ASSASSINATO

Como manobra adiou pela sétima vez julgamento de acusada de mandar matar bancário do Vale do Sinos

Marcelo Henrique Prade, de 46 anos, foi morto estrangulado em maio de 2012; júri polular estava previsto para acontecer na semana que vem

Publicado em: 08/12/2023 14:21
Última atualização: 08/12/2023 14:30

Onze anos se passaram e o crime que vitimou fatalmente o bancário Marcelo Henrique Prade, 46 anos, segue sem um desfecho. Prade, que era natural de Estância Velha, no Vale do Sinos, e membro de uma tradicional família da cidade, residia em Porto Alegre, onde era coordenador de produtos e serviços de um banco. Ele foi morto dentro de casa, na zona sul da Capital, e a ex-esposa é apontada pelo Ministério Público como a mandante do crime.


Lisiane e Marcelo moravam junto em uma casa de alto padrão no bairro Nonoai, em Porto Alegre Foto: Divulgação

Nesta semana, mais uma vez, a Justiça adiou o júri popular previsto para acontecer nos dias 14 e 15 de dezembro. A decisão do desembargador José Conrado Kurtz de Souza, da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ-RS) é resultado de um habeas corpus impetrado pela ex-esposa de Prade, a psicóloga Lisiane Rocha Menna Barreto. Ela responde ao crime em liberdade.

Essa é a sétima vez que o julgamento é adiado, sendo que em seis oportunidades o julgamento não ocorreu por manobras dos advogados da ré. Apenas em uma ocasião, o caso foi adiado por ação de outro réu do caso.

No dia 8 de novembro, após ser notificada da data do julgamento, Lisiane destituiu os antigos advogados do processo e só nomeou nova procuradora no dia 20. Por conta disso, a nova advogada da ré pediu à Justiça o adiamento do júri com a alegação de que precisa de tempo para analisar o caso e preparar a defesa da acusada. O juiz Marcos Braga Salgado Martins, 3ª Vara do Júri do Foro Central da Comarca de Porto Alegre negou o pedido. Inconformada, a defesa apresentou o habeas no TJ-RS e teve o pedido atendido nesta quarta-feira (6).

Para o irmão da vítima, Marco Prade, a atitude da ré Lisiane representa mais um deboche à família e “uma manobra clássica de quem tenta, a todo custo, se esquivar da verdade e da justiça”. Prade conta que toda vez que ocorre uma movimentação similar, aumenta o sentimento de angústia e frustração por parte da família, que desde 2012 espera uma solução para o caso.

Julgamento só ano que vem

Com essa nova reviravolta cerca de uma semana antes do julgamento, a previsão é de que uma nova data para o júri deve ser marcada somente em 2024. Entretanto, com o Judiciário entrando em recesso forense, novas movimentações no processo devem acontecer somente a partir de março do ano que vem.

Relembre o caso

No dia 3 de maio de 2012, por volta das 22 horas, o bancário Marcelo Henrique Prade foi morto dentro de casa, na rua Dr. Otávio de Souza, no Bairro Nonoai, onde morava com a companheira, a psicóloga Lisiane Rocha Menna Barreto. O crime aconteceu quando a vítima, que atuava como coordenador de produtos e serviços do Sicredi, voltava de uma viagem de negócios, em Osasco (SP).

Ao chegar em casa, Prade foi surpreendido por criminosos, que o mataram asfixiado. O corpo do bancário foi encontrado enrolado em um tapete, com mãos e pés amarrados com fios de luz e os olhos vendados. Os autores do crime chegaram a levar bens do interior do imóvel, para induzir a Polícia a acreditar que se tratava de um latrocínio. Contudo, a investigação conseguiu provas que confirmaram a participação da ex-mulher e de familiares dela no crime.

Ela teria pago R$ 5 mil para dois homens executarem o marido, pois queria obter para si um seguro de vida milionário que Prade tinha, além de outros bens dele. O tio de Lisiane, José Vilmar dos Santos Rocha, e um amigo dele, Elisandro Rocha Castro da Silva, são apontados como os autores do homicídio.

Em março de 2022, Lisiane Rocha Menna Barreto chegou a ser submetida a julgamento e foi condenada a 18 anos de reclusão. Entretanto, a defesa conseguiu anular o júri com a justificativa de que a ré deveria ser julgada com as demais pessoas que integram o rol de acusados.

Tio foi preso em setembro deste ano, após 11 anos foragido

José Vilmar dos Santos Rocha, tio de Lisiane, foi quem arquitetou a morte de Marcelo Prade, em parceria com a sobrinha. Logo após o crime, Rocha sumiu. Na época, a família chegou a registrar uma ocorrência de desaparecimento e justificou que o homem sofria de depressão.


José Vilmar dos Santos Rocha, tio de Lisiane Rocha Menna Barreto, foi preso em setembro após 11 anos foragido Foto: Polícia Civil

Entretanto, em 5 de setembro deste ano, o homem foi localizado em Itapema, no litoral de Santa Catarina. Com 70 anos, estava em sua casa e foi surpreendido por agentes da Delegacia de Capturas do Deic quando varria a frente do imóvel. Os policiais apreenderam com ele um documento, que passará por perícia para verificar a autenticidade.

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