FORAGIDO DO SEMIABERTO

Confissão estranha: Presidiário recebe nova pena por balear professora de Educação Física em Novo Hamburgo

Já condenado por roubos e porte ilegal de arma, detento faz relato confuso sobre o tiro na personal trainer em área movimentada da cidade

Publicado em: 10/12/2023 17:43
Última atualização: 10/12/2023 17:52

Já condenado por dois assaltos e porte ilegal de arma, o presidiário Bruno Eduardo Hoffmann, 28 anos, agora pega pena por tentativa de homicídio. A mais nova sentença é de júri da última quinta-feira (7), pelo tiro que feriu uma professora de Educação Física no bairro Vila Rosa, em Novo Hamburgo, há quatro anos. Na época, o réu estava foragido do semiaberto. Fez uma confissão confusa. O motivo não ficou esclarecido.

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Com os votos do corpo de jurados pela condenação, coube ao juiz Enzo Carlo Di Gesu dar a sentença. Ele aplicou sete anos, um mês e seis dias no regime fechado. “Não concedo ao acusado o direito de recorrer em liberdade”, decidiu o magistrado, considerando os “maus antecedentes” e porque o denunciado tem outra pena em andamento.

Apenado continua ativo nas redes sociais Foto: Reprodução

“Além de ter respondido todo o processo preso, materialidade se faz presente e indícios suficientes da autoria se fortalecem com a condenação na data de hoje. Na verdade, a necessidade de manutenção da segregação cautelar se concretiza na periculosidade que o acusado demonstra, especialmente pela reiteração delitiva, inclusive enquanto foragido do sistema prisional”, acrescentou.

E o hamburguense, escoltado pela Polícia Penal ao fórum da cidade, voltou ao presídio. Mesmo recolhido, continua ativo nas redes sociais. Pelas postagens, revela-se fã de carros rebaixados.

O crime

A professora dirigia um Renault Kwid em área movimentada da Rua 24 de Maio, por volta das 23 horas de 25 de dezembro de 2019, com o namorado no banco ao lado, quando um desconhecido se aproximou correndo e disparou contra ela. A bala atingiu o braço esquerdo e se alojou na mama esquerda. Sem roubar nada, Hoffmann fugiu em um Honda Fit cinza, onde estavam outros homens não identificados, e foi preso cinco dias depois no mesmo carro, que estava com placas clonadas.

Investigadores não elucidaram o motivo

O atentado por pouco não resultou em morte. A professora passou por cirurgia e se recuperou, mas ficou com sequelas psicológicas e físicas. Até hoje ninguém entende o porquê do crime. A hipótese inicial era de assalto, que foi depois descartada pelo Ministério Público. A Delegacia de Homicídios não conseguiu elucidar a causa. Na sentença, o juiz observa que “o motivo não restou suficientemente esclarecido nos autos”.

A vítima declara que em nenhum momento o presidiário disse que era assalto. Chegou atirando no carro dela pelo lado do motorista. Ela explica que foi surpreendida ao parar para atender ao telefone. Se assustou com um homem correndo na direção do Kwid e arrancou o veículo, momento em que o bandido, a um metro de distância, disparou. Ela conseguiu dirigir por duas quadras. O namorado assumiu a direção e a levou ao Hospital Municipal.

Detento alega que temeu por vingança de rivais

O acusado confirmou que atirou contra o carro da professora, mas negou que tenha tentado roubar o Kwid. Relatou que tinha saído de uma casa de prostituição e que, e ao dobrar a rua, deparou com duas pessoas gesticulando no carro. Alegou que atirou por ter se assustado, uma vez que estava foragido do sistema prisional e temia vingança de rivais. Falou em “guerras” no submundo do crime.

Foi capturado na noite de 30 de dezembro de 2019, ao render com uma pistola um empreiteiro na Rua Arno Henrique Berwanger, no bairro Rondônia, e roubar o Fiat Punto dele. Hoffmann e um comparsa abandonaram o veículo e foram surpreendidos pela Brigada Militar no Honda Fit usado para fugir do ataque à professora. Pela receptação do Fit e roubo do Punto, foi condenado a dez anos e oito meses no regime fechado, em dezembro de 2021, pelo juiz da 3ª Vara Criminal de Novo Hamburgo, Ricardo Carneiro Duarte. O cúmplice ganhou liberdade provisória durante o processo e nunca mais foi encontrado.

Assalto com refém e pena no semiaberto

Quando baleou a professora e foi preso por assalto na mesma semana, Hoffmann estava condenado a seis anos, nove meses e seis dias de reclusão no regime semiaberto por roubo a residência com refém. A sentença, de dezembro de 2017, foi dada pelo juiz da 2ª Vara Criminal de Novo Hamburgo, Marcos Braga Salgado Martins.

O assalto aconteceu na Rua Cairo, bairro Canudos, às 19h30 de 19 de junho de 2017. Hofmann e comparsas não identificados renderam uma comerciante com armas e roubaram vários objetos da casa, avaliados em mais de R$ 40 mil na época, mais um Hyundai i30 da mulher. O acusado foi preso com o veículo após intensa perseguição da Brigada Militar.

Preso com pistola municiada durante o serviço externo

Na tarde de 27 de abril de 2018, enquanto cumpria a pena no semiaberto pelo roubo a residência com refém, o hamburguense foi preso com uma pistola calibre 380 municiada em um bar no bairro Santos Dumont, em São Leopoldo. Era para estar no chamado serviço externo em uma padaria no bairro Pátria Nova, em Novo Hamburgo. Um ano depois, a juíza da 3ª Vara Criminal de São Leopoldo, Célia Perotto, concedeu ao preso a pena de prestação de serviços à comunidade pelo porte ilegal de arma.

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