O ano que passou foi marcado pela tragédia que atingiu o Rio Grande do Sul. Em meio ao cenário da perda de vidas e destruição que abalou severamente Canoas, houve a redução dos índices de criminalidade.
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O Estado ainda não divulgou os números oficiais da violência no ano passado, no entanto, um levantamento baseado nos números da Secretaria Estadual de Segurança e ocorrências em dezembro mostram um recuo dos índices.
O mais importante indicador é o de crimes contra a vida. Os homicídios caíram 15%, conforme apontamento da Brigada Militar (BM). Foram 63 crimes contra os 74 cometidos em período homólogo no ano passado.
Embora o índice não seja comemorado, é avaliado como um avanço importante em um ano atípico, como aponta o comandante do 15º Batalhão da Polícia Militar (BPM), o tenente-coronel Clóvis Ivan Alves.
“Foi um ano fora do comum devido à tragédia”, reforça. “Mesmo assim, conseguimos impor um trabalho focado nas áreas de incidência de crimes e garantir uma significativa redução das mortes”.
O comandante aponta a mudança no mapa do crime na cidade. Se antes os bairros Guajuviras e Mathias Velho eram as maiores preocupações, com o passar dos meses, o bairro Niterói assumiu uma surpreendente terceira posição.
No triste ranking do assassinato, o Guajuviras, primeira posição, concluiu o ano com 26 mortes; Mathias Velho, o segundo, anotou 19 homicídios; já o Niterói entrou no mapa do crime com 17 assassinatos.
“Foi necessário reorganizar o policiamento ostensivo para atender a comunidade”, explica. “Porque passaram a cometer crimes onde antes não havia um cenário de briga entre facções criminosas”, esclarece.
A luta entre os Bala na Cara e a facção V7, oriunda da zona norte de Porto Alegre e também conhecidos como anti-Bala, deixou mais dois mortos na noite do último dia 28, quando houve um duplo homicídio na Rua Campos Salles.
“Estamos mantendo o policiamento 24 horas no bairro de modo a impedir que novos crimes aconteçam”, afirma o oficial. “O plano é reduzirmos mais o índice de homicídios em 2025. E esse trabalho já começou”.
Operações estratégicas
Diretor do Departamento de Homicídios, o delegado Mario Souza lembra que a Polícia Civil combateu os crimes em Canoas com sete medidas de enfrentamento que causaram impacto ao longo do ano.
“Montamos uma estratégia de saturação nas áreas de conflito, com operações especiais buscando a responsabilização dos executores, mandantes e líderes de facções”, aponta.
Para o diretor, é importante destacar que as ações ocorreram em conjunto com a Brigada Militar e Polícia Penal.
“Acredito que o recado deixado é bastante claro. Se cometer o homicídio, toda a energia será concentrada pelo Estado”, adverte. “Cada homicídio de Canoas resulta em um esforço das polícias mirando o maior prejuízo possível para as facções criminosas”.
Queda nos roubos
O 15º Batalhão de Canoas computou também reduções em outros indicadores ao longo do ano em Canoas. Os roubos a pedestre tiveram a mais importante queda dos últimos 14 anos. Os crimes caíram 58%, com a redução de 1.497 casos para 629.
Outro crime que assusta a população, o roubo a veículos decaiu um percentual de 48%. Foram 152 crimes contra os 292 anotados em 2023. Já os roubos a residências caíram 33%, com o número passando de 23 para 16 casos neste ano.
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“Os roubos preocupam por serem crimes em que é empregada grave ameaça”, frisa o comandante. “Em geral, os criminosos estão armados e isso pode acabar em morte, razão pelo qual é importante o combate a qualquer crime”.
Abordagens
A meta do comando do 15º Batalhão da Polícia Militar é encerrar 2025 com números menores que os vistos ao final de 2024. O planejamento está pronto e já pode ser visto em prática, segundo o coronel Ivan.
“Foram 140 mil pessoas abordadas e mais de 90 mil veículos fiscalizados no ano passado”, aponta. “A ideia é reforçar mais as barreiras e abordagens, garantindo a segurança, especialmente em áreas de incidência de crimes”.
A estratégia é a mesma utilizada no ano passado, quando a BM garantiu o saldo de 3 mil prisões, mais 170 armas e 4.370 munições apreendidas, além de 241 quilos de drogas e entorpecentes tirados das ruas, aponta o comandante.
“Temos o mapa do crime em Canoas muito detalhado e vamos continuar agindo onde o crime acontece, porque o resultado vem sendo positivo”, avisa. “Contamos com a colaboração da população, porque as barreiras e abordagens vão continuar intensificadas ao longo deste ano”.
Mais mortes
Ao computar os números da violência em 2024, a Secretaria Estadual de Segurança Pública deve acrescentar números e apresentar, pelo menos, 70 crimes como saldo total nos doze meses do ano passado.
O cálculo é simples, porque há o acréscimo de três mortes cometidas por policiais em serviço; dois feminicídios; um latrocínio; e mais dois casos de lesões que terminaram em morte.
Para a delegada titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Canoas, a redução é significativa e fruto de um resultado de muito empenho e trabalho.
“Tivemos um ano excelente, com uma redução significativa, fruto de muito trabalho para a compreensão do contexto do crime organizado”, frisa.
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