Deise Moura dos Anjos, 42 anos, foi presa neste domingo (5), em Arroio do Sal, no litoral norte, como suspeita de envenenar o bolo que levou à morte três integrantes da mesma família nos dias 23 e 24 de dezembro.
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Segundo a Polícia Civil, ela é casada com o filho de Zeli dos Anjos há cerca de 20 anos, e tem residência em Nova Santa Rita, na Grande Porto Alegre. A nora é apontada como a responsável pelo saco de farinha contendo arsênio encontrado pela Polícia.
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Como revelado durante coletiva organizada pela Polícia Civil na manhã desta segunda-feira (6), Deise tinha uma antiga rixa com a sogra que pode ter servido de catalisador para a tragédia.
“Aparentemente, a família tinha uma convivência harmoniosa e nada levava a supor tamanha tragédia”, disse o delegado Marcos Veloso. “Porém, chegaram informações de uma divergência com uma única pessoa que levaram à suspeita e a consequente prisão.”
Sobre a suposta divergência entre a suspeita e dona Zeli, não houve esclarecimento. Isso porque mais detalhes poderiam prejudicar a investigação, afirmou a diretora da DP Regional de Capão da Canoa, a delegada Sabrina Deffente.
“Ela acabou presa temporariamente em Arroio do Sal com evidências robustas que a ligam a farinha usada na receita do bolo”, defendeu a delegada. “A investigação prossegue, mas precisamos aguardar para revelar a relação da suspeita com o crime por meio de provas técnicas.”
A Polícia também quer saber como o arsênio foi adquirido pela suspeita. Isso porque o elemento semimetálico não pode ser encontrado em qualquer lugar e não deveria ser manipulado devido à periculosidade.
“É algo que até a conclusão do inquérito queremos esclarecer”, avisa o delegado Veloso. “Porque o arsênio é uma substância venenosa que possui venda controlada no Brasil, mas neste caso foi encontrado em grande quantidade.”
Por meio das redes sociais, Deise aponta ser especialista em contabilidade, com experiência na função e atuação em escritórios de contabilidade, imobiliárias e empresas de logística.
Embora se saiba que mantinha uma relação conturbada com a sogra, a Polícia não confirma o que teria acontecido para desencadear uma violência de tamanha natureza contra uma família inteira.
“Trabalhamos com a hipótese de triplo homicídio duplamente qualificado, mas o inquérito pode ser concluído com triplo homicídio triplamente qualificado”, adverte Veloso. “Não há certeza se ela queria atingir a todos ou não.”
O que diz a defesa
“Deise Moura dos Anjos, presa temporariamente por suposto envenenamento no caso do bolo, na cidade litorânea de Torres/RS, vem a público manifestar que possui defesa constituída, representada pelos advogados Manuela Almeida, Vinícius Boniatti e Gabriela S. Souza.
Até o presente momento, 6 de janeiro, às 7 horas, a defesa prestou atendimento parlatório à cliente, contudo, não teve acesso integral a investigação em andamento, razão pela qual se manifestará em momento oportuno”.
Mesmo bolo em 2021
Em uma busca pelas redes sociais da família, é possível observar no perfil de Zeli dos Anjos, uma confraternização datada de 2021, no qual ela aparece acompanhada do marido, Paulo, e da nora, Deise.
Na imagem, sobre a mesa, é possível observar um Bolo de Reis igual àquele que foi servido no último dia 23 de dezembro em Torres. A polícia não comenta o assunto, mas, ao que tudo indica, a sobremesa era tradição na família.
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“Entendemos que as pessoas querem saber o que aconteceu, mas não podemos revelar algumas situações e será necessário aguardar até que a relação entre a suspeita e o crime possa ser divulgada”, reforçou a delegada Sabrina.
Entenda o caso
O caso do bolo envenenado veio à tona no dia 23 de dezembro de 2024, quando seis pessoas de uma mesma família buscarem atendimento médico após consumirem o doce durante uma confraternização, em um apartamento, em Torres.
Três morreram: Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, Maida Berenice Flores da Silva, 58, e Tatiana Denize Silva dos Anjos, 43 anos, filha de Neuza. Zeli dos Anjos permanece internada em quadro estável. Já o neto dela de 10 anos foi liberado na semana passada.
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Um homem foi liberado após atendimento médico ainda na data do envenenamento.
A sobremesa havia sido preparada para uma confraternização em família por Zeli, na casa em que vive, em Arroio do Sal, no litoral norte. Todos que consumiram o doce, passaram mal pouco tempo depois.
Inicialmente, a Polícia Civil trabalhava com duas hipóteses: de envenenamento e de intoxicação alimentar. A segunda hipótese, entretanto, foi eliminada ao verificar as análises preliminares, que apontaram para a presença de arsênico no bolo.