ALTA CONCENTRAÇÃO
BOLO ENVENENADO: Dose altíssima de arsênico entrou na receita misturada na farinha; veja o que dizem peritos
Autoridades esclareceram pontos sobre a prisão da suspeita de assassinatos cometidos na véspera do Natal na manhã desta segunda-feira (6)
Última atualização: 06/01/2025 14:17
Um saco de farinha contaminado com alta concentração de arsênico direcionou a Polícia à solução do misterioso caso envolvendo um bolo envenenado, em Torres, às vésperas do Natal.
A Polícia Civil e o Instituto-Geral de Perícias (IGP) organizaram uma coletiva, na manhã desta segunda-feira (6), para esclarecer alguns pontos que culminaram na prisão temporária de uma suspeita do crime.
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A prisão da mulher que teria matado três pessoas da mesma família ocorreu no domingo (5) por um triplo homicídio duplamente qualificado, além de outras três tentativas de assassinato cometidas dois dias antes do Natal.
Durante a coletiva, a diretora-geral do IGP, Marguet Inês Hoffmann Mittmann, esclareceu que inicialmente os peritos encontraram alta concentração de arsênico no sangue, na urina e estômago de três vítimas: Maida Berenice Flores da Silva, 58 anos, Tatiana Denize Silva dos Santos, de 43, e Neuza Denize da Silva dos Anjos, 65.
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“Somente em uma das vítimas, encontramos uma concentração de arsênico que seria 350 vezes maior que uma quantidade que poderia ser absorvida por uma pessoa”, informou. “Percebemos que era impossível se tratar de um caso de intoxicação alimentar.”
Posteriormente a isso, os testes revelaram alta concentração do veneno também no bolo servido a seis dos sete familiares que se encontraram no apartamento em Torres na fatídica confraternização organizada no dia 23 de dezembro.
“A concentração de arsênico era altíssima no bolo”, aponta. “Não havia forma de ser alguma contaminação natural por algum ingrediente usado no bolo. Era certeza que o arsênico entrou na receita de alguma forma.”
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A apuração levou a testes de, pelo menos, 89 amostras de produtos coletados na casa, em Arroio do Sal, onde o bolo foi confeccionado. Foi uma amostra que revelou a presença do veneno misturado na farinha.
“A concentração de arsênico encontrada na farinha era 2.700 vezes maior que aquela concentração que havia sido averiguada na análise que fizemos do bolo. A farinha que estava na casa da dona Zeli [dos Anjos], portanto, estava por trás do envenenamento.”
O que diz a defesa
"Deise Moura dos Anjos, presa temporariamente por suposto envenenamento no caso do bolo, na cidade litorânea de Torres/RS, vem a público manifestar que possui defesa constituída, representada pelos advogados Manuela Almeida, Vinícius Boniatti e Gabriela S. Souza.
Até o presente momento, 6 de janeiro, às 7 horas, a defesa prestou atendimento parlatório à cliente, contudo, não teve acesso integral a investigação em andamento, razão pela qual se manifestará em momento oportuno."
Entenda o caso
O caso do bolo envenenado veio à tona no dia 23 de dezembro de 2024, quando seis pessoas de uma mesma família buscarem atendimento médico após consumirem o doce durante uma confraternização, em um apartamento, em Torres.
Três morreram: Neuza Denize Silva dos Anjos, 65, e Maida Berenice Flores da Silva, 58, Tatiana Denize Silva dos Anjos, 43, filha de Neuza. Zeli dos Anjos permanece internada em quadro estável. Já o menino de 10 anos, filho de Tatiana e neto de Neuza, foi liberado na semana passada.
Um homem foi liberado após atendimento médico ainda na data do envenenamento.
A sobremesa havia sido preparada para uma confraternização em família por Zeli, na casa onde que vive em Arroio do Sal, no litoral norte. Todos que consumiram o doce passaram mal pouco tempo depois.
Inicialmente, a Polícia Civil trabalhava com duas hipóteses: de envenenamento e de intoxicação alimentar. A segunda hipótese, entretanto, foi eliminada ao verificar as análises preliminares, que apontaram para a presença de arsênico no bolo.
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