CATÁSTROFE NO RS

Tragédia do Vale do Taquari exige ampla revisão dos protocolos de prevenção, alerta e socorro a atingidos pelo clima

Passada uma semana da noite de horror em cidades como Muçum e Roca Sales, é hora de avaliar o que está bom e o que precisa melhorar

Publicado em: 11/09/2023 21:52
Última atualização: 25/10/2023 15:55

A tragédia que devastou Muçum e Roca Sales, no Vale do Taquari, completa uma semana na noite desta segunda-feira (11). Por volta das 22 horas daquele dia 4, emissoras de rádio da região já transmitiam relatos dramáticos de moradores pedindo socorro. Muitos estavam em cima dos telhados, de onde só sairiam a partir da manhã de terça-feira (5).


Muçum foi uma das cidades mais atingidas pela enchente da semana passada Foto: Mauricio Tonetto/Secom

Com o atendimento emergencial às comunidades em andamento e em meio a uma imensa onda de solidariedade, talvez já seja hora de o poder público começar a analisar profundamente o que aconteceu e o que precisa mudar no monitoramento das chuvas, nos alertas e no auxílio às comunidades. Não se trata se achar culpados, mas sim de tentar evitar novas tragédias. É evidente que podemos melhorar.

Na aviação, por mais dolorosos que sejam, os "acidentes" sempre ensinam. Sempre! E uso acidente entre aspas porque acidente mesmo é raríssimo. Normalmente há uma cadeia de fatores – de influência mecânica, humana ou seja lá qual for – que levam à queda de um avião. O caminho é o mesmo aqui ou no outro lado do mundo: esmiuçar o que aconteceu para, a partir daí, promover as melhorias necessárias.

A sociedade gaúcha não pode deixar de aprender com a enchente catastrófica do Rio Taquari. É preciso cobrar das autoridades uma ampla discussão sobre o assunto. Perguntas em aberto precisam ser respondidas. Já estamos sob influência do fenômeno El Niño que, segundo a meteorologia, se aproxima do que enfrentamos entre 2009 e 2010.

Naquele verão, a cheia do Rio Jacuí arrastou uma ponte em Agudo, no Centro do Estado. Pessoas que estavam às margens da rodovia fazendo registros da enchente morreram. Na semana passada, momentos antes de uma ponte quase centenária ser arrastada pela água entre Farroupilha e Nova Roma do Sul, motoristas se arriscavam atravessando de um lado a outro. Se não aprendemos nada com 2010, que tal aprender agora?

A régua infelizmente subiu. Os acontecimentos do Vale do Taquari nos colocaram em um novo padrão de tragédia climática e, sendo assim, protocolos de prevenção e atendimento a urgências precisam ser revistos. Como vimos, a informação está aí. O que precisamos é utilizá-la de forma mais eficiente. Já será um bom começo.

Gostou desta matéria? Compartilhe!
Matérias Relacionadas