Onze anos se passaram e o crime que vitimou fatalmente o bancário Marcelo Henrique Prade, 46 anos, segue sem um desfecho. Prade, que era natural de Estância Velha, no Vale do Sinos, e membro de uma tradicional família da cidade, residia em Porto Alegre, onde era coordenador de produtos e serviços de um banco. Ele foi morto dentro de casa, na zona sul da Capital, e a ex-esposa é apontada pelo Ministério Público como a mandante do crime.
Nesta semana, mais uma vez, a Justiça adiou o júri popular previsto para acontecer nos dias 14 e 15 de dezembro. A decisão do desembargador José Conrado Kurtz de Souza, da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ-RS) é resultado de um habeas corpus impetrado pela ex-esposa de Prade, a psicóloga Lisiane Rocha Menna Barreto. Ela responde ao crime em liberdade.
Essa é a sétima vez que o julgamento é adiado, sendo que em seis oportunidades o julgamento não ocorreu por manobras dos advogados da ré. Apenas em uma ocasião, o caso foi adiado por ação de outro réu do caso.
No dia 8 de novembro, após ser notificada da data do julgamento, Lisiane destituiu os antigos advogados do processo e só nomeou nova procuradora no dia 20. Por conta disso, a nova advogada da ré pediu à Justiça o adiamento do júri com a alegação de que precisa de tempo para analisar o caso e preparar a defesa da acusada. O juiz Marcos Braga Salgado Martins, 3ª Vara do Júri do Foro Central da Comarca de Porto Alegre negou o pedido. Inconformada, a defesa apresentou o habeas no TJ-RS e teve o pedido atendido nesta quarta-feira (6).
Para o irmão da vítima, Marco Prade, a atitude da ré Lisiane representa mais um deboche à família e “uma manobra clássica de quem tenta, a todo custo, se esquivar da verdade e da justiça”. Prade conta que toda vez que ocorre uma movimentação similar, aumenta o sentimento de angústia e frustração por parte da família, que desde 2012 espera uma solução para o caso.
Julgamento só ano que vem
Com essa nova reviravolta cerca de uma semana antes do julgamento, a previsão é de que uma nova data para o júri deve ser marcada somente em 2024. Entretanto, com o Judiciário entrando em recesso forense, novas movimentações no processo devem acontecer somente a partir de março do ano que vem.
Relembre o caso
No dia 3 de maio de 2012, por volta das 22 horas, o bancário Marcelo Henrique Prade foi morto dentro de casa, na rua Dr. Otávio de Souza, no Bairro Nonoai, onde morava com a companheira, a psicóloga Lisiane Rocha Menna Barreto. O crime aconteceu quando a vítima, que atuava como coordenador de produtos e serviços do Sicredi, voltava de uma viagem de negócios, em Osasco (SP).
Ao chegar em casa, Prade foi surpreendido por criminosos, que o mataram asfixiado. O corpo do bancário foi encontrado enrolado em um tapete, com mãos e pés amarrados com fios de luz e os olhos vendados. Os autores do crime chegaram a levar bens do interior do imóvel, para induzir a Polícia a acreditar que se tratava de um latrocínio. Contudo, a investigação conseguiu provas que confirmaram a participação da ex-mulher e de familiares dela no crime.
Ela teria pago R$ 5 mil para dois homens executarem o marido, pois queria obter para si um seguro de vida milionário que Prade tinha, além de outros bens dele. O tio de Lisiane, José Vilmar dos Santos Rocha, e um amigo dele, Elisandro Rocha Castro da Silva, são apontados como os autores do homicídio.
Em março de 2022, Lisiane Rocha Menna Barreto chegou a ser submetida a julgamento e foi condenada a 18 anos de reclusão. Entretanto, a defesa conseguiu anular o júri com a justificativa de que a ré deveria ser julgada com as demais pessoas que integram o rol de acusados.
Tio foi preso em setembro deste ano, após 11 anos foragido
José Vilmar dos Santos Rocha, tio de Lisiane, foi quem arquitetou a morte de Marcelo Prade, em parceria com a sobrinha. Logo após o crime, Rocha sumiu. Na época, a família chegou a registrar uma ocorrência de desaparecimento e justificou que o homem sofria de depressão.
Entretanto, em 5 de setembro deste ano, o homem foi localizado em Itapema, no litoral de Santa Catarina. Com 70 anos, estava em sua casa e foi surpreendido por agentes da Delegacia de Capturas do Deic quando varria a frente do imóvel. Os policiais apreenderam com ele um documento, que passará por perícia para verificar a autenticidade.
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