registros onde os agressores são filhos usuários de drogas”, completa Michele.

Feminicídios

Em quatro anos, São Leopoldo registrou, segundo dados da Deam, cinco feminicídios consumados e 19 tentados. Em 2023, o único feminicídio consumado na cidade teve como vítima a técnica de enfermagem Márcia Regina Biehl, 45 anos. O caso aconteceu no dia 27 de janeiro. Principal suspeito do crime, o companheiro de Márcia, um homem de 55 anos, foi capturado por agentes da Deam cinco dias depois e segue preso.

Moradora do bairro Scharlau, Márcia chegou a ser levada ao Hospital Centenário pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Segundo a Polícia Civil, o próprio companheiro acionou o socorro e teria relatado que a mulher havia tentado suicídio.

Publicidade

Matérias Relacionadas

Publicidade
Publicidade