Desde sempre, conheço de perto a discriminação e todos os preconceitos que entravam e por isso impedem as conquistas que as pessoas negras têm o direito de alcançar. Fui batizado por um casal de negros. Meu padrinho, um pedreiro, e a madrinha, uma costureira, os melhores amigos de meus pais. O Negro Mada e a Negra Olinda, assim eram conhecidos. Meu Dindo e minha Dinda. E não poucas vezes, nos primeiros anos da infância, ouvi coleguinhas me indagarem: “Por que teus padrinhos são negros?”
E o 13 de maio, de uma abolição mentirosa, nada significava? Percebi muito cedo que a Lei Áurea só favorecia os ricos senhores, donos de escravos. Foi um expediente que visava livrarem-se dos escravos, pagando nada.
Quis a vida ensejar-me a honra de conviver e ser colega na escola, na faculdade e na profissão, de Antônio Carlos Côrtes, negro gaúcho e signatário do manifesto que terminou por estabelecer a data de 20 de novembro, em homenagem a Zumbi dos Palmares, como o Dia da Consciência Negra. Data destinada a chamar a atenção dos brasileiros quanto ao preconceito e convidar a Pátria a repudiar toda a barbárie cometida contra a negritude.
Peço a atenção de todos, para a observação de princípios que inspiram a resistência negra e que deveriam ter gerado políticas públicas para a inclusão social do negro com efetividade.
Não sou iconoclasta. Não desconheço os episódios de maio de 1888, mas acompanho 20 de novembro com integração plena e lembrar Zumbi é mais condizente com o que ainda se busca para sermos todos iguais. De verdade.
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