Um esquema de agiotagem e extorsão montado pela facção Os Manos, no bairro Mathias Velho, em Canoas, veio abaixo quando a Polícia Civil lançou a batizada Operação Extorsor em abril de 2023.
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Na época, o drama de uma família que vinha sendo constantemente ameaçada por um grupo de criminosos serviu de estopim para que a polícia descobrisse uma rede que funcionava por empréstimos cobrados a juros e violência.
Um ano e meio depois, a Polícia Civil confirmou nesta segunda-feira (25) a prisão de um suspeito que na época da ofensiva fugiu do Mathias Velho para se esconder, a fim de evitar a prisão, no Rio Grande do Norte.
Segundo o delegado Marco Guns, titular da 1ª Delegacia de Polícia (DP) de Canoas, o suspeito de 30 anos teria inclusive invadido um apartamento no bairro Guajuviras e apontado a arma para a cabeça de uma criança autista como forma de ameaça.
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Ele seria “funcionário” de uma empresa que usava fachada de “segurança privada” para circular livremente pelos bairros Harmonia, Mathias Velho e Guajuviras, e assim conseguir cobrar “devedores”, sem levantar suspeitas.
“O preso invadiu um apartamento no bairro Guajuviras, apontando a arma de fogo para a cabeça de uma criança autista de 10 anos e uma idosa com 75 anos”, aponta Guns. “Ele ameaçou matar todos na casa se as dívidas, que nem existiam, não fossem pagas.”
Conforme o delegado, o suspeito capturado integrava uma célula da organização com outros quatro criminosos. Três já estão na cadeia, no entanto, outros dois seguem como foragidos do sistema prisional.
“Todo o esquema está associado ao tráfico de drogas e entorpecentes”, reforça o delegado. “Os criminosos emprestam dinheiro e posteriormente cobram juros exorbitantes que depois serão empregados na compra de ilícitos”.
Tortura psicológica
Conforme explicado pela Polícia Civil, a origem das cobranças se dá pela contratação de empréstimo com agiotas que, após receberem valor muito acima do já contratado, repassam a dívida, não mais existente, para integrantes dos identificados grupos de cobrança, que passam a exigir dinheiro das mais aleatórias vítimas.
“Há sempre o constrangimento e ameaça às vítimas, executados de forma violenta, com permanentes mensagens contendo graves ameaças, depredação de patrimônio e disparos de armas de fogo contra residência”, aponta. “Tudo baseado em dívidas inexistentes ou já pagas.”
Barbearia queimada e sequestro
Na manhã de 27 de janeiro de 2023, criminosos armados invadiram uma barbearia no bairro Harmonia e, ignorando até mesmo a presença do proprietário e clientes dentro do estabelecimento, atearam fogo no local como uma ameaça devido à suposta dívida que o dono teria com criminosos. Coube às pessoas apenas correr para tentar fugir das chamas.
“Houve até o sequestro de uma pessoa na época, levada até a Prainha do Paquetá, como ameaça de que seria morta, caso não pagasse”, lamentou Guns na época, ao exemplificar o tipo de violência usado pelo grupo para coibir as vítimas.
Captura
A prisão preventiva deste início de semana ocorreu em trabalho conjunto entre a Polícia Civil gaúcha e policiais do Rio Grande do Norte. O homem foi encontrado em Extremoz, na região metropolitana de Natal.
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