OPINIÃO

Taquari: o rio da minha vida deixará recordações de dor, desalento e luto

Publicado em: 13/09/2023 07:00
Última atualização: 25/10/2023 15:56

Passei a infância e adolescência em torno do Rio Taquari. Nasci em Arroio do Meio, devastada pela enchente. Em Porto Alegre há 40 anos, visito e mantenho laços com velhos amigos de colégio, do futebol e reunião dançante, pelos grupos de WhatsApp.

Nos últimos dias, a troca de fotos antigas e de músicas de discoteca mudou. Há uma semana só recebo imagens devastadoras. As cheias que atingiram o Vale do Taquari foram "democráticas". A força da água não destruiu apenas imóveis de zonas ribeirinhas. A cheia sitiou a cidade, atingindo locais considerados inatingíveis.


Cidades do Vale do Taquari foram destruídas na enchente de 4 de setembro Foto: Mauricio Tonetto/Secom

Desde piá convivo com enchentes. Lembro os meus avós sempre falando da "enchente devastadora de 1941", um marco na história do Estado para milhares de famílias. Na infância morei no interior de Arroio do Meio. Com a minha irmã cumpria o trajeto de dois quilômetros até a escola a pé, com barro, poeira ou pisando na geada. Perto da entrada da cidade havia um açude. Em época de enchente o nível subia e impedia de irmos às aulas.

Outra recordação é a tradicional "enchente de São Miguel", padroeiro comemorado em 29 de setembro. São Pedro, porém, antecipou a destruição da região. Quando redijo esta crônica faz muito calor. Há perspectivas nada alvissareiras para esta semana, com previsão de mau tempo. E com o "combo completo": chuva forte, ventos e granizo, tudo em solo encharcado. O quadro é de possível agravamento deste drama que enlutou famílias com perdas humanas e materiais. O Rio Taquari, que embala as lembranças de pescarias de lambaris e banhos de verão, deixará recordações de dor, desalento e luto.

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