abc+

MISTÉRIO

Caso Jéssica: "Ainda tenho esperança", diz irmã de jovem desaparecida há seis meses em Novo Hamburgo

Saiba qual a principal hipótese para o sumiço de Jéssica de Oliveira

Publicado em: 01/08/2024 às 06h:31 Última atualização: 01/08/2024 às 06h:31
Publicidade

Um encontro em Novo Hamburgo, há seis meses, dava início ao mistério sobre o paradeiro da moradora de Sapucaia do Sul Jéssica de Oliveira, 30 anos. Ela fez uma videochamada para as duas pessoas que mais amava, na tarde de 1 de fevereiro, e desapareceu. “Ainda tenho esperança que esteja viva”, comentou ontem a irmã caçula, de 16 anos.

Moradora de Sapucaia do Sul, Jéssica de Oliveira desapareceu no dia 1 de fevereiro em Novo Hamburgo | abc+



Moradora de Sapucaia do Sul, Jéssica de Oliveira desapareceu no dia 1 de fevereiro em Novo Hamburgo

Foto: Reprodução

Foi a adolescente, ao lado do filho de Jéssica, de 5 anos, quem recebeu a última ligação. “Depois disso, não atendeu mais e o celular ficou sem sinal”, recorda. As palavras da desaparecida foram intrigantes. “Mana, amo tu e o (nome do filho). Qualquer coisa que acontecer, cuida dele. Estou na Lomba Grande e volto à noite.”

Jéssica fez a chamada do carro dela, um Polo branco. Segundo a irmã, havia um homem ao lado. “É um amigo meu”, disse, ao ser perguntada sobre quem era o caroneiro. A adolescente não viu o rosto. “Só deu para ver o braço, que ele tirou logo. Tinha uma tatuagem, que não foi possível identificar, pela rapidez do movimento.”

“Sofrimento e saudade”

A adolescente relata que vive um semestre de “angústia, sofrimento e saudade”. “Fui morar com ela quando eu tinha 14 anos. Era eu, a Jéssica e o (nome filho). Ela era muito boa com a gente.” Segundo a jovem, o filho da desaparecida, que ficou sob cuidados da avó paterna, demonstra abatimento. “Está magrinho. A Jéssica dava tudo para ele.” O pai do menino está preso.

LEIA TAMBÉM: Médico que fez parto de mulher que morreu após ter gaze esquecida no corpo vira réu e tem atividade cirúrgica suspensa

Conforme familiares e amigos, Jéssica era muito apegada ao filho. “Criou ele sozinho e não queria que passasse pelas dificuldades que ela passou na infância. Dava do bom e do melhor para o menino”, conta uma comerciante de 31 anos.

Depois do emprego em uma concessionária de veículos, trabalhou como motorista de aplicativo. Nos últimos três meses, estava fazendo programas sexuais. “Como é uma moça bonita, viu que podia ganhar mais dinheiro como acompanhante. Gostava da vida de luxo. Tinha a casa dela, carro e comprou um apartamento novo. Mas o mais importante era o filho”, observa a amiga.

Mulher de traficante teria armado emboscada

“É muito difícil dizer isso, mas a verdade é que a Jéssica se envolveu com gente pesada.” A reflexão é da mãe, a cozinheira Rita de Cássia Oliveira, 46. Ela afirma que ficou sabendo somente após o desaparecimento que a filha estava na prostituição. Entre os clientes, havia traficantes presos.

A companheira de um apenado de Charqueadas que contratava programas sexuais de Jéssica, na forma de visitas íntimas, se sentia incomodada. “Ela estava contrariada não só por ciúmes. Ficou sabendo que o traficante vinha repassando muito dinheiro para a Jéssica”, relata uma testemunha da investigação.

As elevadas quantias não eram só como pagamento pelos programas. Aos poucos, a garota entrava nos negócios do tráfico. “É só uns corre”, disse ela a uma pessoa próxima, na semana do desaparecimento, para justificar o trânsito com sacolas de dinheiro e drogas pela região.

VEJA: “Uma família dilacerada”: Policial é condenado por três mortes em acidente; MP quer pena máxima

Informada sobre a concorrente em potencial, a companheira teria ido ao presídio e pressionado o traficante a romper relações com a “amante”. O perdão estaria condicionado a eliminar Jéssica. Dependente da mulher, que seria a responsável pelas finanças da quadrilha vinculada à facção do Vale do Sinos, o condenado aceitou. E uma emboscada foi armada para a garota de programa, com emprego de membros do grupo criminoso.

Apesar das pistas, não há indicativo de solução do caso. “Parece que a Polícia parou de investigar. Faz tempo que não fala com a gente. Não sabemos a quem pedir ajuda”, desabafa uma parente. O inquérito está com a 1ª Delegacia de Polícia de Sapucaia do Sul, que nunca se manifestou à reportagem.

O caso

Jéssica é contratada para um programa sexual, por meio de um site de acompanhantes, e sai de casa, no bairro Bela Vista, em Sapucaia do Sul, no início da tarde de 1ª de fevereiro, uma quinta-feira.

Às 14h41, em chamada de vídeo para o filho e a irmã, diz que está no bairro Lomba Grande, em Novo Hamburgo. Parece preocupada, dentro do carro dela, um Polo branco. No banco do carona, aparece um homem de braço tatuado.

A irmã adolescente tenta novo contato, mas o celular de Jéssica já está sem sinal. Pelo rastreamento, a Polícia sabe que o local é em área isolada de Lomba Grande.

FIQUE POR DENTRO: “São casos que não representam o que é o cotidiano da região”, diz Polícia sobre homicídios em Canela

Às 17h40, com a ocorrência de desaparecimento recém registrada, o Polo é captado por câmeras na Rua Guia Lopes, perto do Porto Seco, na altura do bairro Santo Afonso, mas sem definição de imagem para ver quem está dirigindo ou quantas pessoas há no veículo.

Por volta das 21h30 do dia seguinte, o carro é encontrado incendiado em mata de difícil acesso à margem da Rua Presidente Lucena, bairro Primavera, sem vestígios de vítima. Foi necessário uma retroescavadeira para a remoção.

Publicidade

Matérias Relacionadas

Publicidade
Publicidade