Investigação
Corpo de idoso que morreu em casa geriátrica de Canoas é exumado; áudios revelaram maus-tratos e tortura
Telmo de Mattos, 84 anos, morreu cinco dias antes de operação que interditou local por maus-tratos a idosos
Última atualização: 19/11/2024 17:22
O corpo de um idoso de 84 anos foi exumado nesta terça-feira (19). Telmo de Mattos morreu o dia 23 de setembro, cinco dias antes da prisão de duas cuidadoras suspeitas de cometer tortura contra idosos hospedados em um lar geriátrico de Canoas.
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Conforme o delegado Maurício Barison, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) da cidade, os exames periciais podem comprovar se Mattos teria falecido em decorrência de agressões sofridas no estabelecimento.
Durante a apuração, foi contatado que o idoso era vítima das agressões registradas nos áudios obtidos pela Polícia Civil na época que o caso veio à tona. Além das prisões, a operação resultou na interditou da casa geriátrica e realocou os idosos internados.
“A exumação foi conduzida pela Justiça porque há elementos que indicam que pode ter morrido em decorrência das agressões”, confirma Barison. “Agora será preciso aguardar até a conclusão do trabalho do IGP [Instituto-Geral de Perícias]”, conclui.
Enquanto isso, as duas suspeitas de agredir e ameaçar os idosos permanecem detidas. “Elas foram presas preventivamente na época e continuam na penitenciária”, confirma.
Relembre o caso
No dia 27 de setembro de 2024, a Polícia Civil prendeu em flagrante duas mulheres pelo crime de tortura contra idosos. Ambas desempenhavam na época a função de cuidadoras de uma casa geriátrica.
A ação foi executada após a Polícia obter áudios que comprovavam agressões verbais e físicas praticadas contra os idosos na residência. A operação organizada pela DP, que também detém o “cartório do idoso” em Canoas, garantiu o afastamento das cuidadoras de suas funções, a interdição do estabelecimento e a realocação dos idosos em outras casas geriátricas.
Para tanto, o Ministério Público iniciou ação civil pública postulando ao Poder Judiciário que a casa geriátrica fosse liminarmente interditada, o que perdura até hoje.
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No local, a Polícia colheu depoimentos das vítimas e analisou as circunstâncias dos fatos. Já a Vigilância Sanitária promoveu a interdição e o fechamento do endereço. Além disso, a Assistência Social realocou os idosos em outros locais seguros. A maioria acabou em casas de parentes, constatou a reportagem.
Conforme apurado, os idosos eram constantemente agredidos com gritos, ofensas e ameaças. Eram também alvos de empurrões, tapas e até mesmo batidas de cabeças contra as paredes do estabelecimento. Esta última agressão deixou uma das idosas gravemente ferida, conduzida às pressas ao hospital no momento em que operação foi realizada.
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Violência
Os idosos relataram que as cuidadoras afirmavam que “eles estavam lá porque devem ter feito muito coisa ruim” e que “se estavam lá era para sofrer”.
Ambas as mulheres foram presas em flagrante delito pelo crime de tortura. A proprietária do estabelecimento e o marido de uma das cuidadoras estão sendo investigados pela participação ou omissão nos crimes.