CASO DO BOLO

BOLO ENVENENADO: Suspeita de envenenar família pesquisou sobre arsênio semanas antes do crime, diz Polícia

Presa temporariamente no domingo, Deise Moura dos Anjos teria buscado informações na Internet

Publicado em: 06/01/2025 17:26
Última atualização: 06/01/2025 17:26

A Polícia Civil confirmou, na tarde desta segunda-feira (6), que dias antes do caso de envenenamento causado pelo bolo em Torres, a suspeita do crime teria pesquisado no Google informações sobre arsênio.

A delegada Sabrina Deffente destacou que, apesar da prisão da suspeita, a investigação continua e novos detalhes serão divulgados em breve Foto: REPRODUÇÃO/POLÍCIA CIVIL

Presa temporariamente no domingo (5), Deise Moura dos Anjos, 42 anos, deixou rastro na Internet por meio de pesquisas sobre o elemento químico que seria usado para envenenar as parentes.

Segundo a diretora da Delegacia de Polícia (DP) Regional de Capão da Canoa, a delegada Sabrina Deffente, os vestígios deixados pela suspeita configuram uma das provas técnicas que ligam a mulher ao veneno.

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Durante a coletiva organizada na manhã desta segunda-feira, a Polícia Civil explicou que a prisão foi garantida pelo Judiciário por existirem elementos que sustentam a suspeita. O caso estaria ligado a Deise Moura dos Anjos, nora de Zeli dos Anjos, por meio de um saco de farinha contaminado encontrado na casa da idosa de 60 anos que preparou o bolo.

“Ela acabou presa temporariamente em Arroio do Sal com evidências robustas que a ligam a farinha usada na receita do bolo”, defendeu a delegada. “A investigação prossegue, mas precisamos aguardar para revelar a relação da suspeita com o crime.”

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A Polícia também quer saber como o arsênio foi adquirido pela suspeita. Isso porque o elemento semimetálico não pode ser encontrado em qualquer lugar e não deveria ser manipulado devido à periculosidade.

“É algo que até a conclusão do inquérito queremos esclarecer”, informa o delegado Marcos Veloso. “Porque o arsênio é uma substância que não pode ser comprada livremente em uma farmácia.”

Bolo envenenado

Diretora-geral do IGP, Marguet Inês Hoffmann Mittmann esclareceu durante a coletiva que inicialmente os peritos encontraram alta concentração de arsênico no sangue, na urina e estômago de três vítimas: Maida Berenice Flores da Silva, 58 anos, Tatiana Denize Silva dos Santos, de 43, e Neuza Denize da Silva dos Anjos, 65.

“Somente em uma das vítimas, encontramos uma concentração de arsênico que seria 350 vezes maior que uma quantidade que poderia ser absorvida por uma pessoa”, informou. “Percebemos que era impossível se tratar de um caso de intoxicação alimentar”.

Posteriormente a isso, os testes revelaram alta concentração do veneno também no bolo servido a seis dos sete familiares que se encontraram no apartamento em torres na fatídica confraternização organizada no dia 23 de dezembro.

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“A concentração de arsênico era altíssima no bolo”, aponta. “Não havia forma de ser alguma contaminação natural por algum ingrediente usado no bolo. Era certeza que o arsênico entrou na receita de alguma forma”.

A apuração levou a testes de, pelo menos, 89 amostras de produtos coletados na casa, em Arroio do Sal, onde o bolo foi confeccionado. Foi uma amostra que revelou a presença do veneno misturado na farinha.

“A concentração de arsênico encontrada na farinha era 2.700 vezes maior que aquela concentração que havia sido averiguada na análise que fizemos do bolo. A farinha que estava na casa da dona Zeli [dos Anjos], portanto, estava por trás do envenenamento”.

O que diz a defesa

"Deise Moura dos Anjos, presa temporariamente por suposto envenenamento no caso do bolo, na cidade litorânea de Torres/RS, vem a público manifestar que possui defesa constituída, representada pelos advogados Manuela Almeida, Vinícius Boniatti e Gabriela S. Souza.

Até o momento, 6 de janeiro, às 7 horas, a defesa prestou atendimento parlatório à cliente, contudo, não teve acesso integral a investigação em andamento, razão pela qual se manifestará em momento oportuno".

Entenda o caso

O caso do bolo envenenado veio à tona no dia 23 de dezembro de 2024, quando seis pessoas de uma mesma família buscarem atendimento médico após consumirem o doce durante uma confraternização, em um apartamento, em Torres.

Três morreram: Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, e Maida Berenice Flores da Silva, 58, Tatiana Denize Silva dos Anjos, 43 anos, filha de Neuza. Zeli dos Anjos permanece internada em quadro estável. Já o neto dela de 10 anos foi liberado na semana passada.

Um homem foi liberado após atendimento médico ainda na data do envenenamento.

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A sobremesa havia sido preparada para uma confraternização em família por Zeli, na casa em que vive, em Arroio do Sal, no litoral norte. Todos que consumiram o doce, passaram mal pouco tempo depois.

Inicialmente, a Polícia Civil trabalhava com duas hipóteses: de envenenamento e de intoxicação alimentar. A segunda hipótese, entretanto, foi eliminada ao verificar as análises preliminares, que apontaram para a presença de arsênico no bolo.

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