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OPINIÃO

Uma nova sessão de O Exorcista 50 anos depois

Franquia busca a ressurreição com uma nova trilogia que começa com o filme O Devoto

Guilherme Schmidt
Publicado em: 13/10/2023 às 21h:12 Última atualização: 25/10/2023 às 16h:14
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Exatos cinquenta anos depois, a franquia O Exorcista segue rendendo. Os estúdios da Universal investiram 400 milhões de dólares para ter o direito de ressuscitar a história da possuída Regan, que marcou os filmes de terror no cinema mundial.

Dose dupla de meninas possuídas em  O Devoto



Dose dupla de meninas possuídas em O Devoto

Foto: Divulgação

Mas a volta não é como um remake, e sim como uma espécie de “sequência” com novas possessões após a demoníaca história dirigida em 1973 (com direito aos Oscar de Melhor Roteiro Adaptado e Som, além dos Globos de Ouro de Melhor Filme e Direção) por William Friedkin, cineasta que inclusive morreu há dois meses, aos 87 anos.

E a aposta agora é uma trilogia, inclusive já com data anunciada para a segunda parte (The Exorcist: Deceiver – algo como o “enganador”): abril de 2025.

Na direção desta empreitada está David Gordon Green, também responsável pela nova trilogia da franquia Halloween. Ou seja, o cineasta norte-americano virou o novo queridinho dos filmes de terror, ou melhor, da ressurreição de famosas séries do gênero.

Novo tom

Apesar da força da franquia O Exorcista (que teve já outros quatro filmes derivados nestes últimos 50 anos), O Devoto derrapa no roteiro e na linha a ser adotada, uma “nova” visão do exorcismo que reflete os dias atuais de ceticismo e hipocrisia, sem falar na fé cega do “eu posso”.

Se no primeiro Exorcista tínhamos uma menina possuída, agora são duas. Após ficarem sumidas por alguns dias, as adolescentes Angela e Katherine retornam “diferentes”. Violentas e atrevidas de uma forma que os pais nunca viram. E aí a saída é buscar entender o que aconteceu.

Primeiro se busca a cura através da psiquiatria e, é claro, quando a solução não é encontrada, entra em cena o sobrenatural. É a deixa para visitar o passado e trazer à cena a mãe da possuída Regan, Chris MacNeil, vivida pela experiente atriz Ellen Burstyn, indicada ao Oscar e ao Globo em 1973 pelo seu papel em O Exorcista original que fez muita gente virar a cabeça de medo.

É essa mãe atormentada do passado que se torna agora a chance de salvação das meninas, vendo nelas um reflexo da sua filha possuída (logicamente que não faltam referências) para exorcizar os demônios após meio século das visões horríveis de vômitos, giros de cabeça e desfiguração corporal e facial da adolescente possuída.

Só que nesta nova trilogia a Igreja Católica e seus padres exorcistas dão lugar a uma outra linha de combater o demônio. A franquia deixa a religião como um segundo plano no rito da fé, algo também abordado nestes tempos de caos. É do tipo não importa sua religião, mas sim a fé no bem contra o mal. “Qualquer um” pode exorcizar, desde que tenha fé…

Pode parecer uma premissa interessante, mas se o filme acerta em momentos tensos de terror, parece errar na condução e no desapego religioso (no sentido de se refugiar nos ritos da igreja), distanciando-se da obra original, apesar de buscar nela sua força.

Como as críticas não têm sido muito favoráveis, a Universal já rediscute o roteiro da parte 2. 

Bom, certamente terá tempo – afinal são quase dois anos até o lançamento da parte 2 – para exorcizar os demônios deste primeiro duvidoso passo da ressurreição da franquia.

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