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BARBÁRIE NA GALERIA CENTRAL

Amigo íntimo da acusada de matar a filha de 7 anos pode revelar detalhes do crime

Homem frequentava o apartamento onde a criança morava e foi assassinada pela mãe, que segue hospitalizada sob custódia policial em Novo Hamburgo

Publicado em: 13/08/2024 às 06h:27 Última atualização: 13/08/2024 às 09h:19
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Presa por matar com nove facadas a filha Anna Pilar Cabrera, de 7 anos, Kauana Nascimento, 31, tem um amigo íntimo que pode ajudar a desvendar o crime. O homem de 36 anos era visita frequente no local do homicídio, um apartamento do terceiro andar da Galeria Central, no Centro de Novo Hamburgo, onde Anna e a mãe moravam.

Anna Cabrera tinha 7 anos | abc+



Anna Cabrera tinha 7 anos

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Ele se comportou de maneira controversa quando profissionais da saúde e policiais foram à ocorrência, por volta das 18h30 de sexta-feira (9). Perguntado sobre a relação que mantém com a mãe da vítima, falou que era “só um amigo”. Também teria dito que não sabe nem ouviu nada porque usa fone de ouvido. Ele mora perto.

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No entanto, na hora em que Kauana foi colocada na ambulância, conforme testemunhas, ele chegou a entrar no veículo e sentar ao lado da maca para acompanhar a remoção ao Hospital Municipal. Questionado novamente se é da família ou alguém mais próximo, reiterou ser apenas “um amigo”. Então foi convidado a se retirar da ambulância. O corpo de Anna ainda estava no corredor, perto do apartamento.

O homem deve ser ouvido pela Delegacia de Homicídios no decorrer da semana. É considerado testemunha-chave para se entender por que, como e exatamente quando a criança foi assassinada. Detalhes cruciais que a confissão da mãe não esclarece.

“Mãos dadas”

“Eles (Kauana e o amigo) saíam juntos, de mãos dadas com a menininha, ao supermercado, farmácia, praça. Com certeza tinham uma relação bem próxima, mas nunca foram vistos se beijando ou assumindo um namoro, por exemplo”, relata uma pessoa conhecida da família. Assim como Kauana, o “amigo” é separado e tem uma filha pequena.

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As roupas ensanguentadas, o celular e um tablet da acusada foram apreendidos para perícia. A análise do telefone pode trazer informações conclusivas à investigação. Mesmo que mensagens tenham sido apagadas, peritos conseguem recuperar o conteúdo.

De luto, escola de Anninha não abriu

A Escola Municipal São Jacó, no bairro Hamburgo Velho, não abriu nesta segunda-feira (12) em luto por Anninha. O crime chocou e pegou de surpresa principalmente os professores, pois não havia sinais ou histórico de violência doméstica contra a aluna.

Escola São Jacó esteve fechada nesta segunda-feira (12) | abc+



Escola São Jacó esteve fechada nesta segunda-feira (12)

Foto: Dário Gonçalves/GES-Especial

Pelo contrário. A impressão é que a menina era bem cuidada e amada pela mãe, que participava ativamente das atividades escolares com a filha. Uma psicóloga foi escalada para orientar os professores sobre como tratar o assunto com os coleguinhas de Anninha. As aulas serão retomadas nesta terça-feira (13).

relação afetuosa entre mãe e filha é compartilhada também pelos vizinhos da Galeria Central, conforme revelado pela reportagem na noite de sexta-feira. Kauana foi descrita como simpática e educada com todos. Anninha, uma menina sorridente, que cumprimentava os moradores do prédio com abanos, palavras carinhosas e olhar meigo.

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“Ninguém aqui poderia imaginar uma tragédia dessas. Está todo mundo consternado. Eram benquistas por todos. Essa menininha querida veio para cá bebê e cresceu aqui no prédio”, relata um dos mais antigos moradores logo após o assassinato da criança.

Um crime sob relatos estarrecedores

O prédio da Rua Joaquim Nabuco, conhecido pelas galerias comerciais no térreo, é formado por apartamentos nos dois pavimentos superiores. Foi no terceiro andar, às 18h15, que pedidos de socorro apavoraram a parte residencial.



Moradores saíram correndo de casa para ver o que era e se depararam com uma vizinha deitada no chão do corredor, abraçada à filha. As duas estavam ensanguentadas, com um rastro que vinha do apartamento delas. “Socorro. Alguém me ajuda”, repetia a mulher.

“Eram gritos muito altos”, conta a primeira vizinha a chegar. Ela faz um relato com informações cruciais sobre o crime: “Eu peguei no pulso da criança. Estava gelado. O corpo já estava rígido. O sangue estava seco nas roupas”. Ou seja, a menina não teria sido morta naquele momento. No entanto, nada de anormal foi percebido no apartamento no decorrer da tarde.

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Com mais moradores no entorno, chamando Samu e Polícia ao mesmo tempo, a mãe tentava explicar a morte da filha: “Ela caiu da escada”. Quando os socorristas chegaram, todos viram que a versão da mulher, até então duvidosa pela quantidade de sangue, era impossível. Os profissionais de saúde constataram perfurações profundas na criança, principalmente no tórax e abdômen. A mãe também tinha pelo menos uma lesão de faca, no meio do peito.

“A porta do apartamento estava entreaberta. Vimos que estava tomado de sangue, no chão, na cama e até no pegador da geladeira”, acrescenta a vizinha. O pai da menina, o argentino Andrès Cabrera, 42, foi avisado. Chegou em seguida e entrou em desespero. “Não pode ser!”, dizia, com as mãos na cabeça. Ele estava separado de Kauana.

Anna foi enterrada na manhã de domingo (11) no Cemitério Municipal. Um Dia dos Pais desolador para Cabrera. Autuada em flagrante na sexta à noite e com preventiva decretada no domingo, Kauana segue hospitalizada sob custódia policial. Ela teria tentado o suicídio após matar a filha.

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