CASO MACABRO

BOLO ENVENENADO: "Uma mulher fria e calculista, com resposta sempre na ponta da língua"; o que foi revelado sobre Deise Moura dos Anjos

Em coletiva, na manhã desta sexta-feira (10), autoridades confirmaram assassinato de quarta vítima, que morreu três meses antes do caso do bolo envenenado

Publicado em: 10/01/2025 12:17
Última atualização: 10/01/2025 12:48

A Polícia Civil confirmou, durante uma coletiva, organizada na manhã desta sexta-feira (10), em Capão da Canoa, a suspeita de que Deise Moura dos Anjos, 42 anos, envenenou e matou não três, mas quatro pessoas.

Três meses antes de ser responsável pelo envenenamento com arsênico do bolo servido na tarde do dia 23 de dezembro, Deise havia levado uma caixa de leite contendo o veneno que matou o sogro Paulo Luiz dos Anjos.

Autoridades mostram mensagens enviadas por mulher presa por envenenamentos Foto: Polícia Civil/Reprodução

MAIS SOBRE O CASO:

Mudança importante no quadro de saúde de mulher de 61 anos é divulgada pelo hospital

A diretora-geral do Instituto-Geral de Perícias (IGP), Marguet Inês Hoffmann Mittmann, esclareceu que o corpo exumado de Paulo Luiz dos Anjos revelou alta concentração da substância no fígado e no estômago dele.

“O arsênico é uma substância amorfa e inodora, sem cheiro. Tem a forma de pó branco e pode ser misturado a alimentos, como o leite em pó, neste caso, porque é imperceptível a olho nu”, explica.

Na avaliação da diretora, é inquestionável que a vítima não morreu devido à intoxicação alimentar e a ingestão de um alimento estragado, supostamente bananas que estariam estragadas na época das enchentes.

“O laudo aponta que ele foi envenenado por arsênico ingerido de forma oral”, afirma. “Por ser semimetal pesado, o arsênio pode ser encontrado em um ambiente ou organismo após anos. Sabíamos que se houvesse a substância no corpo, ela seria achada.”

Deise Moura dos Anjos, 42 anos Foto: REPRODUÇÃO/FACEBOOK/ARQUIVO PESSOAL

Responsável pelo inquérito, o delegado Marcos Veloso explica que Deise Moura dos Anjos esteve na casa do sogro um dia antes da morte, quando levou bananas e a caixa de leite envenenada.

“Ela pesquisou, comprou, recebeu e utilizou os produtos que culminaram no envenenamento e a consequente morte da vítima”, confirma. “Depois inventou esta história das bananas que saíram contaminadas de Canoas durante a enchente.”

Segundo a diretora da DP Regional de Capão da Canoa, delegada Sabrina Deffente, houve a garantia de provas técnicas que a suspeita é autora dos homicídios e tentou apagar os vestígios das mortes.

“Ela tentou convencer os parentes que o melhor seria cremar o corpo do sogro”, explica. “E quando não conseguiu, pediu para que a sogra [Zeli dos Anjos] não tocasse mais no assunto porque o marido estava se sentido responsável por levar as bananas.”

Medida

Com a descoberta, a Polícia Civil já solicitou ao Judiciário o pedido para que a prisão temporária seja revertida em prisão preventiva, de maneira a garantir a permanência da suspeita na cadeia.

“A ideia é que ela permaneça presa o máximo possível”, defende o delegado Marcos Veloso. “Trata-se de uma mulher fria e calculista, com uma resposta sempre na ponta da língua, e que se mostrou sempre muito tranquila.”

O delegado inclusive mostrou algumas mensagens trocadas com a sogra nas quais a mulher conversava com a sogra dias após a morte, dizendo que a morte do sogro “não tem volta, nem polícia, nem perícia que possa nos ajudar a desvendar”.

“Montamos um quebra-cabeça”, afirma. “Ela cometeu o crime já com as bananas como um álibi que pudesse explicar o que aconteceu com o sogro. Só não apagou as pesquisas que fez do veneno dias antes da morte dele.”

Entenda o caso

Bolo foi envenenado com arsênico Foto: REPRODUÇÃO

O caso do bolo envenenado veio à tona no dia 23 de dezembro de 2024, quando seis pessoas de uma mesma família buscarem atendimento médico após consumirem o doce durante uma confraternização, em um apartamento, em Torres.

Três morreram: Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, e Maida Berenice Flores da Silva, 58, Tatiana Denize Silva dos Anjos, 43 anos, filha de Neuza. Zeli dos Anjos permanece internada em quadro estável. Já o neto dela de 10 anos foi liberado na semana passada.

Um homem foi liberado após atendimento médico ainda na data do envenenamento. A sobremesa havia sido preparada para uma confraternização em família por Zeli, na casa em que vive, em Arroio do Sal, no litoral norte. Todos que consumiram o doce, passaram mal poucas horas depois.

Inicialmente a Polícia Civil trabalhava com duas hipóteses: de envenenamento e de intoxicação alimentar. A segunda hipótese, entretanto, foi eliminada ao verificar as análises preliminares, que apontaram para a presença de arsênico no bolo.

Deise Moura dos Anjos acabou presa no último final de semana como suspeita dos crimes. Isso após surgirem indícios que a ligavam ao veneno ingerido pelas vítimas às vésperas do Natal. 

Assista à coletiva

Gostou desta matéria? Compartilhe!
CategoriasCanoasPolícia
Matérias Relacionadas