COTIDIANO
Todos acham que sou macho
Mili quase sempre é confundida em seu gênero
Não se apoquentem. A frase não é minha. É da minha companheira de cela, minha cachorra. Forte, de pelo brilhante, musculada e negra como o breu, Mili quase sempre é confundida em seu gênero. Muito dada, não nega carinho e lambidas a ninguém. Como diz aquela canção, ela só pensa em beijar, beijar, beijar, beijar...
Mas ela fala, indagaria um neófito caninófilo. Não no nosso idioma, mas consegue se expressar eficientemente. Já vinha manifestando essa indignação com a interpretação equivocada de pedestres e transeuntes. Coisa chata, murmurou.
Mili tem um instinto bom. Carinhosa e dona de olhares significativos e eloquentes para os humanos. Solidária. Obediente apenas quando não é desobediente. Mas cabe a nós relevar. Esse negócio de treinar, já foi abandonado pelos especialistas mais atualizados de RH, que não usam mais esse verbo e sim, preparar. Aperfeiçoar. Até que ponto deveríamos remover as mais espontâneas demonstrações de carinho e interação desses amados?
Na convicção ciumenta de que um gato pode aparecer a qualquer hora para compartilhar seu espaço físico e afetivo, já adotou hábitos felinos, como passar repetidas vezes pelas pernas da gente, deixando o corpinho deslizar em sua pelagem num contato epidérmico, para marcar presença tangível a cada instante.
Convive de boa com suas irmãs de diferentes faixas etárias, mas não aprecia a exclusividade de amores meus, para com nenhuma delas. Se um gato vier, vai alegar que não gosta dele por questões raciais. No fundo, ela não quer dividir nem compartilhar. Um tanto egoísta, a Mili, impermeável a julgamentos.
Não se apoquentem. A frase não é minha. É da minha companheira de cela, minha cachorra. Forte, de pelo brilhante, musculada e negra como o breu, Mili quase sempre é confundida em seu gênero. Muito dada, não nega carinho e lambidas a ninguém. Como diz aquela canção, ela só pensa em beijar, beijar, beijar, beijar...
Mas ela fala, indagaria um neófito caninófilo. Não no nosso idioma, mas consegue se expressar eficientemente. Já vinha manifestando essa indignação com a interpretação equivocada de pedestres e transeuntes. Coisa chata, murmurou.
Mili tem um instinto bom. Carinhosa e dona de olhares significativos e eloquentes para os humanos. Solidária. Obediente apenas quando não é desobediente. Mas cabe a nós relevar. Esse negócio de treinar, já foi abandonado pelos especialistas mais atualizados de RH, que não usam mais esse verbo e sim, preparar. Aperfeiçoar. Até que ponto deveríamos remover as mais espontâneas demonstrações de carinho e interação desses amados?
Na convicção ciumenta de que um gato pode aparecer a qualquer hora para compartilhar seu espaço físico e afetivo, já adotou hábitos felinos, como passar repetidas vezes pelas pernas da gente, deixando o corpinho deslizar em sua pelagem num contato epidérmico, para marcar presença tangível a cada instante.
Convive de boa com suas irmãs de diferentes faixas etárias, mas não aprecia a exclusividade de amores meus, para com nenhuma delas. Se um gato vier, vai alegar que não gosta dele por questões raciais. No fundo, ela não quer dividir nem compartilhar. Um tanto egoísta, a Mili, impermeável a julgamentos.
Mas ela fala, indagaria um neófito caninófilo. Não no nosso idioma, mas consegue se expressar eficientemente. Já vinha manifestando essa indignação com a interpretação equivocada de pedestres e transeuntes. Coisa chata, murmurou.