“Se for de Deus, vai dar certo sim!.” A última mensagem nas redes sociais da aposentada Nara Denise dos Santos, 62 anos, na manhã de 21 de dezembro, confronta com a atrocidade que sofreu. O corpo dela foi encontrado esquartejado e concretado na geladeira de casa, em Osório, na madrugada de sábado (6). O companheiro, o comerciante Marcos do Nascimento Falavigna, 38, confessou o feminicídio e tentou justificar a barbárie. Alegou que estava possuído por demônios.
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Conforme amigos e parentes, o namoro teria começado em 2018. Em outubro de 2020, Nara acolheu Falavigna na residência dela, na Rua Pinheiro Machado, no bairro Sulbrasileiro. Candidata a vereadora na cidade natal pelo PDT, ela contou com o engajamento do companheiro na campanha eleitoral. Fez 108 votos e não se elegeu. A união prosseguiu, com declarações de amor, fotos juntos e um agradecimento público de Falavigna a Nara por cuidar do filho dele “como fosse a mãe de sangue”.
Negócios
Natural de Canoas, Falavigna já tinha cumprido pena no regime aberto em Tramandaí por furto. Trabalhava como vigilante na época do crime, em 2013. Depois, se aventurou em vários negócios em Osório. Abriu uma empreiteira de obras e depois um posto de lavagem de veículos. Também lidou com promoção de eventos e se anunciava como cuidador de idosos. “Tenho nove cursos na área de socorrista, estudante na área técnico em enfermagem, ético e profissional, atendimento a domicílio.”
Em agosto de 2022, agora com o apoio da companheira, inaugurou uma tele-entrega de lanches. O empreendimento, especializado em hambúrguer, não ia bem. No segundo semestre do ano passado, Falavigna concentrou atenções a serviços religiosos, com sacrifício de animais, na entidade que já frequentava.
Criou um perfil público específico, com símbolos e trajes de rituais, em que se apresentava como líder espiritual. “Boa noite, meu povo de luz”, era uma das saudações. Nara curtia as postagens. Neste domingo, seguidores da matriz de fé do indiciado manifestaram revolta nas publicações dele. “Assassino, não representa nossa religião!!”, comentou uma seguidora.
Acusado avisou policiais sobre o corpo e confessou
No fim da madrugada de sábado, Falavigna foi a um posto da Brigada Militar em Imbé e avisou que a mulher estava morta em casa. Os policiais levaram o denunciante à residência em Osório. Até então, não havia confessado. Caía em versões contraditórias.
Ao chegar ao imóvel, os brigadianos depararam com um ambiente bagunçado e imagens religiosas espalhadas. O corpo estava em uma geladeira, deitada no piso e coberta de concreto. No quintal, havia cimento fresco espalhado pelo chão, junto a uma mangueira de grande comprimento.
Diante do cenário, Falavigna confessou. Relatou brigas com a vítima e tentou justificar o assassinato com um argumento sobrenatural. Afirmou que estava sob influência maligna. Autuado em flagrante por feminicídio e ocultação de cadáver, foi levado à Penitenciária Modulada Estadual de Osório. A defesa não foi localizada pela reportagem.
Perícia vai apontar como e quando mulher foi morta
A suspeita é que o indiciado concretou o corpo na geladeira para evitar cheiro. A perícia vai apontar como e quando Nara foi morta. De acordo com os policiais, o corpo tinha muitas lesões e também queimaduras. O corpo foi sepultado no Cemitério Municipal de Osório no fim da tarde de sábado.
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