Fogos são o temor dos cães durante as festas da virada do ano

Itens esperados nas festas e celebrações de ano-novo, os fogos de artifício são motivos de satisfação para uns, mas também de tormento para outros, especialmente os cães. Com a audição muito mais potente que os humanos, os cachorros sofrem com o barulho. Mesmo proibidos por lei em diversos municípios, fogos de artifício com estampidos seguem sendo usados. Em São Leopoldo, por exemplo, a proibição ocorre desde 2019. No Natal, os artefatos fizeram parte de muitas comemorações.

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Moradora do Centro leopoldense, Lídia Cecatto teve uma amostra do que a aguarda na virada do ano. Voluntária da causa animal e fundadora do Grupo Coração Vira-Lata, Lídia tem em casa 16 cães. Dentre eles, segundo Lídia, pelo menos duas cadelinhas têm pavor dos fogos. "Uma delas fica muito apavorada. Agora no Natal passou mal, tremia muito e babava, era a coisa mais triste", lamenta.

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Para amenizar o sofrimento do animal, Lídia conta que usou de algumas estratégias, que costuma repetir todos os anos. "Além de ficar abraçada a ela, fazendo carinho, tranquei a porta e deixei eles dentro de casa, com ventiladores ligados e com o rádio com o volume bem alto para tentar abafar o som da rua", recorda. No domingo (31), Lídia deve repetir a tática.

Desnecessário

Conforme Lídia, por conta do pânico que os fogos causam aos animais, ela passou a temer datas comemorativas. “Acaba nos abalando emocionalmente. Dias que eram para ser festivos nos causam angústia e até raiva, por vermos todo o sofrimento que causam aos animais. Sempre penso muito também naqueles animais de rua, que não têm como se proteger”, diz. Para ela, os fogos com barulho são desnecessários. “Além de todo o problema que causam, é como queimar dinheiro para aqueles que os compram.”

Fugas e atropelamentos como resultados

Para escapar dos fogos, muitos cães acabam fugindo de casa e até sendo atropelados nas ruas. Isto foi o que aconteceu com o cachorro de estimação da esteticista Angélica Cruz, 35 anos, na madrugada do dia 1º de janeiro de 2022. Atordoado com o barulho, o vira-lata Pitoco saltou do colo de Angélica e correu para a rua passando pelo portão, que estava aberto.

Acabou sendo atingido por um carro, na frente de casa. “Foi a cena mais triste. Estragou o que era para ser uma noite de celebração”, recorda. “Ele ficou completamente transtornado, tanto que mesmo que eu o estivesse segurando no colo, ele não se sentia protegido”, lamenta. Titular da Secretaria Municipal de Proteção Animal (Sempa), Walter Verbist, orienta que, além de manter o animal em ambiente seguro, colocar chumaços de algodão nas orelhas também pode ajudar.

“Lei é de difícil fiscalização”, diz secretário

Em São Leopoldo, a lei 8.937, de 17 de janeiro de 2019, que teve novos artigos inseridos em 2022, proíbe a comercialização, distribuição, manuseio, utilização, queima e soltura de fogos de artifício e artefatos pirotécnicos que possuem estampido no âmbito da área urbana do Município. A pena é de multa de 100 UPMs (Unidade Padrão do Município) à pessoa jurídica que descumprir a legislação e de 50 UPMs para a pessoa física que a descumprir.

Em 2022, o valor da UPM em São Leopoldo é de R$ 5,42. Para o secretário Walter Verbist, a lei é “de difícil fiscalização”. “Não tem como a gente responsabilizar diretamente, a não ser que alguém filme e identifique quem é a pessoa que está soltando os fogos”, diz. Denúncias podem ser feitas no 2200-0448.